rui martins
OFENSAS E INSULTOS DE BOLSONARO DEPOIS DE
MENTIRA E DEBOCHE
Até onde terá caído o prestígio do Brasil quando Bolsonaro, o presidente catástrofe, deixar Brasília?
Impossível de prever, pois a capacidade de romper os protocolos e o guia de boas maneiras, de agir como um bruto, dizer besteiras e fazer observações de mau gosto se reproduz a cada dia, comprometendo a história da diplomacia brasileira, o Itamaraty e nossas relações internacionais.
É verdade que Bolsonaro é autêntico. Ele é como é. Bruto, inculto, sem leitura, sem um mínimo de educação e cultura, um elefante numa vidraria, acostumado a arrotar seus deboches pouco se importando com as consequências.
Não é possível nenhuma comparação com outros presidentes e nem com os ditadores Costa e Silva ou João Figueiredo. Estes tinham aprendido, no mínimo, as boas maneiras no quartel e sabiam se comportar decentemente com os chefes de Estado estrangeiros.
Não é o caso de Bolsonaro. De nada adianta ser considerado líder pelos evangélicos. Não é com ele ter um mínimo convencional de educação e mostrar respeito por seus colegas presidentes estrangeiros. É um bruto, orgulhoso de ser bruto, campeão da baixaria. É a sua maneira real de ser popular, pois uma parte dos eleitores assim se identifica com ele.
Então, irritado por ter sido justamente chamado de mentiroso pelo presidente francês Emmanuel Macron, decidiu reagir. Por que mentiroso? Porque na reunião do G20, em Osaka, Bolsonaro havia prometido ao presidente Macron ser zeloso com relação às questões de meio ambiente no Brasil e não sair do Acordo do Clima de Paris.
Ora, logo depois de seu retorno ao Brasil, Bolsonaro passou a tomar decisões contrárias a essa promessa.
Seu ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, incentivou praticamente o desmatamento ao liquidar com a Política Nacional de Meio Ambiente, desarticulando o Ibama, enquanto o dirigente do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Ricardo Galvão, foi demitido por divulgar um aumento no desmatamento da Amazônia desde junho, desmentindo o presidente. As informações do Inpe foram, logo depois, confirmadas pela Nasa.
Os incêndios na Amazônia, que superam o fogo lá registrado nos últimos 15 anos, tiveram seu apogeu às vésperas do G7, provocando a declaração de Macron contra Bolsonaro, ao chamá-lo de mentiroso. Também deixaram entrever a intenção do francês de não confirmar seu apoio ao Brasil no acordo do Mercosul com a União Europeia.
Demonstrando sua incapacidade para o cargo, Bolsonaro reagiu na base da baixaria, divulgando na Internet uma crítica ao físico da esposa de Macron. Uma baixaria que confirma sua mediocridade, digna do festival de besteiras do Stanislaw Ponte Preta na antiga Última Hora.
O quanto isso irá custar em termos econômicos para o Brasil, ainda não se sabe, mas o presidente francês Emmanuel Macron reagiu contra o que considerou insultos à sua esposa e, na sua resposta diante de jornalistas, no encerramento do G7, disse textualmente aquilo cujo peso não é difícil de avaliar em termos de resposta política ao presidente desabusado:
"É triste, porém é ainda mais triste para ele e para os brasileiros. Eu acho que as mulheres brasileiras têm vergonha de ler isso dito por seu presidente. Acho que os brasileiros, que são um grande povo, ficam também um pouco envergonhados ao lerem esse comportamento.
Como tenho muita amizade e respeito pelo povo brasileiro, espero que muito rapidamente terão um presidente que se comporte à altura de sua função".
Esse final de frase é bem elucidativo quanto à posição da França a partir de agora.
O Brasil ganhou um inimigo e, como se não bastasse, o filho de Bolsonaro, Eduardo, candidato a embaixador em Washington, demonstrando inaptidão para o cargo, qualificou Macron de idiota.
Isto depois que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, comprovando a irresponsabilidade do governo, já havia chamado Macron de cretino oportunista.
Tudo isso para agradar Donald Trump, que não quer nem o Brasil e nem o Mercosul ligados à União Europeia.
Com relação à França e Europa, Bolsonaro é nacionalista; mas, com relação aos Estados Unidos, é servil. (por Rui Martins, de Genebra)
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