(continuação deste post)
Sob o capitalismo, a previdência social jamais terá solução satisfatória.
Somente a previdência privada sobrevive, posto que as relações mercantis tem regras contábeis rígidas e, para fechar a conta, tal benefício se transforma num excludente clube de ricos contribuintes que pagam para obter uma aposentadoria confortável num tempo predeterminado.
Passa, portanto, a ser um seguro personalíssimo – como o é a previdência privada dos bancos, somente acessível aos que podem pagar para tê-la (parecido com o sistema de capitalização proposto por Guedes).
Passa, portanto, a ser um seguro personalíssimo – como o é a previdência privada dos bancos, somente acessível aos que podem pagar para tê-la (parecido com o sistema de capitalização proposto por Guedes).
Para obter, por si mesma, uma equação financeira equilibrada, a previdência social coletiva dos trabalhadores (o chamado RGPS – Regime Geral de Previdência Social) implica:
— uma conjugação do aumento das contribuições previdenciárias incidentes sobre os salários cada vez mais combalidos;
— redução do valor das pensões quando das aposentadorias; e
— adiamento do acesso temporal a esse direito (em razão do aumento da longevidade dos trabalhadores como consequência dos avanços da medicina).
— uma conjugação do aumento das contribuições previdenciárias incidentes sobre os salários cada vez mais combalidos;
— redução do valor das pensões quando das aposentadorias; e
— adiamento do acesso temporal a esse direito (em razão do aumento da longevidade dos trabalhadores como consequência dos avanços da medicina).
Assim mesmo, esta equação, sob tais parâmetros, desequilibra-se nova e gradativamente à medida que aumenta o desemprego estrutural e decresce o número de contribuintes, provocando nova falência contábil do sistema.
Não adianta a esquerda institucional tentar (e isto apenas quando está fora do governo, não é, Lula e Dilma?) defender demagogicamente que se mantenham os ganhos previdenciários ao mesmo tempo em que defendem implicitamente a permanência das categorias capitalistas (trabalho abstrato, valor, dinheiro e mercadorias) em fase de explicitação das suas contradições endógenas.
O Estado, cuja existência é defendida por todos os partidos políticos que o sustentam, e que é cada vez mais deficitário no que se refere à sua função primordial de manter a (des)ordem capitalista institucional e e sua infraestrutura voltada para a produção de mercadorias, já não pode subvencionar o déficit previdenciário.
Assim, não adianta jogar demagogicamente para a torcida, pois tal retórica vai cada vez mais perdendo credibilidade e se evidenciando falaciosa.
Isto não significa que devamos aprovar as medidas de retirada de direitos como forma de ajuste fiscal previdenciário e estatal; mas devemos denunciar a sua impossibilidade de resolução a partir dos parâmetros capitalistas, o que implica, necessariamente, a superação destes últimos.
Nada mais exemplificador das teses de Marx sobre a tendência irreversível de redução do valor dos salários dos trabalhadores sob o capitalismo, e da sua própria extinção num ponto futuro (ora se aproximando), do que as análises atuariais da relação entre receitas e despesas da Previdência Social.
Isto não significa que devamos aprovar as medidas de retirada de direitos como forma de ajuste fiscal previdenciário e estatal; mas devemos denunciar a sua impossibilidade de resolução a partir dos parâmetros capitalistas, o que implica, necessariamente, a superação destes últimos.
Nada mais exemplificador das teses de Marx sobre a tendência irreversível de redução do valor dos salários dos trabalhadores sob o capitalismo, e da sua própria extinção num ponto futuro (ora se aproximando), do que as análises atuariais da relação entre receitas e despesas da Previdência Social.
Com a redução paulatina do nível geral da massa de salários dos trabalhadores, a equação matemática financeira da Previdência provoca, inevitavelmente, uma redução das pensões previdenciárias.
Se não houver com uma redução absoluta (diminuição do valor per capita das pensões) concomitante a uma redução relativa (diminuição do número de aposentados, principalmente com o aumento da idade de aposentadorias) nas relações de trabalho capitalista, a conta previdenciária social não fecha, prenunciando o colapso financeiro futuro dessa relação.
O capital dá ordens à política, que lhe é submissa; a solução é a superação de ambos.
O aumento do RGPS tem sido da ordem de 5,2% sobre os valores do ano imediatamente anterior, e para que essa equação fosse colocada em pé precisaríamos de um crescimento do PIB da ordem de 6% ao ano, o que nem de longe temos conseguido.
Este foi o motivo da imposição da recente reforma da Previdência Social no Brasil, alardeada mentirosamente como algo bom para a promoção de desenvolvimento econômico, sob uma argumentação tão ufanista quanto falsa, chegando a lembrar a campanha Ouro para o bem do Brasil, lançada na esteira do golpe de 1964.
Para se ter uma ideia do problema social representado pela insolvência do sistema de previdência social, o déficit continua aumentando, devendo passar de R$ 288,8 bilhões em 2018 para R$ 300 bilhões (previsão) em 2019.
O déficit orçamentário, principalmente quando se contabilizam os juros sobre a dívida pública, que são extorsivos, é duramente impactado pelo déficit previdenciário.
O quadro acima é também agravado pelo déficit do Regime Próprio de Previdência Social, que trata da aposentadoria dos entes públicos, que têm pensões equiparadas aos salários recebidos antes das aposentadorias.
O RPPS tem previsão de déficit da ordem de R$ 125 bilhões em 2019, R$ 19 bilhões dos quais são para pagar pensões militares. (por Dalton Rosado)
O RPPS tem previsão de déficit da ordem de R$ 125 bilhões em 2019, R$ 19 bilhões dos quais são para pagar pensões militares. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)
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