terça-feira, 24 de julho de 2018

OS PEQUENOS E MÉDIOS EMPRESÁRIOS SOFREM; OS TRABALHADORES MORREM – 2

Empresas de segurança: mais um custo que se tornou inescapável
(continuação deste post)
.
Isto ocorre porque não é você quem dá ordens ao capitalismo, mas sim o capitalismo que dá ordens ditatoriais de comportamento para você. E, como a desobediência à sua lógica insensível lhe acarretará a falência  e o fim das suas atividades empresariais, você obedece:  
— vai temer a corrupção no poder Judiciário, que pode numa canetada destruir todos os seus sonhos empresariais, bem como a ineficiência e morosidade quando precisar dos seus serviços judiciais;   
— terá de contratar uma empresa de segurança, pois os assaltos são cada dia mais frequentes, bem como pagar seguros cada vez mais caros contra roubos, danos, incêndios, etc.; 
— verá que os grandes empresários se fundem em empresas monopolistas de mercado com as quais você não pode concorrer.

Diante disso e impelido pela concorrência que sonega impostos, você será impelido à sonegação. 

Ufa! Se depois de tudo isso você continuar vivo como empresário médio (de cada dez novos negócios que se abrem, apenas um sobrevive, conforme estatísticas oficiais), você estará com os nervos esfrangalhados pelo estresse e dificilmente vai ser um rico sadio do corpo e da alma.

Se falir e depender da previdência social na velhice você estará ferrado.
"Se depender do INSS, você estará ferrado"

Observe-se que o Estado moderno, republicano, cuja função precípua é a defesa institucional do capital, agora se volta contra o próprio capital pela via da cobrança de impostos de uma população economicamente exaurida e que tem no empresariado um agente de intermediação dessa cobrança. 

Assim, é o próprio empresariado médio e pequeno quem mais sofre, também, o achaque estatal. Trata-se de mais uma contradição da dinâmica do capital em seus estertores.
.
A VIDA DOS TRABALHADORES DE BAIXA RENDA (A GRANDE MAIORIA) – Por outro lado, se você for um trabalhador assalariado de baixa renda, vai viver no inferno: 
 terá de enfrentar diariamente ônibus lotados de casa para o trabalho e vice-versa;
— vai cai comer mal e ficar gordo por ingestão de alimentos inadequados (tipo pão com salsichas ou mortadelas baratas, mais refrigerante espoca-buchoque, ao invés de lhe fortificar, apenas inflam o seu estômago;
— temerá ser despejado da sua casa na favela por não ter pagado o aluguel ou a prestação da minha casa, minha dívida;
— vai ter de rezar para não ser achado por uma bala perdida;
— vai ter de enfrentar a fila do SUS se ficar doente, e ter dor de dente, pois serviços odontológicos são caros;
"Seu filho concluirá que ser trabalhador honesto é coisa de otário"
— vai ver seu filho desdenhar o exemplo de vida que você lhe dá, pois concluirá que ser trabalhador honesto é coisa de otário;
— vai ver seu filho ter uma educação deficitária em razão de uma escola pública precária, tornando-se mais um analfabeto funcional;
— vai temer que o seu filho descambe para o crime diante das ofertas de ganhos pretensamente fáceis que lhe permitam as regalias que ele vê na TV e tanto sonha em obter. 

Para o trabalhador, se o salário é ruim, pior é o desemprego que já atinge alguns dos seus vizinhos por anos a fio, pois isto significa o desespero e a morte. 

Além dessa flagrante disfunção entre capital/trabalho e a decomposição institucional, há os efeitos colaterais que afligem toda a sociedade, como:
"a locomoção tão lenta quanto no tempo das carroças"
— o aquecimento global; 
— a poluição de rios, lagoas e oceanos; 
— os congestionamentos insuportáveis de veículos, tornando a locomoção tão lenta quanto no tempo das carroças; 
—a violência urbana bárbara (são 21 mil assassinatos registrados nos cinco primeiros meses de 2018, fora os não registrados, que correspondem a números de guerra);  
— a perplexidade no semblante da maioria da população, oprimida por condições de uma vida aflitiva, entre outras tantas mazelas sociais que poderiam ser evitadas.

Isso é o capitalismo no seu estágio de limite interno absoluto.

Mas será que, mesmo diante de tantas evidências de saturação de um contrato social que se tornou anacrônico e ameaça a vida humana, nós não seremos capazes de sequer discutir uma mediação social fora dos padrões da forma-valor? Afinal, esta última não é nenhum dado social a-histórico, ontológico, imutável...

Onde está a capacidade do cérebro humano, tão pródigo em descobertas científicas antes inimagináveis, mas que agora não se mostra capaz de tomar consciência dos mecanismos que estão na base de todas as nossas mazelas sociais e superá-los?
Por Dalton Rosado

Que força dominadora fetichista é essa que nos impede de adquirirmos consciência do que somos e tomarmos nas mãos o nosso destino?

Será que seremos sempre obrigados a seguir celeremente rumo ao abismo, tal qual gado no estouro da boiada? 
85 anos depois, continuamos vendo "quem trabalha andar no miserê"

4 comentários:

Unknown disse...

Salomão podia pedir o que quisesse a Deus e lhe seria dado.
O Rei pediu Sabedoria e o necessário à vida.
Confundir recursos amoedados com riqueza é a primeira ilusão do neófito. Por isso ele sofre.
Uma pessoa sábia, antes de fazer, procura se informar, projeta, orça, cronograma, testa e, por fim, executa.
Se as informações forem ruins (grato por mostrar as agruras dos pequenos empresários) nem começa.
Só por evitar a alguém perder tempo e dinheiro, a Sabedoria é uma grande riqueza!
Outra imensa riqueza é a Saúde. Para mantê-la são necessários cuidados. Zelar de si com carinho, manter-se hígido, simples, frugal e sóbrio.
Saúde vale mais que estudo, ou dinheiro.
O que mais se vê são pessoas jogando a saúde fora com comportamentos e hábitos deletérios.
No campo moral: procurar ser honesto, verdadeiro, bondoso e justo.
Como se vê, ainda não toquei na possibilidade de ter dez milhões, mas, a quem tenha, sugiro aplicá-lo em renda fixa e consumir, o mais lentamente possível, esse recurso.
Despreocupado, e com tempo, poderia, inicialmente, cuidar da saúde.
Bem disposto, procuraria obter conhecimento - em particular o técnico científico.
Plantar árvores e reflorestar nascentes.
Fazer amizades com pessoas que querem apenas deixar fruteiras plantadas.
Contratar alguns desses idealistas (se for o caso) para trabalhar com permacultura, energias renováveis e tudo de bom e saudável que existe e se chegue a conhecer.
Há pessoas que estão fazendo algumas (ou todas) essas coisas e são bem sucedidas.
Parecem alienígenas no meio do desespero que grassa em meio ao povaréu.
Disfarçam o quanto podem sua condição feliz, posto que o tom do discurso geral é melancólico, como o seu.
Ah, todos conscientes de que morrerão, mais dia menos dia, e não consideram esse fato algo triste.
Por sinal, nenhum tem nem um milhão.
Mas sabem como usar bem os recursos.

Henrique Nascimento disse...

O texto do Dalton, embora melancólico e aterrorizante, é de fato real. Não tenho condições de opinar quanto ao colapso do capital que ele apregoa. Não dar realmente para esperar que uma pessoa que nasceu e viveu toda a sua vida sem acesso a educação e saúde de qualidade (no Brasil são milhões), tendo que acordar às 4 h da manhã e chegar de volta à favela às 10 h da noite "procure conhecimento tecnico-cientifico para plantar árvores e reflorestar a nascente" ou que "seja sóbrio e honesto". Nem o atual e os dois ex-presidentes anteriores foram honestos!

Unknown disse...

Atente, nobre Henrique, que me refiro as possibilidades de investimento e empresas para quem detenha o capital de dez milhões de reais. A título de exemplo de coisas boas e saudáveis que se pode fazer com dinheiro.
Quanto a ser sóbrio e honesto não custa um centavo.
E traz riqueza.
Conheço uma pessoa que gastava tudo que ganhava com drogas. Parou. Quitou as dívidas nas bocas. Saiu limpo. Tanto no corpo, quanto na mente. Agradeceu e sumiu.
Quando ela comprou uma casa com piscina o povo dizia que era dinheiro de drogas... Ela dizia - é mesmo, o que eu gastava com drogas usei para comprar a piscina!
Ser decente não custa nada. A única coisa fácil de fazer é a coisa certa. As erradas precisam de consertos e só dão prejuízos.
Fica na paz.

Henrique Nascimento disse...

Prezado Abdias: permita-me contrapor mais uma vez. Sei que isso foge do tema do texto do Dalton (espero que o Celso publique).

O consumo abusivo de álcool, uma droga licita do ponto de vista juridico, e drogas ilícitas não tem relação nenhuma com honestidade de uma pessoa (mas tem a haver com sobriedade). A adicção (ou a compulsão) por uso de substâncias alucinógenas (sejam elas lícitas ou lícitas) é considerada doença, da mesma forma que o câncer, hipertensão, diabetes, etc, etc. Tenho amigos que tiveram problemas com o uso dessas substâncias. Tais pessoas precisam de tratamento medico-psiquiátrico como qualquer outra doença. O caso mais emblemático atual é do Casagrande, ex-jogador e hoje comentarista esportivo, que fez questão de revelar a sua doença. O problema é que essa doença é estigmizada, ou seja, as pessoas olham ela de forma infelizmente ainda preconceituosa como desvio de caráter, mas o doente é apenas um doente precisando de tratamento. O Casagrande e meus amigos são desonestos e sem ética por que usaram drogas ? Dos meus amigos posso falar que são pessoas altamente altruístas! Eles não fizeram nada errado, apenas são doentes.

Related Posts with Thumbnails