quarta-feira, 24 de junho de 2020

HÁ MAIS WEINTRAUBS A SEREM ENXOTADOS, COMO O RICARDO SALLES. AFORA O CHEFÃO DOS WEINTRAUBS, QUE JÁ VIROU UM ZUMBI

reinaldo azevedo
SE O COMUNISMO AMEAÇA CAPITALISMO NATIVO, NOSSO MAIOR COMUNISTA 
É BOLSONARO
O melhor que o capitalismo brasileiro poderia fazer em favor de si mesmo e do povo seria demitir Jair Bolsonaro. Mas isso não é coisa, se acontecer, que se faça da noite para o dia. 

Então, por ora, para se preservar de uma encrenca monumental, o país tem de botar na rua o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. 

Já não se trata mais de um risco. A questão chegou ao nível das advertências — e, pois, das ameaças: no caso, é a civilização ameaçando a barbárie, o que não deixa de ser um momento raro na história da humanidade. 

A verdade inequívoca é que a política ambiental é a principal fragilidade do Brasil quando este é submetido aos olhos do mundo que interessa. Na toada em que a coisa vai, investimentos externos tendem a ignorar o país, e o setor mais virtuoso de sua economia, o agronegócio, pode sofrer sucessivos golpes em razão da estupidez que reina na área. 

A referência da antipolítica ambiental do atual governo não é preservação do meio ambiente somada às virtudes do agronegócio de ponta. Tomam-se medidas para agradar madeireiros ilegais, invasores de terras indígenas e pistoleiros disfarçados de empreendedores rurais.                                                                                                       .
OS FUNDOS — Nesta 2ª feira (23), 29 fundos de investimentos que administram a bagatela de US$ 4,1 trilhões (R$ 21,6 trilhões) enviaram uma carta a sete embaixadas brasileiras –EUA, Japão, Noruega, Suécia, Dinamarca, Reino Unido, França e Holanda – pedindo uma reunião para discutir o desmatamento na Amazônia. 

Esses fundos acompanham o que acontece no país em detalhe. O documento especifica até número de expedientes legais que regularizam invasão de área pública e exploração de terra indígena e – ora vejam!  fazem referência explícita àquela intervenção indecorosa de Salles da reunião ministerial macabra do dia 22 de abril. 

Segundo o texto, as "declarações recentes do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que usou a crise da Covid-19 a fim pressionar pela desregulamentação ambiental", são um exemplo de "ameaça da desregulamentação das políticas de defesa do meio ambiente e dos direitos humanos no Brasil". 
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PARLAMENTARES EUROPEUS — Na 5ª feira (18), Rodrigo Maia, presidente da Câmara, recebeu uma carta de 29 integrantes do Parlamento Europeu que manifestam a sua preocupação com o que veem como uma escalada no país contra o Meio Ambiente. 

Os digníssimos integram a Comissão de Ambiente e comitês que tratam de agricultura e comércio exterior. Sem a concordância, entre outros, do Parlamento Europeu, não existe acordo Mercosul-União Europeia. Vai ver é precisamente isso o que querem os lunáticos que se dizem antiglobalistas. Vai ver o comércio internacional é prejudicial aos tradicionais valores do nosso povo, não é mesmo? 

Também nesse caso, a situação é acompanhada com lupa. Os eurodeputados citam como perigo ao meio ambiente e aos direitos humanos o PL 2.633, que trata da regularização de terras públicas invadidas; o PL 3.729, que muda regras de licenciamento ambiental, e o PL 191, sobre extração mineral em terras indígenas. 

E – claro! – também nesse caso, Salles, que envergonhou o Brasil na mais recente Cúpula do Meio Ambiente, é apontado como uma ameaça (o que, de resto, ele de fato é). 

Os parlamentares europeus pedem que seus congêneres brasileiros "ajam para manter e restaurar as leis e a estrutura necessária para proteger as florestas brasileiras e os direitos dos povos indígenas". 
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ENTIDADES — A terceira iniciativa é mais do que um puxão de orelha. Trata-se de uma ação prática. Cinco entidades internacionais de defesa do meio ambiente e dos direitos humanos – ClientEarth, Fern, Veblen Institute, FIDH e Fondation pour la Nature et l'Homme – apresentaram uma queixa à ombudsman da União Europeia pedindo a suspensão das tratativas do acordo do bloco com o Mercosul até que a questão ambiental no Brasil seja devidamente debatida. 

Eis aí: sob o pretexto de combater o comunismo e o globalismo, o governo Bolsonaro é hoje a maior ameaça ao capitalismo no Brasil, muito especialmente a seu setor mais dinâmico, o único que não foi à breca com a crise do coronavírus: o agronegócio. 

Os fundos de investimento chegam a citar nomes de empresas brasileiras que já estão sendo prejudicadas pela má reputação da política ambiental. E má reputação justificada. Também nessa área, o governo Bolsonaro mais se ocupou em destruir as políticas que estavam em curso do que em construir alternativas virtuosas. 

O Brasil tem uma bancada ruralista numerosa e influente. Cabe a seus membros decidir se apostam no fortalecimento do agronegócio ou se dão sustentação a uma política que ampara a pistolagem no campo, ameaçando as exportações brasileiras e os investimentos. 

MST? Não representa risco nenhum ao agronegócio. O nome do perigo, hoje, com reputação internacional já firmada, é mesmo Ricardo Salles. Que seja removido como medida imediata possível. Ou o país quebra a cara. 

Se o comunismo é mesmo uma ameaça ao capitalismo brasileiro, como querem os malucos, o maior comunista da nossa história se chama Jair Bolsonaro. (por Reinaldo Azevedo)
Toque do editor —  Numa ótica capitalista, o Reinaldo Azevedo está indiscutivelmente com a razão. Eu discordo, apenas, de que a remoção do Jair Bolsonaro não seja coisa que se faça da noite para o dia, pois tudo marcha para o presidente genocida não iniciar 2021 enverg(onh)ando a faixa presidencial.

Torço, juntamente com o Dalton Rosado, para que esteja iminente a superação do capitalismo, mas, embora se trate de uma tendência inexorável, conforme ele acertadamente diz, é impossível precisarmos quanto o sistema agônico ainda terá de sobrevida. 

E, enquanto não nos alçarmos a um degrau superior na trajetória da humanidade, é importante esforçarmo-nos para minorar o sofrimento dos mais vulneráveis e fragilizados, dos desempregados que vão às ruas todo dia em busca do que colocar na mesa familiar e muitas vezes voltam de mãos abanando, sem ter o que oferecer a suas crianças famintas.

O certo é que estamos entrando na pior depressão econômica da nossa História, mais terrível ainda do que aquela que lemos nos livros e vemos nos filmes, a da década de 1930, cujos efeitos foram mais devastadores na Europa e EUA do que aqui. 
Será, de novo, pelo menos uma década inteira de penúria. De acordo com as projeções capitalistas, somente lá por 2030 voltaríamos ao patamar econômico em que estávamos no início do século (mas talvez nunca voltemos a ele enquanto perdurar o capitalismo).

O certo é que a degola de ministros ensandecidos não será solução definitiva para nada e nem mesmo o afastamento do pior presidente da nossa História vai tornar o Brasil um mar de rosas. Mas, temos sempre de fazer tudo que pudermos para salvar vidas e minorar o sofrimento da nossa gente. O quanto pior, melhor é postura de fanáticos desumanos, não de revolucionários conscientes.

Neste sentido, livrarmo-nos de Salles e também de Bolsonaro são duas prioridades absolutas, duas providências inadiáveis. (por Celso Lungaretti) 

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