quarta-feira, 26 de junho de 2019

SEGUINDO O HORÓSCOPO DO RASPUTIN DA VIRGÍNIA, OS BOLSONAROS SE DERAM MAL: VERDE-OLIVAS NÃO SÃO GALINHAS VERDES!

Os militares da ativa se distanciam do governo Bolsonaro...
igor gielow
BOLSONARO ACELERA DIVÓRCIO ENTRE MILITARES 
DA ATIVA E 
DO GOVERNO
A semana em curso deverá entrar para a crônica da renovada participação dos militares na política brasileira em 2019 como aquela em que se consolidou o divórcio dos interesses do generalato da ativa e o das alas fardadas que integram o governo de Jair Bolsonaro.

Como não há fim de relacionamento sem mal-estar, o saldo momentâneo é ruim para ambos os lados, restando saber se a resultante será um jogo de soma positiva, aquele em que todos ganham. Quem conhece a Força aposta num final feliz, dado o espírito de corpo dos militares, mas certamente não será um processo simples.

A história pregressa é conhecida. Bolsonaro era visto com um misto de repulsa e ironia pela cúpula militar até 2018, quando começou a ficar claro que ele seria o único com possibilidade de bater Lula ou o poste que o petista indicasse para a eleição presidencial.

O palco estava montado pelos generais da reserva e outros militares que haviam cercado a pré-campanha de Bolsonaro, encabeçados por Augusto Heleno e Oswaldo Ferreira —este misteriosamente fora da composição final do ministério após a vitória. 
...por não aceitarem subordinar-se aos novos integralistas...

No centro da negociação estava o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, que via como inevitável a adesão das Forças à candidatura Bolsonaro, mas, ao mesmo tempo, advertia contra a contaminação política dos quartéis.

Fiador do apoio institucional a um presidente sabidamente inexperiente e disruptivo, Villas Bôas costurou tranquilidade ao período de transição, num acerto que incluiu a cúpula do Judiciário. A história dirá o grau de sua influência real, mas Bolsonaro tratou de agradecer a ele por ter chegado ao Planalto na primeira oportunidade pública que teve.

Já na reserva, Villas Bôas integrou-se ao time de militares que buscava trazer moderação ao Planalto bolsonarista —e não só, como a tutela imposta ao intempestivo chanceler Ernesto Araújo logo no começo do governo provou.Lá estavam Heleno, chefe nominal do ex-comandante, Santos Cruz e depois Floriano Peixoto. 

Esse acerto foi despedaçado com o expurgo palaciano promovido por Bolsonaro e seus filhos inspirados pelo escritor Olavo de Carvalho nas semanas que passaram.

Em conversas recentes, políticos ligados ao setor de defesa já apostavam entre si quanto tempo Heleno, outrora onipotente, aguentaria a fervura.
...enfurecendo Olavo de Carvalho e seus miquinhos amestrados
Enquanto isso, a ativa viu seu capital de imagem acumulado no pós-1985 ficar sob risco pela associação ao governo. Aproveitou a sucessão de crises para ir retrocedendo suas fronteiras. Culminou na 2ª feira (24), com o simbolismo de o Alto-Comando da Força não promover à sua elite de quatro estrelas o general da ativa que havia sido deslocado para o Planalto justamente para tentar controlar a verborragia presidencial como porta-voz.

Tal destino de Otávio do Rêgo Barros encerra essa ironia, não menos porque seu protagonismo incomodou colegas hierarquicamente superiores. Pesou também a política interna: o comandante do Exército, Edson Pujol, vem tentando estabelecer essa divisão igreja-Estado com o governo que havia sido apregoada por Villas Bôas ao mesmo tempo em que tenta sair da larga sombra de seu antecessor.

A quarta estrela do porta-voz foi um pedágio do entrechoque promovido pelo próprio Bolsonaro. Quais outros preços ainda virão, se é que virão, e suas consequências práticas para o arranjo institucional bastante esgarçado do presidente, estas são dúvidas no momento. (por Igor Gielow)
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Toque do editor: o título zombeteiro do post lembra o apelido dos integralistas de Plínio Salgado, galinhas verdes. E alude ao papel que Olavo de Carvalho esperava que os fardados desempenhassem, de forças auxiliares na implantação de um regime fascista. 

A hostilização que OC orquestrou contra os militares integrantes do governo foi uma reação à nenhuma disposição, por parte dos generais, almirantes e brigadeiros, de associarem-se aos planos malucos de um ex-capitão encrenqueiro e de um ex-astrólogo delirante. (por Celso Lungaretti)

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