domingo, 17 de fevereiro de 2019

AO INVÉS DE TENTARMOS CONCORRER COM O CAPITALISMO MUNDIAL EM FIM DE FEIRA, DEVEMOS ADOTAR OUTRO MODELO – 1

dalton rosado
O BRASIL E O DECRÉPITO CONCERTO CAPITALISTA MUNDIAL
O universo globalizado das relações capitalistas em fase de limite da capacidade de expansão do sistema produtor de mercadorias enfrenta impasses intransponíveis tanto na direção econômica quanto na ecológica. 

Evidentemente, tais dificuldades têm reflexos graves na política, incapaz de contraditá-la e ser soberana em seus atos.

A esperança vem dos jovens e perplexos desempregados, principalmente dos países do chamado 1º mundo.  Mesmo sem uma orientação teórica mais aprofundada (pois isto não lhes é ensinado na educação formal ou acadêmica), eles intuem a necessidade de uma nova forma de socialização e protestam nas ruas.

O que está acontecendo com os protestos ecológicos no Reino Unido, com os coletes amarelos na França e com o surgimento de jovens atores da cena política estadunidense (como a deputada socialista Alexandria Ocaso-Cortez), ainda que esteja enquadrado na camisa de força político-partidária, dá bem a dimensão dessa auspiciosa novidade. 
"os países mais pobres se desintegram economica e politicamente" (êxodo de venezuelanos)
O capitalismo já não capaz de gerar valor válido, advindo da produção e da circulação de mercadorias; e é isto que sinaliza a emissão de moeda sustentada pela dinâmica da reprodução aumentada do valor, sem a qual tudo fica artificial e aponta para um colapso de proporções gigantescas.

Ressalte-se que, no itinerário da debacle capitalista, os países mais pobres se desintegram economica e politicamente, com governos sustentados pela força das armas diante da insatisfação popular. Tal fenômeno se observa em países africanos, asiáticos e latino-americanos (Nicarágua e Venezuela inclusos).
  
Neste contexto, somente sobrevivem alguns modelos capitalistas, assim mesmo precariamente e com data de validade em contagem regressiva, pois, adiante, acabarão por também sucumbirem à falência geral. São eles:
À falta de um lastro como as reservas de ouro de outrora, o dólar hoje não passa de dinheiro sem valor 
— os países produtores de mercadorias tecnológicas de alto padrão, que incorporam alto valor agregado (trabalho excedente muito superior ao quantum de trabalho necessário para as suas fabricação e comercialização, como as mercadorias patenteadas e/ou com sigilo industrial guardado a sete chaves);
— os países cujas moedas têm credibilidade mundial, podendo, assim, ser emitidas e exportadas sem provocar inflação interna, além de receberem parte dos lucros de suas empresas sediadas noutros países e, principalmente, dos lucros do sistema financeiro internacional (embora tais lucros se fundem em dinheiro sem valor, apresentam balanços contábeis absurdamente positivos);
— os países populosos, com mão-de-obra barata e alto nível de endividamento, como a China e a Índia, que ganham competitividade na guerra concorrencial de mercado.

Tudo se processa de modo muito artificial e insustentável. Já são sentidos os sintomas de um colapso de todo o sistema proporcionado pela dívida pública e privada estratosférica e insolvável por valor válido ou dinheiro sem valor.
"já são sentidos os sintomas de um colapso de todo o sistema"

As potências inseridas no G7 são gigantes com pés de barro que ainda teimam em raciocinar como no pós-guerra quando o mundo se dividiu em dois blocos (Estados Unidos e União Soviética) que disputavam a hegemonia econômica capitalista liberal de um lado, e estatal capitalista do outro, tudo dentro de um espectro político que gerou a chamada guerra fria.  

O Brasil não se insere em nenhuma dessas hipóteses. Estamos fora do protagonismo da cena mundial capitalista, ainda que sejamos um país com extrema fartura de riquezas materiais.

Temos um Estado burocrático que olha para o cidadão como um criminoso em potencial até que ele prove o contrário (se for um criminoso endinheirado, contudo, tem salvaguardas judiciais e outras).

Temos uma lei que faz exigências sociais de 1º mundo em todas as áreas sociais, mas uma economia que leva a falência os empreendedores, impedindo-os de a cumprir.

Temos um processo eleitoral desmedidamente influenciado pelo poder econômico, o qual elege bancadas corporativas representadas em grande parte pela escória da sociedade (não são pouco os parlamentares processados pelos mais variados tipos de crimes e que se se tornam temporariamente impunes graças à imunidade que adquirem).  
"Temos um processo eleitoral desmedidamente influenciado pelo poder econômico"
Temos uma abismal diferenciação salarial entre os privilegiados da sorte (membros do Poder Judiciário, Legislativo e Executivo) e o cidadão assalariado de baixa renda (um juiz ganha num mês o que o trabalhador de salário-mínimo recebe em vários anos).

Temos um carga tributária complexa e cara.

Temos uma dívida pública e privada que paga as mais altas taxas de juros do mundo e que faz a alegria do sistema financeiro instalado aqui e alhures.

Temos um país de analfabetos disfuncionais ou funcionais e uma educação primária que se transformou num grande negócio para as empresas da educação direcionadas para os que podem pagar – e numa lástima para quem é obrigado a estudar em escolas públicas! (por Dalton Rosado)
(continua)

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