sábado, 13 de abril de 2019

REELEIÇÃO DE NETANYAHU COLOCA ISRAEL NO RUMO DE TORNAR-SE MESMO O IV REICH

Um dos artigos mais problemáticos da minha trajetória foi Israel é o IV Reich, que lancei em outubro de 2009 (vide aqui). 

Pessoas que eu prezava se afastaram de mim por discordarem da avaliação sobre os rumos cada vez mais melancólicos do estado judeu, desmerecendo o sacrifício dos seus mártires imolados pelo totalitarismo, à medida que reeditava muitas práticas da Alemanha hitlerista (eram inegáveis as semelhanças entre o Gueto de Gaza e o Gueto de Varsóvia, p. ex.).

Agora, a manutenção como primeiro-ministro de Binyamin Netanyahu, vitorioso nas eleições gerais israelenses, vem confirmar que o único erro daquele meu artigo foi ter antecipado, corretamente, o resultado de uma partida que ainda estava sendo jogada: flagrei tendências que ainda não haviam prevalecido por completo, de forma que os judeus idealistas continuavam acalentando esperanças de que o pesadelo não virasse realidade.

Vãs esperanças, na verdade, conforme o Demétrio Magnoli constata no seu artigo deste sábado (13), Rumo ao segundo Israel?, do qual reproduzo os trechos principais:
"Depois da Guerra dos Seis Dias (1967), o Estado judeu converteu-se em potência ocupante dos territórios palestinos (Jerusalém Oriental, Cisjordânia, faixa de Gaza).
O rápido crescimento demográfico palestino descortinou a perspectiva de configuração de uma maioria populacional árabe no conjunto geopolítico Israel/Palestina. O exercício da soberania sobre uma maioria destituída de direitos políticos terminaria por corroer os fundamentos democráticos de Israel. O Estado judeu teria que escolher entre a democracia e a ocupação.
Os Acordos de Oslo (1993) surgiram como solução para o dilema. A paz pela partilha da Terra Santa em dois Estados não só atenderia à demanda nacional palestina como protegeria o caráter judeu e democrático de Israel. 
 O fracasso dos acordos de paz recolocou o dilema. Netanyahu oferece, agora, sua própria solução: a ocupação permanente, a renúncia à democracia, a refundação de Israel como Estado baseado na discriminação étnica oficial".
Tal Estado baseado na discriminação étnica oficial poderá ou não ser chamado, pelo menos em sentido figurado, de IV Reich?!

2 comentários:

Anônimo disse...

Celso, essa comparação de governo israelense com reich é muito infeliz, perdão pela franqueza. Tem mil formas de criticar o atual governo de lá sem compará-lo aos nazistas. Não é brincadeira o que os judeus passaram nesse último século, sabemos bem disso.
Acredito que a polêmica foi não por ter criticado, mas pela forma como o fez.
Comparar qualquer povo que foi vítima de um genocídio com seu algoz é inadequado e impreciso historicamente. Seria mais ou menos como dizer que os negros de Angola viraram os novos senhores de escravos, por qualquer razão hipotética.
Daniel.

celsolungaretti disse...

Daniel,

quanto mais pessoas afirmassem isto, maior seria a chance de os judeus menos fanatizados caírem em si e se darem conta de que estavam repetindo, contra os palestinos, muitas das atrocidades que haviam sofrido nas mãos dos nazistas.

As invasões e ocupações piratas, passando por cima de um sem-número de resoluções da ONU, não eram claramente uma reprise das anexações do Hitler antes da eclosão da 2a. Guerra Mundial?

Já o ataque da Marinha israelense à frotilha com ajuda humanitária, em 2010, foi mais no estilo do... Maduro.

Naquele tempo, reproduzi uma notícia de que as mansões dos judeus de Israel usavam água pura em suas piscinas, enquanto os palestinos careciam dela até para beber e cozinhar. Um comentarista me mandou esta frase: "Se não têm água, que bebam mijo!".

Quando Israel deixar de ter pontos comuns com o III Reich, eu pararei de fazer tal comparação. Neste momento, pelo contrário, parece que ele está a caminho de se tornar mais parecido ainda.

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