quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

É A GUERRA, É A GUERRA, É A GUERRA! – 2

(continuação deste post)
Mangabeira  envergonhando os brasileiros em 46...
O imprudente governo do capitão Boçalnaro, o ignaro fez uma inusitada continência à bandeira estadunidense sem conhecer as regras desse jogo sujo chamado relações econômicas internacionais.

O capitão do mato com faixa presidencial segue a tradição brasileira, que é conservadora e subserviente desde o deputado federal baiano Otávio Mangabeira, da UDN (o partido conservador e hipocritamente paladino do combate à corrupção). 

Mangabeira beijou em 1946 a mão de Dwigth Eisenhower, general estadunidense que havia sido o comandante supremo das forças aliada na Europa durante a 2ª Guerra Mundial e em 1953 se tornaria presidente dos EUA. 

Apesar de todas as manifestações de apreço e submissão aos interesses estadunidenses desde a campanha eleitoral e após a posse, o atual o governo nacional-liberal brasileiro não recebeu a contrapartida de sua genuflexão:
— o nome do Brasil foi preterido para o ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico; 
— mesmo concedendo liberação de vistos para estadunidenses ingressarem aqui, nosso país teve ameaçada a permanência em solo estadunidense de brasileiros que lá residem;
— agora os EUA sustentam (sem fundamento científico válido) que o Brasil está manipulando o câmbio para enfraquecer a moeda brasileira como forma de promover as exportações (a causa é a necessidade de redução dos juros extorsivos por aqui praticados);
...e Bolsonaro fazendo o mesmo no ano retrasado.
— queixam-se também de que o Brasil, ao exportar grãos e carnes para a China, está prejudicando o agronegócio estadunidense; 
— resolvem taxar a exportação de aço brasileiro para os Estados Unidos.

Ao contrário disso, a China, que fora precipitadamente agredida pelo tosco presidente brasileiro, fez prevalecer o interesse negocial e demonstrou que, em tais relações econômicas, o pragmatismo deve ser colocado acima de todas e quaisquer considerações, inclusive as éticas ou morais. 

Os procedimentos políticos, sob o capitalismo, como qualquer aprendiz de diplomata sabe, são ditados pelo dinheiro, não pelas fantasias geopolíticas de gurus charlatães. Portanto: 
— a China entrou no negócio do pré-sal brasileiro; 
— está comprando empresas brasileiras de avicultura e mineração; e
— propõe maior participação brasileira nos BRIC’s.

Assim age, claro, por uma questão de sobrevivência, pois a situação econômico-financeira ora vivida pelos chineses é das mais complicadas... 
Após os arroubos de passionalismo juvenil... 

Mas, não pode haver paz entre competidores de uma relação social baseada no princípio do ou eu mato ou eu morro. Vai, portanto, continuar a guerra comercial entre EUA e China, justamente porque só um pode sobreviver (agora apenas circunstancialmente, porque também o vencedor terminará por morrer de inanição).

O capital é autodestrutivo e, tal como um animal predatório que tudo consome até não ter mais nada para que lhe possa servir de alimento e terminar morrendo, os dois contendores vão se digladiar com data marcada (que não se mede pelo tempo de vida médio do ser humano, mas por um tempo histórico) e, no fim, sucumbirão como consequência da própria autofagia. 

É a lógica da relação social capitalista e sua guerra concorrencial de mercado (o móvel da exclusão social mundo afora) a grande responsável:
— pelo processo migratório mundial em tempo e volume nunca antes experimentado;
— pelas ebulições sociais (vide exemplos abrangentes da América do Sul em chamas) como resultantes da impositiva perda de direitos havidos na fase de ascensão capitalista; e
— pelas guerras nos mundos árabe, africano e asiático. 

Uma relação social baseada numa guerra concorrencial de mercado, na qual o vencedor elimina substancialmente o vencido, jamais promoverá uma fraterna e equilibrada evolução da qualidade de vida social.
...Bolsonaro teve de cair na real.
Ao contrário, a disputa fratricida impulsionada pela lógica do capital, na qual cada ser humano é potencialmente inimigo do outro ser humano, somente pode gerar guerras e mais guerras no planeta inteiro.

Antes, as guerras se davam pela obsessão dos exércitos pelo domínio territorial e obtenção da  mão-de-obra escrava, como ocorria no Império Romano; agora as guerras visam à obtenção da riqueza abstrata (o valor representado pelo dinheiro e mercadorias). Mas o móvel das guerras continua o mesmo: a escravização do ser humano pelo ser humano. 

Neste contexto, que inclui, adicionalmente, a agressão ecológica suicida (na qual a irracionalidade humana se manifesta claramente), os governos e governantes, presos que são ao comando esquizofrênico da forma-valor, tornam-se impotentes para o combate eficaz de tal conjunto de fenômenos. A superação do problema, se ainda der tempo, deverá vir de fora para dentro.   

Nessa guerra capitalista o Brasil desempenha papel coadjuvante e não tem como determinar o desfecho do drama.

E, como desgraça pouca é bobagem:
— infelizmente, caminhamos para um liberalismo predador e fadado ao insucesso por causar uma exclusão ainda maior de uma população já excluída socialmente;
— temos um projeto de governo que muitas vezes nos remete aos anos 50 (como a crítica a expoentes dos primórdios do rock’n roll, agora desencavada pelo terraplanista recém-nomeado para dirigir a Funarte);
— em muitos outros casos nos tentam impor-nos conceitos próprios à inquisição feudal eclesiástica; 
— e vão se avolumando as trevas de um macarthismo que vê um comunista comedor de criancinha em cada esquina.

Caso o Brasil optasse por um novo modelo de relação social, sem a competição fratricida da produção de mercadorias e aproveitando a onda de preocupação ecológica mundial, poderia dar um exemplo de sabedoria ao mundo, e aí sim, servir de elogiável protagonista no cenário mundial. (por Dalton Rosado)

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