O capitalismo deve acabar com estrondo, não com um suspiro... |
Tudo que Marx vaticinou em termos de crítica da economia política está realmente ocorrendo, e com um nível de acerto impressionante!
Ainda mais se levarmos em conta que suas previsões foram feitas há cerca de 160 anos, quando a máquina a vapor estava iniciando a mecanização da produção e nem sequer existia a energia elétrica (muito menos a penicilina, que é de 1928).
Mesmo que Marx não haja previsto problemas contemporâneos como a agressão ambiental ecológica, e o aquecimento planetário, e tenha errado quanto à ditadura do proletariado, em todas as questões atuais da debacle capitalista há uma abordagem científica premonitória de sua lavra.
Existe um certo constrangimento do mundo burguês, e até da esquerda adepta da humanização socialista do capitalismo, em reconhecer os acertos de Marx, posto que tal aceitação implica a mudança de posição diante de algo ele sempre definiu como tese básica: é o modo de produção social aquilo que define o caráter da sociedade.
Daí o fato de não se dar a Marx o crédito que merece, para fazer ressurgir concepções econômicas burguesas que, face às evidências de insustentabilidade do capitalismo, plagiam suas teses e as modificam com conclusões e soluções diferenciadas das do grande teórico da crítica do valor.
É o caso do ressuscitar do mais novo guru da economia socialista-burguesa, o conhecido e antigo economista burguês tcheco Joseph Schumpeter, falecido em 1950.
A tese schumpeteriana de destruição criativa capitalista nada mais é do que uma reformulação da concepção marxiana do darwinismo capitalista, segundo a qual o sistema concorrencial de mercado, no qual se digladiam os ditos cujos em busca de melhor qualidade por menor custo de produção para as suas mercadorias, leva:
— a uma concentração da riqueza;
— à destruição dos empregos (a força de trabalho substituída pelas máquinas); e,
— enfim, à superexploração dos trabalhadores.
Afirma Schumpeter que a redução de custos e preços das mercadorias, que oportuniza o consumo em larga escala pela população, representaria o fim do capitalismo (?!). É que, absurdamente, ele deduz que tal procedimento cria uma expectativa social de consumo nociva.
Ora, primeiramente devemos levar em consideração que a redução de custos, valor e preços das mercadorias, antes de representar um acesso maior ao consumo (factível ao grupo populacional sub-empregado, que assim mesmo se vê privado do consumo de alguns outros bens indispensáveis como habitação, saúde, etc.), representa, também, a perda total de capacidade de consumo de uma grande parcela da população que, desempregada, nada pode comprar.
Assim, não é a elevação do nível do poder de consumo graças à redução de custos de produção aquilo que ocasiona e representa o fim do capitalismo (ideia bizarra), mas sim a perda total de capacidade de consumo por parte de grandes parcelas da população é que causa tal efeito, justamente numa sociedade que martela o tempo todo compre, compre e compre!.
Schumpeter, fiel à sua visão socialdemocrata do socialismo capitalista, defende a ideia, hoje ultrapassada, de que é possível haver controle da autofagia capitalista de mercado pelo Estado, e assim, confessa a sua incompreensão (oportunista ou ingênua) de que, sob o capitalismo, o Estado, concebido para protegê-lo, não poderia funcionar ao mesmo tempo como regulador do mercado.
Schumpeter, fiel à sua visão socialdemocrata do socialismo capitalista, defende a ideia, hoje ultrapassada, de que é possível haver controle da autofagia capitalista de mercado pelo Estado, e assim, confessa a sua incompreensão (oportunista ou ingênua) de que, sob o capitalismo, o Estado, concebido para protegê-lo, não poderia funcionar ao mesmo tempo como regulador do mercado.
Ora, o Estado burguês ou qualquer outro fundado no sistema de produção de mercadorias, que tem no mercado o seu altar de celebração, está incapacitado de atuar como instrumento de sua regulação eficaz por ser justamente dele que tira o seu sustento (pelos impostos daí derivados).
Por fim, Schumpeter defende a tese de que são os ciclos da economia e suas crises que impulsionam o desenvolvimento econômico e a superação dos impasses havidos.
A tese marxiana diz justamente o contrário, ou seja, afirma que são as contradições dos fundamentos capitalistas em processo que provocam as crises cíclicas, as quais são cada vez mais frequentes e mais agudas (como agora observamos!).
O surpreendente resgate das teses schumpeterianas pela BBC, fazendo-as parecerem algo novo à medida que alertam para a necessidade de medidas de humanização capitalista contra a concentração de renda e o desemprego estrutural, nada mais é do que o medo da adoção dos conceitos de produção social dissociados da tirania da forma-valor, que se constituem como fundamentos do que há de melhor em Marx e se evidenciem como o caminho inarredável a ser seguido.
É necessário termos dignidade de propósitos e humildade intelectual para reconhecermos a urgência de adotarmos um novo modo de produção que supere conceitualmente o capitalista, sem subterfúgios maquiadores de jeitinhos falsamente engenhosos que não nos levarão a nada. (por Dalton Rosado)
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