3. corrupção – atual se elegeu pegando carona na bandeira do combate à corrupção, historica e hipocritamente desfraldada pelo conservadorismo nas suas investidas rumo a poder. Se não, vejamos:
— o corvo Carlos Lacerda, na acumulação de forças para derrubar o Governo Vargas, acusava-o de ter-se tornado um mar de lama;
— a União Democrática Nacional, antecessora dos atuais partidos pretensamente restauradores da moral e dos bons costumes, sempre utilizou tal demagogia moralista como cavalo de batalha;
— os militares seguiram-lhes o exemplo ao derrubarem o governo constitucional de João Goulart, (tanto que o golpe de 1964 chegou a ser apregoado como uma revolução redentora), mas logo mostraram a que realmente vinham, prendendo arbitrariamente pessoas de bem, juntamente com contrabandistas e políticos sabidamente corruptos, como forma de se tornarem senhores absolutos do poder, e por aí vai.
Mas o governo do Boçalnaro, o ignaro, que retoricamente se apresentava como antípoda da velha política, já passou 17 meses sem jamais ter coibido as falcatruas do centrão no qual estão fincadas as raízes do presidente miliciano (outrora seguidor dos Malufs, Jeffersons e Costa Netos da vida), tendo, pelo contrário, esvaziado as ações do seu ex-ministro da Justiça Sérgio Moro de cunho pretensamente moralizador.
Após bilionários desvios de recursos, a Transamazônica, 47 anos após inaugurada, só tem 10% asfaltados |
As recentes declarações governamentais de que doravante não vai cumprir determinações processuais emanadas das competências jurisdicionais da mais alta corte do país por ele consideradas descabidas e causadora de constrangimentos a si e a seus filhos e parças, apenas explicita o que os perspicazes já sabiam: o governo tem um norte ditatorial que somente não se consubstancia porque a conjuntura e a correlação de forças desfavorecem suas pretensões.
Por considerar-se acima da lei e da ordem jurídico-institucional do país, ele quer evitar que o Legislativo e o Judiciário continuem dispondo de poder para anularem suas decisões desatinadas e inconstitucionais. Simples assim.
O quadro é assustador: aumento do desemprego, fuga de capitais, queda do PIB, deflação e inflação, aumento do dólar, etc.
Segundo o IBGE, nos dois últimos meses foram demitidos em torno de 5,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada, os quais, somados aos mais de 12 milhões anteriores, deve elevar esse quantitativo para o patamar de 17 milhões.
[Ou muito mais, se considerarmos a paralisia daqueles que estão no mercado informal de trabalho e não são contabilizados (é enorme a força de trabalho informal no Brasil, segundo o mesmo IBGE).]
Segundo o IBGE, nos dois últimos meses foram demitidos em torno de 5,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada, os quais, somados aos mais de 12 milhões anteriores, deve elevar esse quantitativo para o patamar de 17 milhões.
[Ou muito mais, se considerarmos a paralisia daqueles que estão no mercado informal de trabalho e não são contabilizados (é enorme a força de trabalho informal no Brasil, segundo o mesmo IBGE).]
Embora os números sejam acachapantes, não nos atingem tanto quanto a observação in loco do drama de um pai e uma mãe aptos ao trabalho mas de mãos atadas por um sistema insano que não lhes permite produzir, amiúde ameaçados de serem despejados de suas moradias toscas, impotentes diante de seus filhos famintos, maltrapilhos, a clamarem pelo alimento que lhes falta.
Mais do que nunca, ao invés de buscarmos empregos devemos é superá-los, substituindo-os por uma participação social na produção fora da ingerência do dinheiro e da propriedade, possibilitando que todos produzam e usufruam dessa produção.
Isto é perfeitamente possível, ainda que estejamos condicionados culturalmente (e de modo equivocado) a crer que somente se possa produzir algo com dinheiro.
Isto é perfeitamente possível, ainda que estejamos condicionados culturalmente (e de modo equivocado) a crer que somente se possa produzir algo com dinheiro.
O emprego, que é causa do desemprego por conta de sua lógica funcional contraditória, representa menor produção de valor; menor produção de valor representa mais pobreza sob o critério mercantil de relação social; menor valor representa a falência do Estado.
Daí os capitalistas somente sobreviverem (e, assim mesmo, com as horas contadas e como últimos a apagarem as luzes) até queimarem o último pedaço de toucinho de capital produzido pelo povo e indebitamente apropriado.
Daí os capitalistas somente sobreviverem (e, assim mesmo, com as horas contadas e como últimos a apagarem as luzes) até queimarem o último pedaço de toucinho de capital produzido pelo povo e indebitamente apropriado.
O capital internacional está batendo asas do Brasil, apesar do discurso liberal do ministro da Economia Paulo Guedes.
Segundo o Banco Central do Brasil, no ano de 2019 (antes da crise do coronavírus, portanto) cerca de US$ 62,2 bilhões se retiraram da economia brasileira. Isto quando um real valia ainda R$ 4,01 em relação ao dólar estadunidense.
Somente da nossa Bolsa de Valores escafederam-se cerca de US$ 44,5 bilhões, o que fez os índices caírem abruptamente, de 119 mil pontos para os atuais 87 mil pontos. Os investidores brasileiros viram as suas aplicações simplesmente se reduzirem em cerca de 27% do capital investido.
Nos meses iniciais de 2020, com a crise do coronavírus e o dólar sendo cotado em cerca de R$ 5,33, a fuga de capitais continua acentuada.
Exemplo do descrédito na economia foi o fracasso das vendas de concessões para exploração de petróleo na camada do pre-sal. Dos R$ 120 bilhões pretendidos de arrecadação, somente se realizaram cerca de R$ 70 bilhões, fato que contribuiu para a queda do real em relação ao dólar.
O PIB do Brasil, que já havia sido menor em 2019 (-1,1%) do que aquele de 2018, tem projeção rebaixada mês a mês, e já se prevê que possa chegar a -8% ou mais em 2020.
A fuga de dólares do Brasil se deve a fatores econômicos e políticos.
Dentre os fatores econômicos estão a depressão econômica mundial e a redução forçada das taxas Selic no Brasil que tornaram desinteressantes as aplicações financeiras pelas quais se obtinham ganhos fáceis de capital sem risco (ou aparentemente sem rico, pois isso não vai terminar bem).
O Brasil não poderia continuar com altas taxas Selic, que servem de balizamento para o pagamento de juros nos patamares existentes, tendo-se em vista a baixa inflação brasileira atual.
Com a emissão de moeda sem lastro para viabilizar o socorro de R$ 600 aos desvalidos do capitalismo, deveríamos ter uma inflação acentuada. Mas, ao contrário, estamos num processo de deflação, que é ainda pior do que a inflação, pois significa estagnação do sistema produtivo de mercadorias, que emperra quando não há compradores.
Acresça-se a isso o fato de que os produtos alimentícios estão subindo de preço, ou seja, temos uma deflação conjuminada com inflação de preços de alguns produtos básicos.
O PIB já caiu 1,5% no primeiro trimestre e para o segundo a queda projetada deverá ser muito maior. É mole? (por Dalton Rosado)
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