terça-feira, 15 de outubro de 2019

OS REVOLUCIONÁRIOS EMANCIPACIONISTAS HERDARAM A TAREFA DE CONCLUÍREM A OBRA BOLCHEVIQUE DE 1917 – final

(continuação deste post)
Santos Dumont se desencantou com o uso dos aviões na guerra
CONTEÚDO DA 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – A ciência evolui com a agregação de saberes que se somam uns aos outros continuamente. Isto ocorre desde que os seres humanos descobriram o fogo e a roda, com suas múltiplas utilidades e capacidades, até a atual Inteligência artificial da 4ª Revolução Industrial

As técnicas da ciência, em si, são facilitadoras da existência humana. Contudo, ao longo da história da escravização dos seres humanos, ela tem servido a interesses desumanos.

Sabe-se que Alberto Santos Dumont, inventor do avião, deixou boquiabertos ao parisienses ao contornar a Torre Eiffel no seu dirigível nº 6, em 1901, tornando-se a personalidade mais importante daquele início do século 20. Era a primeira vez que um objeto mais pesado do que o ar e impulsionado apenas por um motor saía do chão e ganhava os ares. 

Mas, foi o interesse bélico da 1ª Guerra Mundial que impulsionou o avanço tecnológico aeronáutico, pois com os aviões se podia bombardear o inimigo. 

Sabe-se, também, que o uso do avião como instrumento da morte deixou Santos Dumont profundamente deprimido, julgando ter contribuído (sem razão direta, nem intencional), com seu invento, para tal carnificina.
Radar primitivo dos britânicos na 2ª Guerra Mundial 

Igualmente, a  Guerra Mundial levou os ingleses a desenvolverem o radar, mas nem por isto um conflito daqueles pode ser tido como proveitoso.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o capitalismo nem de longe deve ser visto como saudável e socialmente contributivo em função dos avanços tecnológicos que trouxe na sua esteira, até porque eles estavam originalmente voltados para a opressão, a segregação e a guerra. 

A ciência não tem nada a ver com o seu uso indevido.

Vale acrescentar também que, sob o capitalismo, os ganhos tecnológicos coexistem de forma perturbadora com as agressões ecológicas.

Os avanços da ciência, principalmente no campo armamentista, têm viabilizado a imposição da subjugação implícita ou explícita do capital, que forçou a ferro e fogo a introdução social da venda do esforço de produção humana (força de trabalho) como se isso fosse coisa natural, o que não é.  

De maneira predominante, o vertiginoso desenvolvimento da ciência nos dois últimos séculos, serviu muito mais à subjugação própria ao sistema da economia abstrata empresarial do que à vida humana.
O progresso tido como uma ameaça: das fantasias sobre robôs...
Mas, afinal, o feitiço pode se voltar contra o feiticeiro (o capital), a menos que não se inverta esse tendência histórica.

A atual combinação de Inteligência Artificial, robótica, nanotecnologia e biotecnologia, que compõem o quadro da 4ª Revolução Industrial, está, como nunca antes se viu sob a face da Terra, sob os ditames absolutistas e destrutivos da lógica capitalista ultrapassada, provocando conflitos sociais e ecológicos, dos quais deverão resultar:
— ou a destruição da vida animal e vegetal planetária; 
— ou a superação da irracionalidade do modo de produção capitalista. 

A superação de tal irracionalidade,  para que fiquemos apenas com o que este estágio sem volta de inimagináveis progressos científicos nos trouxe de positivo, só será possível sob outro contrato social, no qual a tecnologia sirva à vida e não à sua destruição.

O modo de produção social capitalista se tornou incompatível com a capacidade de produção de bens de consumo e serviços a partir do estágio de produtividade proporcionado pelos inventos conjugados da 3ª e 4ª revoluções industriais, mas os feiticeiros do capital continuam tentando fazer o sapato caber no pé, independentemente de o segundo ter crescido muito além do que o primeiro comporta. 
...à realidade do desemprego estrutural.

O desemprego estrutural é a face visível de uma situação trágica e desesperadora para bilhões de pessoas mundo afora, mas também pode ser o fator de indução à tomada de iniciativas sociais que promovam mecanismos de satisfação de necessidades sociais, independentemente da aceitação de teorias sociais que negam a validade da mediação social pela forma-valor, ou ainda, tornando estas teorias mais compreensíveis e aceitáveis. 

Sabe-se que o processo de desemprego proporcionado pelo uso cada vez maior da tecnologia de ponta aplicada à produção é irreversível e crescente. Segundo estudos da Oxford Martin School cerca de 47% dos empregos nos EUA desaparecerão antes de 2030. 

Já a Organização Internacional do Trabalho e a Consultoria McKinsey, organismos de insuspeita ligação com o mundo capitalista, calculam que de 400 a 800 milhões de pessoas perderão seus empregos no mesmo período no mesmo período.

O empresariado busca saídas dentro da imanência capitalista mas crescem as falências,  com grande parte das empresas sucumbindo a esse processo de canibalismo concorrencial, no qual os mais fortes devoram os mais fracos e, ao mesmo tempo, fragilizam-se diante de uma perspectiva sombria de redução do consumo e da necessidade imperiosa de uma expansão tornada impossível.
O Titanic capitalista vai ao encontro do iceberg, mas ainda dá tempo para nos salvarmos!
Por sua vez, os políticos e seus partidos, bem como toda a institucionalidade estatal dependente de uma relação social anêmica, querem dar sustentação ao insustentável, como se os analgésicos que mascaram momentaneamente os sintomas pudessem curar a doença. 

Quando se lhes afirma que a saída é produzir para dar, eles preferem tergiversar, dispostos que estão a acompanharem o Titanic capitalista em todas as etapas do inevitável naufrágio, ao invés de aderirem a um modo de produção quee elimine a segregação social desde a sua origem.

Agem assim mesmo diante da catástrofe ecológica que os atinge, até que se consume a sua irreversibilidade.

Caberá a nós, os revolucionários emancipacionistas, junto com a força da necessidade e da consciência popular induzida, complementar o que os bolcheviques fizeram em 1917.

Mas, agora, com a consciência de que devemos superar de uma vez por todas as categorias capitalistas, sem nenhuma veleidade de tentar administrá-las.

Ainda dá tempo!!! (por Dalton Rosado)

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