Talvez o melhor filme de guerra de todos os tempos, A ponte do rio Kwai é um libelo contra a insanidade dos conflitos bélicos, com ênfase, principalmente, na armadilha do destino à qual sucumbe um personagem inesquecível: o coronel Nicholson (Alec Guinness).
Ele recebe ordens do comando britânico para render-se ao inimigo num dos palcos da 2ª Guerra Mundial no Pacífico, uma ilha na qual os prisioneiros dos japoneses morrem como moscas devido à malária, diarreia e maus tratos, obrigados a jornadas estafantes de trabalho forçado sob calor intenso e sufocante.
Enquanto os presos de outras nacionalidades estão prostrados e tratando apenas de sobreviver, os comandados de Nicholson chegam altaneiros, marchando e assobiando sua marchinha militar que se tornou famosa.
Guinness: performance de arrepiar! |
O comandante japonês (Sessue Hayakawa) designa os britânicos para a construção de uma ferrovia na ilha e, como o cronograma está em atraso, determina que os oficiais também executem trabalho braçal, ao lado de seus subalternos.
Nicholson não aceita tal imposição e exige que sejam respeitados os códigos militares sobre prisioneiros de guerra. Ameaçado, espancado, mantido numa exígua jaula sob sol escaldante, a tudo resiste bravamente, com vontade de ferro apesar da idade (já é cinquentão).
Desesperado com o fracasso de suas tentativas de tocar a obra adiante com um engenheiro incompetente de seu país e vendo o prazo escorrer-lhe entre os dedos, o comandante japonês se vê obrigado a libertar Nicholson e a contar com sua ajuda para organizar o empreendimento.
Perfeccionista extremado à maneira britânica, este vê apenas uma oportunidade de provar a superioridade dos seus sobre os asiáticos. Com uma equipe de oficiais muito mais aptos, acaba entregando para os japoneses, dentro do prazo, uma ponte perfeita.
Holden e Hawkins, impecáveis. |
Só no final, quando os aliados mandam um comando para destruir a ponte, Nicholson se dá conta de que, objetivamente, acabara se transformando de herói em colaboracionista.
A perplexidade do personagem quando cai em si é um dos grandes momentos da história do cinema, em performance monumental de Guinness, que lhe valeu o Oscar de melhor ator de 1958 (A ponte do rio Kwai recebeu outros seis, inclusive os de melhor filme, diretor — David Lean — e roteiro adaptado). Os desempenhos de William Holden e Jack Hawkins também são impecáveis.
Simplesmente um filmaço, que nada perde de sua excelência e vitalidade seis décadas depois. Imperdível! (por Celso Lungaretti)
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