domingo, 17 de fevereiro de 2019

COM OU SEM REFORMA DA PREVIDÊNCIA, CRESCIMENTO DO PIB CONTINUARÁ INSATISFATÓRIO EM 2019

Esperanças frustradas: teremos mais um ano de vacas magras!
A reforma da Previdência será o ponto de partida para a retomada do crescimento econômico no Brasil, trombeteiam os propagandistas do Governo Ignaro, aproveitando a boa fé (e o desespero!) dos brasileiros para enfiar-lhes outras tantas fake news em suas mentes. 

Pois, na verdade, o quadro que se desenha é, tão somente, de outro ano de vacas magras, tenha ou não o ministro Paulo Guedes êxito em sua faina de esfaimar os velhinhos, no afã de criar as condições tidas como ideais para o deslanche do capitalismo nestes tristes trópicos.

É o que nos informa uma excelente reportagem (Nem reforma da Previdência dá fôlego à retomada em 2019) da edição dominical da Folha de S. Paulo, de autoria de Flávia Lima. Segundo ela, a perspectiva de um crescimento do PIB da ordem de 3% no presente ano já está sendo descartada pelos principais agentes econômicos, havendo quem preveja um aumento menor até do que 2%.

Eis alguns motivos da reversão de expectativas, por ela alinhavados após ouvir vários especialistas do chamado mercado:
— uma expansão mais forte no front externo esbarra tanto na desaceleração mundial quanto na queda dos preços de commodities;
— o prognóstico para os investimentos também não é bom pois, mesmo que as concessões em infraestrutura finalmente sejam oferecidas ao mercado, uma possível melhora só ocorrerá nos anos seguintes.
— investimentos governamentais para impulsionar o crescimento são inviabilizados pela crise fiscal e pela orientação de Guedes e sua equipe, para quem que a iniciativa deve caber principalmente ao setor privado;
— os industriais estão reticentes por causa do alto percentual de máquinas ainda paradas e dos mais de 12 milhões de desempregados serem um forte obstáculo ao aumento do consumo;
— mesmo o setor automotivo, que vinha tendo desempenho aceitável, dá sinais de acomodação; e
— o mau desempenho frustrante da economia em 2018 é um fator negativo para o ano seguinte, levando os agentes econômicos a adotarem posturas cautelosas.

Assim, depois de dois anos sucessivos com nosso PIB crescendo irrisórios 1,1% (resultado oficial de 2017 e provável de 2018, devendo anúncio ser feito nos próximos dias), tudo indica que estejamos vivendo mais um ano perdido. Havendo a tal reforma da Previdência e sendo satisfatória para os donos do Brasil, eles sairão da retranca ao formularem seus planos para 2020 e, se tudo der certo, o cidadão comum perceberá alguma melhora na situação econômica... a partir do 2º trimestre do ano que vem.

Quem está matando cachorro a grito, que dê um jeito de sobreviver até lá.

E para os ingênuos, que ainda engolem a patranha de que a reforma da Previdência nos abrirá de imediato as portas do paraíso, os especialistas lembram que os brasileiros aposentarem-se mais tarde não terá impacto imediato sobre o PIB e que a elevação da contribuição previdenciária de servidores públicos e militares deve, isto sim, retirar renda da economia. “São medidas necessárias, mas de efeito, a princípio, contracionistas", enfatiza Marcelo Gazzano, economista da consultoria AC Pastore.

Noves fora, tudo se encaminha para as esperanças despertadas pelo Governo Ignaro não serem concretizadas em 2019. 

Há um incógnita importante que Flávia Lima não abordou (nem poderia) na sua reportagem: quais serão as consequências políticas das medidas odiosas e destrambelhadas que vêm sendo tomadas, quando o povo perceber que nada de bom estará recebendo em troca? 

A crise política poderá agravar-se tanto que os ganhos econômicos projetados para 2019 e desde já postergados para 2020 acabem ficando... para as calendas gregas. (por Celso Lungaretti)

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