quinta-feira, 15 de agosto de 2019

DICAS DE LIVROS E FILMES PARA SE CONHECER MELHOR A GERAÇÃO 68

Eu já considerava suficiente o registro cá no blog do 50º aniversário do festival de Woodstock com o  post de anteontem quando o Hebert, um de nossos comentaristas habituais, pediu:
"Gostaria de ver uma crônica mais detalhada sobre contracultura, há quem diga que a nossa em um determinado período do país, a nossa arte pop, foi mais rica e diversificada, também gostaria ler mais sobre dicas de filme".
Minha resposta ao Hebert acabou reunindo informações complementares que podem ser interessantes para as novas gerações, então vale a pena reproduzi-la aqui.
.
"COM UM POUCO DE PACIÊNCIA, DÁ PARA BAIXAR TODOS OS FILMES E MONTES DE VÍDEOS MUSICAIS"
Não sou dos que ficam relendo eternamente livros sobre o passado que vivi, então seria difícil para eu indicar em quais você poderia obter informações sobre tudo aquilo hoje e agora. 

Do que me lembro, os melhores artigos sobre a contracultura que li de autor brasileiro eram os do Luiz Carlos Maciel no Pasquim (ele tinha uma coluna underground fixa). Seu livro de 1987, ANOS 60, deve dar uma boa ideia do que ele escrevia então e era tão novo e fascinante para nós, brasileiros (hoje, evidentemente, nem tanto). E as próprias edições antigas do Pasquim já foram lançadas em forma de antologia, vale a pena dar uma olhada. 

Um retrato incrível da contestação jovem estadunidense é OS DEGRAUS DO PENTÁGONO (também chamado de OS EXÉRCITOS DA NOITE), do Norman Mailer, sobre uma grande manifestação contra o complexo industrial-militar que rolou durante o dia e foi duramente reprimida na madrugada, quando a maioria dos manifestantes já tinha ido embora. 
Mailer era um extraordinário narrador de episódios dos quais participara pessoalmente (chegou até a ser preso junto com os estudantes naquela ocasião).

Em termos teóricos, os livros que mais influenciaram a geração 68 foram A IDEOLOGIA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL e EROS E CIVILIZAÇÃO, do Marcuse. Eu considero imperdível o VIDA CONTRA MORTE, do Norman O. Brown (dica do Maciel no Pasquim, ele traduziu e reproduziu os principais capítulos antes de o livro ser lançado por aqui), mas poucos conheciam. Reich e Jung eram outros muito lidos pelo pessoal.
Os filmes essenciais são o do festival de Woodstock (há uma versão estendida bem mais longa que a dos cinemas, eu baixei na internet), o MONTEREY POP (sobre um festival que foi uma espécie de trailer de Woodstock), o GIMME SHELTER (dos Rolling Stones), o JOE COCKER, MAD DOGS & ENGLISHMEN (o título nos cinemas daqui foi um horror: JOE COCKER E O GRUPO DA PESADA) e o FESTIVAL DA ILHA DE WIGHT de 1970. Há também os documentários musicais sobre a Janis Joplin, Jimi Hendrix, The Doors e outros.

Já dentre os alusivos àquele momento e suas consequências, o principal é o EASY RIDER, ou SEM DESTINO (dirigido pelo Dennis Hopper, 1969) Foram WOODSTOCK (d. Michael Wadleigh, 1970) e EASY RIDER que apresentaram a novidade ao público brasileiro, todo o resto veio na esteira.
São muitos, eu recomendaria especialmente CORRIDA CONTRA O DESTINO ("Vanishing Point", d. Richard C. Sarafian, 1971), M.A.S.H. (idem, d. Robert Altman, 1970), À PROCURA DA VERDADE ("Getting Straight", d. Richard Rush, 1970), VOAR É COM OS PÁSSAROS ("Brewster McCloud", d. Robert Altman, 1970) e CADA UM VIVE COMO QUER ("Five Easy Pieces", d. Bob Rafelson, 1970). 

E as melhores abordagens cinematográficas das óperas-rock tão características daquele período são JESUS CHRIST SUPERSTAR (d. Norman Jewison, 1973), TOMMY (d. Ken Russell, 1975) e HAIR (d. Milos Forman, 1979). 
Com um pouco de paciência, dá para baixar todos os filmes citados e montes de vídeos musicais da internet. (por Celso Lungaretti)

5 comentários:

SF disse...

+++
Ufa!
É uma longa lista.
Mas vamos que vamos!

Anônimo disse...

Olá Celso aqui é o Hebert, tudo bem com você?!

Um muito obrigado pelas dicas!!!

MASH ( com Donald Sutherland, se a memória não me falta ),
sempre passava, nas seções de gala, Domingo maior, ou nos
Corujões, durante a Década de 1980, porém criança na época,
nunca cheguei a ver, mas os comerciais e chamadas, me são
muito vivas. Creio que seja o tipo de programação para
o canal TCM ( acho que já passou por lá ), ou Telecine Cult.

Um Filme no gênero EASY RIDER ( perdido, sem rumo),
que me agrada muito, é PERDIDOS NA NOITE,
com a dupla de "prostitutos" formada
por Jon Voight , e Dustin Hoffman.

Lista devidamente anotada.

Aquelas Dicas de faroeste ( suspense, ou policial noir),
serão bem vindas também.
Aquele filme trash, de terror sobre viajantes, que caem
na cidade, que se tornava "a filial do inferno", e certa
data ( não me lembro do título ), é diversão pura.

Veja a Seção Bang bang as segundas Telecine Cult,
se puder.

Forte abraço.

celsolungaretti disse...

Hebert,

os dois atores que mais se destacam no M.A.S.H. são o Donald Sutherland e o Elliott Gould, tanto que os alçou ao estrelato). É uma comédia que detona a Guerra do Vietnã, embora seja ambientada na Guerra da Coréia (mas a ninguém passava despercebida a real intenção dos realizadores). E, ao ser indicado para 5 Oscar (ganhou o de melhor roteiro adaptado), mostrou Hollywood também tomando partido contra aquela que foi uma das guerras mais impopulares de todos os tempos.

"Perdidos na Noite" é um drama pesado, mas de características mais convencionais. Não estava sintonizado com os movimentos de contestação jovem, apenas expressava o momento de profundo desencanto pelo qual passava a sociedade estadunidense.

"O dia de satã", cujo nome vc estava tentando lembrar, foi uma joia que encontrei no lixão das locadores de VHS, com uma capa medíocre que não ajudava a promovê-lo. Mas a sinopse me agradou, resolvi apostar nele e foi um dos melhores filmes de terror de baixo orçamento que já vi.

Para garimpar westerns, você encontra uma boa lista de títulos neste meu post: https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/2015/01/o-melhor-do-naufrago-era-uma-vez-o.html

Os bons policiais europeus dos anos 60 e 70 são os dirigidos por Jean-Pierre Melville, René Clément, Damiano Damiani, Robert Enrico, Pierre Granier-Deferre, Henri Verneuil, Michael Winner, José Giovanni, Jean Herman, Georges Lautner, Giuliano Montaldo, Claude Goretta, Elio Petri e Sergio Sollima, entre outros, e protagonizados por atores como Alain Delon, Jean-Paul Belmondo, Gian-Maria Volonté, o veterano Jean Gabin, Michael Caine, Charles Bronson, Ben Gazzara, etc.

Entre no site https://www.imdb.com/ e coloque esses nomes na busca. Você encontrará os filmes que dirigiram ou nos quais atuaram, ficha técnica, sinopses e as notas dadas por espectadores e críticos, que costumam ser bons referenciais da qualidade de cada obra.

O que achei disponibilizado no Youtube, eu trouxe para o blog, você pode dar uma olhada na lista de posts, teclando em https://naufrago-da-utopia.blogspot.com/p/blog-page.html

Um abração!

Anônimo disse...

Obrigao Celso, eu ( Hebert ), vou pesquisar no tempo livre.

Uma curiosidade que me veio na lembrança, é o que MASH,
rendeu um seriado, que passava aos domingos a noite,
na rede Bandeirantes.

Abraço.

celsolungaretti disse...

Mas, a diferença entre o Robert Altman (diretor do filme) e o Larry Gelbart (criador da série) era tão grande quanto a que existia entre o Donald Sutherland e o Alan Alda.

Não passava de um entretenimento inofensivo de TV, enquanto o filme foi bem corrosivo para o complexo industrial-militar, que tentava impingir aos estadunidenses a invasão do Vietnã recorrendo à velha retórica patriótica.

A arma da ridicularização funcionou bem, fartamente utilizada pelos contestadores. Acabou sendo, como já escrevi, uma das guerras mais impopulares de todos os tempos.

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