Ministro da Justiça e da Segurança Pública, Moro foi ao Ceará no sétimo dia do motim, sobrevoou teatralmente a cidade e disse o seguinte:
"Os policiais do país inteiro, não só do Ceará, são profissionais dedicados, que arriscam suas vidas, são profissionais que devem ser valorizados".
Falso. No país inteiro há policiais dedicados, mas ele estava em Fortaleza porque lá havia PMs amotinados, usando balaclavas, esvaziando pneus de carros e ameaçando colegas que trabalhavam. Do quartel do 3º Batalhão de Sobral partiram dois tiros que atingiram o senador Cid Gomes na sua coronelada pilotando uma retroescavadeira.
Moro já dissera que em Fortaleza havia um movimento paredista da polícia do estado.
Falso. O que havia no Ceará era um motim de PMs. Movimento paredista havia sido a greve de 20 dias dos petroleiros. Os operários cumpriram a lei e não esvaziaram pneus de ninguém.
O ministro da Segurança Pública disse também que não há uma situação de absoluta desordem nas ruas. No entendimento do tigre de Curitiba, as coisas estavam sob controle, num contexto relativamente difícil.
Miau. Desde o início do motim haviam sido assassinadas 170 pessoas no estado, uma a cada hora.
Moro mandou a Força Nacional de Segurança para o Ceará e o presidente Jair Bolsonaro decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem para o estado. Com essas medidas adequadas, o ministro da Segurança Pública podia pelo menos ter ficado calado.
Sua fala chegou ao limite da solidariedade com os amotinados. O ministro alinhou-se com um presidente da República que exibe uma biografia de amparo e silêncio diante dos motins do gênero. O cabo Sabino, tido como um dos líderes da rebelião, orgulha-se de ter organizado a primeira visita do deputado Jair Bolsonaro ao Ceará, em 2015. Ele é um exemplar do bolsochavismo.
Miau. Desde o início do motim haviam sido assassinadas 170 pessoas no estado, uma a cada hora.
Moro mandou a Força Nacional de Segurança para o Ceará e o presidente Jair Bolsonaro decretou uma operação de Garantia da Lei e da Ordem para o estado. Com essas medidas adequadas, o ministro da Segurança Pública podia pelo menos ter ficado calado.
Sua fala chegou ao limite da solidariedade com os amotinados. O ministro alinhou-se com um presidente da República que exibe uma biografia de amparo e silêncio diante dos motins do gênero. O cabo Sabino, tido como um dos líderes da rebelião, orgulha-se de ter organizado a primeira visita do deputado Jair Bolsonaro ao Ceará, em 2015. Ele é um exemplar do bolsochavismo.
A convocação de manifestações contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal reflete um projeto golpista recôndito na cúpula do bolsonarismo. Essa manobra relaciona-se com o uso da liberdade de manifestação para minar as instituições democráticas.
Já os motins de PMs são movimentos saídos da base bolsonarista e indicam algo mais profundo. Relacionam-se com a quebra sistemática da ordem legal e da hierarquia militar.
Os amotinados colocam a anistia como primeiro item de sua pauta. Desde 1997 já foram concedidas anistias em pelo menos 22 estados e no Distrito Federal. A cada motim segue-se uma anistia e a cada anistia segue-se outro motim.
Bolsonaro é o quinto presidente a fazer de conta que esse problema não existe.
Bolsonaro é o quinto presidente a fazer de conta que esse problema não existe.
No Ministério da Justiça, Sergio Moro pode ver os retratos de seus antecessores. Lá estão figuras como Miguel Seabra Fagundes, Milton Campos e Mem de Sá. Cada um à sua maneira soube deixar o cargo quando viu que as coisas iam mal.
Lá estão também Francisco Campos, Luís Antônio da Gama e Silva e Alfredo Buzaid. Estes ficaram, no remanso das ditaduras do Estado Novo e do AI-5.
Lá estão também Francisco Campos, Luís Antônio da Gama e Silva e Alfredo Buzaid. Estes ficaram, no remanso das ditaduras do Estado Novo e do AI-5.
2 comentários:
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Uma coisa boa de ler o Náufrago é que ele é uma boia de teórica num mar de mal entendidos.
Pelo que li do editor Celso e do brilhante marxista Dalton os motins são inevitáveis.
A guarda pretoriana de todos os tempos vem sendo a dor de cabeça para os governantes de estados escravagistas.
Como sentar a borracha no povo é a única resposta de tais governos aos problemas sociais criados pelo sistema que administram, eles acabam reféns da mão militar.
Achei brilhante o paralelo que o autor do texto fez entre os agentes de apoio ao governo atual mostrando que nada mudou.
Os atores mudam mais o enredo é o mesmo.
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Em tempo, cumprimento o Celso Lungaretti, pois os adblocks ficam serenos neste blog.
Isso é que é coerência.
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Cumprimento imerecido, companheiro. Não sou lá muito versado em novas tecnologias, então ignoro exatamente qual o porquê de não haver aqui aquelas chatas propagandas invasivas.
Mas, se o motivo for o de eu não ter autorizado publicidade no blog, bem, não faria sentido aceitar anúncios que decerto transmitiriam valores diametralmente opostos aos expressos nos posts. Dei preferência aos posts, claro.
Abs.
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