segunda-feira, 14 de outubro de 2019

OS REVOLUCIONÁRIOS EMANCIPACIONISTAS HERDARAM A TAREFA DE CONCLUÍREM A OBRA BOLCHEVIQUE DE 1917 – parte 1

dalton rosado
O CAPITAL SOB A 4ª REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
"Pensar em criar empregos neste limite crítico
do capitalismo é o mesmo que rezar
um pai-nosso no inferno"
(Marildo Menegat)
O primeiro passo para segregação social foi dado quando os homens mais fortes (que eram mais habilitados para a caça, coleta de frutos, pesca, etc.) passaram a sentir-se com direito a privilégios, em detrimento de uma contribuição social coletiva despretensiosa. 

O conceito de valor nasceu justamente aí, uma vez que os bens produzidos deixaram de ser coletivos e passaram a ser propriedade de quem os produziu; assim nasceu o escambo, que implicita a ideia de valor econômico na troca quantificada.

Capacidade de produção individual passou a ser critério de poder individual, com a escravização direta dos seres humanos submetidos a outros que detinham a força sendo a decorrência conceitual do novo modo de produção social.

O valor, portanto, está indissociavelmente ligado à segregação social e à participação da máquina humana (assim considerada pelos escravizadores como modo de produção de objetos transformados em mercadorias, com valor de uso e valor de troca). 

A socialização da produção por tais critérios representou, e ainda representa, a riqueza de uns em detrimento de outros, que são condenados à pobreza. Simples assim.

Quando essa máquina humana escravizada (diretamente ou via subterfúgios salariais) vai deixando de ser fundamental e passa a excluir contingentes humanos cada vez maiores, a consequência é esse desemprego estrutural que nos fustiga agora. O próprio valor não mais se sustenta como relação social que é. 

Com ele entra em colapso toda a forma de relação social criada a partir de seu critério autotélico e vazio de sentido humano. É o que está acontecendo agora, em ritmo acelerado.

Acentua-se nesse estágio das relações de produção a contradição entre forma (meio de produção) e conteúdo (modo de produção). A partir desse momento de saturação, torna-se imperativa a afirmação de uma nova relação social de produção, baseada em novos critérios.

O valor econômico escraviza. O mundo de hoje anseia por liberdade (ainda que não saiba bem como conquistá-la). Logo, o valor tem de ser superado como construção histórica que é, pois está fechando o seu ciclo de nascimento, vida e morte, que é bastante curto se considerarmos o itinerário dos humanos no nosso planeta.

Do início embrionário, cujos sintomas mais evidentes apareceram na polis grega pelo comércio de mercadorias com as milhares de ilhas da região que necessitavam de um meio representativo da valor que pudesse ser mais facilmente manuseado (nascimento das moedas como dinheiro, representação física do valor) até a moeda eletrônica de hoje, muitas mudanças de forma se operaram e se aperfeiçoaram, sem, entretanto, mudar o conteúdo de tais relações sociais. 
O que está forçando a mudança de conteúdo desse modo de relação social que nos últimos milênios transformou os seres humanos em máquinas de produção de valor (trabalho vivo), é a sua substituição predominante por máquinas de produção tecnológicas (trabalho morto), inicialmente operada pela revolução industrial da microeletrônica iniciada na década de 1970. Era a chamada 3ª revolução industrial, que agora dá lugar à 4ªa da Inteligência Artificial.

A subjetividade revolucionária de quantos deram as suas vidas ou viram-nas despedaçadas na luta contra a segregação social (fazendo-se merecedores de nosso reconhecimento por seu heroísmo e espírito de sacrifício) não foi capaz de conduzir vitoriosamente a humanidade pelos caminhos da revolução contra a tirania da segregação social, embora isto pudesse ter acontecido se houvessem sido compreendidos os ensinamentos do Marx esotérico.

Mas, os próprios fundamentos contraditórios desse modo de relação social, conforme Marx previa, conduziram ao ocaso as relações capitalistas de produção e estão demonstrando a necessidade de sua superação, sob pena de sucumbirmos como espécie. (por Dalton Rosado)
(continua neste post)

Um comentário:

Anônimo disse...

É bom que tenha bons argumentos para demonstrar que há alguma viabilidade na espécie, porque o seu vaticínio de que seremos extintos é o mais provável de acontecer.
Estamos por um fio de cuspe.

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