josias de souza
ENTREVISTA DO CAPITÃO REVELA QUE FILHO ESTÁ INDEFESO
Em nova entrevista no portão do Alvorada, Jair Bolsonaro falou sobre o drama criminal do seu primogênito [acusado de ter utilizado a loja de chocolates da qual é sócio para lavar o dinheiro sujo proveniente de um esquema de rachadinha]:
— desqualificou o Ministério Público e até o juiz do caso ("Como é que ele quebra 93 sigilos em cinco linhas?");
— acusou sem provas a filha do magistrado ("Parece que é funcionária fantasma");
— agrediu um repórter ("Você tem cara de homossexual"); e
— atacou a genitora de outro repórter ("Pergunta pra tua mãe").
O presidente estava tão preocupado em exibir o seu talento para a desqualificação que esqueceu de qualificar a idoneidade do filho. Atacou em vez de defender.
Com isso, potencializou a impressão de que Flávio Bolsonaro é o pior tipo de investigado. Um investigado indefeso.
Tão indefeso que recorreu novamente ao Supremo Tribunal Federal para tentar barrar o inquérito que trata o antigo gabinete do Zero Um na Assembleia Legislativa do Rio como sede de uma organização criminosa.
No único trecho da entrevista em que esboçou uma tentativa de defender o filho, Bolsonaro ofendeu a lógica. Comparou Flávio ao jogador Neymar para justificar o seu êxito na loja de chocolates em que ele efetua retiradas financeiras mais gordas do que as de um sócio que possui 50% do negócio:
"Quem leva mais cliente —e ele leva um montão de gente importante pra lá — ganha mais", disse Bolsonaro, antes de concluir o drible: "É a mesma coisa de chegar para o Neymar [e perguntar]: 'Por que ele está ganhando mais do que os outros jogadores?' Porque ele é mais importante. Não é comunismo".
Na prática, o presidente repetiu argumentos e desqualificações que o Zero Um utilizara na véspera num vídeo postado nas redes sociais.
Todo o dinheiro obtido na loja de chocolates de Flávio, o primogênito de Bolsonaro, não daria para vestir 10% das desculpas esfarrapadas que pai e filho apresentam para justificar a rachadinha que abre uma fenda na imagem da família. (por Josias de Souza)
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