quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

LEIA O TEXTO, VEJA O FILME: SAIBA TUDO SOBRE OS IMIGRANTES MAIS FAMOSOS QUE OS EUA JÁ ASSASSINARAM.

Ricardo Cucciola e Gian-Maria Volonté estão superlativos nos papéis...
Hoje crianças guatemaltecas (vide aqui), ontem pobretões italianos: o assassinato de imigrantes por parte de autoridades estadunidenses vem de longe! 

Um dos piores linchamentos legalizados de todos os tempos foi o que a Justiça dos EUA impôs na década de 1920 a dois imigrantes italianos, o sapateiro Nicola Sacco e o peixeiro Bartolomeo Vanzetti: condenou-os à pena capital em julgamento marcado por tendenciosidade extrema, atribuindo-lhes um latrocínio ocorrido em abril de 1920.
...dos inocentes eletrocutados com fins de intimidação política

A parcialidade do tribunal de Massachussetts causou enorme indignação –manifestações de protesto reuniram multidões por todo o mundo, celebridades e eminentes juristas deram declarações candentes e até o Papa tentou evitar que eles fossem executados. Tudo em vão.

O fato de serem ambos anarquistas havia sido o fator determinante de sua condenação –os EUA viviam um período de histeria anticomunista após a revolução soviética de 1917– e a inevitável politização do caso acabou determinando a não aceitação, por parte do tribunal, de provas e de uma confissão que os inocentavam.

Ou seja, quando surgiram gritantes evidências de que os crimes haviam sido cometidos por bandidos comuns, as autoridades já tinham ido muito longe e preferiram perseverar no erro do que o admitir honestamente. Cometeram homicídio premeditado, portanto; elas sim mereciam a cadeira elétrica!
Em agosto de 1927, após mais de sete anos de tensão e sofrimento, foram eletrocutados. Meio século depois, o governador do Massachussets reconheceu-lhes oficialmente a inocência.

Esta saga foi levada às telas em 1971 pelo diretor e roteirista Giuliano Montaldo, um especialista em cinebiografias e dramas que têm acontecimentos históricos como pano de fundo (Giordano BrunoDeus está conoscoL'Agnese va a morireL'addio a Enrico Berlinguer, a mini-série Marco Polo, etc.).

Ele conseguiu apresentar uma síntese bem essencializada do caso, sem prejuízo da sua enorme carga emocional. E teve a felicidade de contar com uma dupla de atores magníficos, extremamente identificados com seus papéis (Gian-Maria Volonté e Riccardo Cucciola); e com mais uma trilha musical memorável do gênio Ennio Morricone, incluindo a fundamental escolha de Joan Baez para interpretar as três partes da Balada de Sacco e Vanzetti e o tema final, Here's to You.

Na minha opinião, o Caso Battisti tem muito a ver com o Caso Sacco e Vanzetti. Uma diferença era haver tido um desfecho justo em 2011, mas tal nuance não existe mais: acaba de ser absurdamente reaberto, com a chocante conivência da Justiça brasileira.  

A tendenciosidade dos relatores do processo no STF (então Cezar Peluso e Gilmar Mendes, agora Luiz Fux) foi, p. ex., idêntica à dos promotores estadunidenses.

E o empenho de reacionários poderosos, no sentido de que o assassinato de ambos servisse como exemplo para intimidar os movimentos de inconformismo com as injustiças sociais que estavam pipocando nos EUA, também tem tudo a ver com o lobby que aqui atuou para impingir uma narrativa falsa, mandando às favas todos os escrúpulos de consciência 

Queriam porque queriam nos enfiar goela adentro uma decisão tão infame quanto a entrega de Olga Benário aos carrascos nazistas no século passado.  É alentador sabermos que, até o presente momento, fracassaram. 

Vejam e avaliem, não só por termos presenciado e estarmos presenciando episódios semelhantes nestes tristes trópicos, convidando-nos à reflexão, como também pelo forte motivo de que é um filmaço!

As legendas estão em espanhol, mas dá para entendê-las perfeitamente.

2 comentários:

Anônimo disse...

E o Mino lançou mais um artigo -- desta vez assinado -- em sua cruzada anti-Battisti
https://www.cartacapital.com.br/opiniao/mino-carta-o-caso-battisti-do-asilo-a-extradicao/
Lamentável!

celsolungaretti disse...

Cada um faz o que quer com sua biografia. É só o que ele está fazendo: detoná-la mais ainda.

Pois nada do que esse sujeito escreva ou deixe de escrever terá qualquer influência no desfecho do caso: ou o Cesare se mantém a salvo, aqui ou em outro país, ou o pegam e extraditam de imediato.

Em qualquer das hipóteses, o que ele está escrevendo é um exercício de ociosidade. Aliás, o que não é, quando parte dele?

Penso que ele não era levado a sério nem mesmo quando, como diretor de redação da Veja, fazia editoriais batendo bumbo para os aniversários da ditadura militar.

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