domingo, 1 de dezembro de 2019

COMO SUPERARMOS A VISÃO UNILATERAL QUE NOS CONDICIONA À RESIGNAÇÃO COM O ABUSO E À SUBMISSÃO AO CAPITALISMO? – 2

(continuação deste post)
Proposta de professores para nortear o ensino médio
O conceito sobre um novo modo de produção social, dentro de uma visão omnilateral, não pode ser compreendido senão na sua diferenciação e possibilidade a partir de um debate que transcende a compreensão semântica unilateral do termo trabalho

Este é um exemplo do significado diferenciador e educacional básico da omnilateralidade social como antônimo da unilateralidade. 

A divisão social de classes provocada pelo escravismo indireto das relações sociais mediadas pelo capital corresponde a um comportamento social unilateral justamente porque a sua dinâmica autotélica estabelece previamente a existência de estratos sociais subalternos em benefício de uma parcela da população que, mesmo sendo beneficiada com poder de consumo e poder de mando, é aprisionada pela dependência à conservação e aumento constante do volume de capital apropriado indebitamente pelo próprio capital.

A supressão das classes sociais em contraposição ao critério capitalista acima referido, corresponde a uma visão omnilateral que admite a similaridade de direitos e oportunidades e, consequentemente, a possibilidade de se obter de cada um conforme a sua capacidade, e conceder a cada um conforme a sua necessidade (Marx). 

A unilateralidade funcional pressupõe a exclusividade da especialização como condição do aumento da produtividade na produção de mercadorias e de valor em face da guerra concorrencial de mercado que bitola o ser humano a uma repetição castradora de suas potencialidades múltiplas.

A visão omnilateral promove a multiplicidade e desenvolvimento de talentos a partir de uma forma de relação social na qual a contribuição temporal de todos aumenta a disponibilidade de tempo e recursos para o desenvolvimento de talentos e prazeres (o chamado ócio produtivo) sem a exclusão que desespera e pauperiza cada vez mais acentuadamente parte da população, devido ao desemprego estrutural forçado pela tecnologia aplicada à produção.

Sob a visão unilateral capitalista, o saber, que deveria ser algo redentor da sociedade, transforma-se num fantasma a aterrorizar e desesperar a vida de contingentes humanos cada vez mais numerosos; enquanto isto, na visão omnilateral da vida o saber representa ganhos da racionalidade humana que devem convergir para o seu engrandecimento intelectual e virtuoso. 

A unilateralidade enseja a criminalidade, por ser ela, em si, um elemento excludente; já a visão omnilateral é libertadora, porque vê em cada ser humano como um protetor dos demais seres humanos e como alguém que deve ser por eles protegido. 

Na primeira prepondera o egoísmo e a exclusão, enquanto que na segunda prevalece a solidariedade e o sentimento gregário que é da natureza mais primitiva do ser humano.

Sob o capital a visão midiática é unilateral, pois os jornalistas dos grandes meios de comunicação de massa são previamente selecionados como competentes profissionais incumbidos da positivação incondicional das virtudes de uma relação que não pode ser combatida como tal, mas que deve ser pretensamente aperfeiçoada.
Daí o combate da grande mídia (sem resultado eficaz):
— à corrupção; 
— ao analfabetismo crônico; 
— à violência sob as mais diversas formas (até porque isso acrescenta valor à mercadoria notícia); 
— à burocracia estatal; 
— à defesa da pretensa isenção das instituições públicas; e
— à ênfase e otimismo sobre um possível e promissor futuro das relações econômicas (sempre contraditados pela realidade). 

Também se ocupa de tantas outras questões que até chegam a corresponder a uma pretensão correta, mas cuja concretização é impossível (algo como um futebolista que joga para a torcida, atirando-se para dar carrinho quando a bola já está fora quatro das linhas). 

Mas há algo proibido, de modo uniforme, na grande mídia: negar as relações capitalistas como socialmente perniciosas no seu conteúdo essencial. Combatem-se os efeitos perniciosos de uma relação que induz, por muitas formas, o mal que se quer combater, mas nunca se atacam as bases da relação em si.

Essa e uma postura unilateral de quem deveria ser omnilateral caso almejasse realmente desenvolver uma atuação com significativo sentido educativo social. 

O conteúdo omnilateral dos artigos que são publicados neste blog, nenhum órgão de imprensa se dispõe a colocar em pauta de modo aprofundado. Quanto muito, isso ocorre superficialmente, e graças ao empenho de jornalistas conscienciosos que ousam driblar habilidosamente a censura branca estabelecida.

O progressivo aumento dos acessos de leitores ao blog Naufrago da Utopia, fato que nos estimula, corresponde justamente ao conteúdo omnilateral que lhe confere originalidade e respeitabilidade. (por Dalton Rosado)

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