quarta-feira, 8 de julho de 2020

O BRASIL NÃO ESTÁ CONDENADO AO FUNDO DO POÇO MAS TEM DE, O QUANTO ANTES, REDEFINIR AS SUAS PRIORIDADES – 2

(continuação deste post)
Para isto teríamos de aproveitar as nossas potencialidades de país-continente, com baixa densidade demográfica relativa; e, tão logo se evidencie a impossibilidade de aumento do déficit público em razão de uma sustentação financeira patrocinada por emissão de moeda sem lastro e endividamento estatal diante da paralisia econômica, desencadearmos um movimento que aproprie as nossas riquezas materiais em favor do povo brasileiro. 

Tal medida irá diretamente contra a ideia ministerial de vender tudo que pudermos para sanar o desequilíbrio fiscal. 

Já, já, prolongando-se a crise sanitária e correspondente distanciamento social, restará inviabilizada a continuidade dos míseros benefícios concedidos pelo Estado à população brasileira carente, desempregada ou subempregada. 

Mas, há males que vêm para o bem, se soubermos aproveitar as potencialidades que a dialética do movimento pode nos proporcionar no sentido da superação das crises. 

O Brasil é um dos raros países com autossuficiência de recursos materiais, de vez que possuímos em abundância os três requisitos básicos para a autossustentação populacional: energia, alimentos e água.

No quesito energia, temos capacidade de produção de energia elétrica a partir dos nossos recursos hidráulicos, eólicos e fotovoltaicos, como também pela combustão fóssil (em razão das nossas reservas petrolíferas). Mas, devemos abandonar paulatinamente esta última, porque polui atmosfera, rios, mares e subsolo.

No quesito alimentos, hoje, somos um dos celeiros do mundo, graças à nossa produção de soja, milho, feijão, algodão, carne bovina, suína e avícola, que exportamos para o mundo com valor bem diferenciado dos insumos tecnológicos e medicinais (os quais compramos por preços superdimensionados).

No quesito água, problema mundial em razão do aquecimento global e do mau uso ecológico que provoca a sequidão e a contaminação aquífera (vide caso recente do Rio de Janeiro), somos campeões de reservatórios da dita cuja, seja na superfície amazônica, no pantanal, nos muitos rios que cortam o Brasil de leste a oeste, ou, ainda, no subsolo. 

Fomos privilegiados pela natureza com esse elemento químico que representa a vida e sem o qual inexiste opção de sobrevivência humana, animal ou vegetal. 
Assim, ainda que venhamos a sofrer as consequências de uma ordem econômica mundial segregacionista que impõe à periferia dos países capitalistas condições draconianas de sobrevivência, e que vejamos a penúria instalar-se nos lares brasileiros, nada estará perdido: tal condição poderá ser o gatilho para a nossa verdadeira independência e pujança vital.

Dando, em nome do povo brasileiro, um fim à apropriação dos nossos recursos materiais e abandonando o critério de mensuração econômica e direito de propriedade segregacionista, poderemos instalar o reino da prosperidade, resolvendo problemas seculares como o habitacional, o da alfabetização e o da subnutrição (Boçalnaro, o ignaro, diz que a fome não que não existe, mas basta irmos à casa de um trabalhador desempregado para ver que se trata de mais uma lorota de um mentiroso contumaz).

E, ao invés de sermos vistos como arrogantes e indiferentes ás agruras de outros povos, passaremos a servir-lhes de exemplo comprovatório da viabilidade de trocas não quantificadas pela forma-valor, mas baseadas nas necessidades de cada país e nos seus excedentes de produção (em razão das potencialidade naturais de cada um); a nossa carência de trigo, p. ex., poderá ser superada com uma produção fora dos padrões de custos de produção, ou por meio das trocas não quantificadas pelo dinheiro.

É o que o gatilho do coronavírus está a provocar e que tanto tem atormentado os donos do capital e seus representantes políticos: a explicitação de que a lógica do capital é genocida e escravista, e de que podemos substituí-la por modos de produções sociais coadunados com a realidade humanista que deve prevalecer no século 21.

O Brasil tem jeito, mas é de outro jeito. (por Dalton Rosado)

Um comentário:

SF disse...

Dois expoentes da literatura pátria já expressaram o seu desencanto com a impossível pobreza brasileira.
Lima Barreto com o seu Policarpo Qiaresma e a síntese mais perfeita do fenomenal atraso tupiniquim feita por Mário de Andrade.
-"Pouca saúde e muita saúva, os males do Brasil são".

Até Raul já comprou um sítio no sertão de piritiba...

Mas sonhar não custa nada.

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