(continuação deste post)
Jamais se ensina na escola o que é a extração de mais-valia e seu caráter socialmente diabólico; muito menos que não há nenhuma sociedade estruturalmente organizada no mundo que não a pratique (aí incluídas as sociedades ditas marxista-leninistas, como as de Cuba e da Coreia do Norte).
Também não se explicita na escola a sua natureza segregacionista e negativa, justamente porque não há escola sem partido e as escolas das sociedades mundiais capitalistas têm um único e verdadeiro partido: o capitalismo, seja ele liberal ou estatista.
A estrutura montada e moldada pela lógica do valor ao longo dos três últimos milênios introjetou nas mentes humanas a submissão ao fetichismo da mercadoria, que nada mais é do que a aceitação de uma mediação social na qual coisas inanimadas (os objetos transformados em mercadorias) assumem personalidades na vida social e submetem os homens que criaram tal mediação à sua lógica autofágica de reprodução cumulativa, segregacionista e autotélica, cujo único desiderato é a própria acumulação vazia de sentido humano e social.
Estamos, contudo, caminhando para trás, na ilusão de que se possa restaurar um passado que, embora fosse menos ruim do que o presente, nem de longe poderia ser considerado satisfatório.
O esplendoroso saber científico da humanidade, infelizmente não encontra correspondência no saber acadêmico e popular sobre a essência dos mecanismos que regem a nossa vida social.
Isto ocorre justamente porque nos é proibido conhecer os segredos do quarto escuro no qual estão guardados a sete chaves os ensinamentos que fariam implodir todo o universo de conceitos e valores decadentes ainda em vigência.
Se o fetichismo da mercadoria torna todos adversários de todos sob o primado da concorrência de mercado, é a força do capital (concentrado e disputado como se travássemos um jogo da morte no qual quem perde morre e quem ganha sobrevive) aquilo que impede proposições teóricas e práticas alternativas ao domínio impessoal e fratricida da lógica do valor.
A coisa é de tal forma dominante do pensar que ninguém consegue racionar fora do pensamento da fria lógica numérica capitalista, daí tantos aceitarem a a tese de que seria justo se fazer o ajuste fiscal à custa do sacrifício do povo como forma (falaciosa) de se salvar esse mesmo povo. Não é por menos que expressivos membros do parlamento cobrem de loas o mercador de ilusões Paulo Guedes, que tudo faz para convencer os brasileiros da pretensa irrefutabilidade desse tese.
Chega a ser irritante constatarmos que tantos não consigam racionar fora dos padrões estabelecidos, como se o pensar dos brasileiros estivesse preso numa jaula de ferro mental inexpugnável.
É o próprio poder econômico e o Estado que lhe dá proteção institucional por meio da lei (direito burguês) e da força (exércitos regulares e polícia), a razão da opressão social, cujos custos de manutenção são subsidiados por contribuintes economicamente exauridos pelos tributos deles arrancados.
Mas quem sustenta o Estado (o povo) não percebe os mecanismos da submissão que lhe é imposta; aliás, no geral, o oprimido contribuinte vê o seu opressor como um protetor e reivindica cada vez mais a presença social desse mesmo estado.
Mas quem sustenta o Estado (o povo) não percebe os mecanismos da submissão que lhe é imposta; aliás, no geral, o oprimido contribuinte vê o seu opressor como um protetor e reivindica cada vez mais a presença social desse mesmo estado.
Assim, foi graças à inconsciência educacional sobre a natureza dos mecanismos de mediação social em vigor, aliada a uma força econômica e institucional opressora, que nossa sociedade chegou ao atual salve-se quem puder.
Entretanto, nunca estivemos tão próximos de um estágio superior de civilização, proporcionado pela evolução do saber tecnológico que vem alterando as relações sociais de produção, às vezes de modo pouco perceptível. Tais mutações sempre ocorreram no itinerário da humanidade quando novas relações de produção são estabelecidas e forçam um novo contrato social. Tal fenômeno está agora a ocorrer celeremente.
Cabe-nos a tarefa de estabelecer um modo de produção fora da forma-valor, que substitua o velho decrépito pelo novo auspicioso.
Para tanto, teremos de enfrentar de uma vez por todas esse Sansão envelhecido que está ficando careca e perdendo a força que lhe provinha do poder econômico. É hora de apressarmos a chegada da sua calvície...
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(por Dalton Rosado)
(por Dalton Rosado)
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