Lula, 72 anos. Como ficará se tiver de passar 6 anos encarcerado? |
Para quem quer saber o que realmente rola nos bastidores da política brasileira, a coluna da Mônica Bergamo na Folha de S. Paulo é um prato cheio. Embora tenha lá suas simpatias políticas (e são pela esquerda!), ela não escreve para fornecer matéria-prima a quem quer martelar na cabeça dos leitores versões convenientes, mas sim para colocar o cidadão comum a par de como o panorama é visto nos círculos do poder.
Neste sábado (14) a Mônica revela que, segundo "as contas de criminalistas que têm familiaridade com o caso de Lula", a tendência é de seja condenado a seis anos em regime fechado, e isto levando-se em conta "apenas as possíveis condenações em processos que estão com o juiz Sergio Moro": o do sítio de Atibaia e o do terreno do Instituto Lula.
O cálculo dos criminalistas é simples. Em ambos Lula é acusado dos mesmos crimes (corrupção passiva e lavagem de dinheiro) que, no caso do triplex, lhe valeram uma pena de 12 anos e 1 mês. Tudo leva a crer que as duas sentenças vindouras ficarão próximas da primeira. Aí, condenado a cerca de 36 anos, Lula só sairia do regime fechado depois de cumprir a sexta parte, ou seja, seis anos.
Zé Dirceu, 72 anos, já está assim! |
Outras avaliações:
— a possibilidade de Lula sair logo da cadeia é bem pequena, salvo ele ficar doente;
— poderá ser libertado caso o STF decida que a condenação em segunda instância é insuficiente para a pena começar a ser cumprida, mas a mudança da regra parece pouco provável após o voto da ministra Rosa Weber no recente julgamento do habeas corpus do Lula;
— sua defesa poderá pleitear ao STJ uma rediscussão do tamanho de suas penas, mas o tribunal tem se alinhado à Lava Jato;
— o pedido de unificação e consequente diminuição do total das penas é outra cartada possível, só que em médio prazo (e não dá para se projetar, desde já, qual seria a decisão do juiz de execução penal).
— poderá ser libertado caso o STF decida que a condenação em segunda instância é insuficiente para a pena começar a ser cumprida, mas a mudança da regra parece pouco provável após o voto da ministra Rosa Weber no recente julgamento do habeas corpus do Lula;
— sua defesa poderá pleitear ao STJ uma rediscussão do tamanho de suas penas, mas o tribunal tem se alinhado à Lava Jato;
— o pedido de unificação e consequente diminuição do total das penas é outra cartada possível, só que em médio prazo (e não dá para se projetar, desde já, qual seria a decisão do juiz de execução penal).
Como desgraça pouca é bobagem, a Mônica informa que o Zé Dirceu corre sério risco de voltar ao cárcere "até o fim da próxima semana", caso o Tribunal Regional da 4ª Região julgue improcedentes os embargos interpostos por sua defesa. "Se negados, a detenção pode ser imediata."
São perspectivas muito ruins. Quanto ao Lula, ele tem 72 anos e corre o risco de permanecer encarcerado até os 78 em função de apenas três dos nove processos a que responde. Se o rumo dos acontecimentos permanecer inalterado, não nos iludamos: ele deverá morrer na prisão.
Que os dirigentes petistas se compenetrem disto e ponham a mão na consciência: as denúncias de parcialidade e a hostilização incessante da Justiça imperfeita que está aí (e aí ficará, sabe-se lá até quando...) só têm feito o rigor da lei desabar inteiro sobre a cabeça de Lula, nada indicando que a postura de confronto vá produzir resultados melhores doravante.
Vale a pena manter-se a beligerância atual ou seria o momento de um recuo tático, deixando-se de lado as estridências panfletárias para, discretamente, buscar-se alguma forma de entendimento na esfera política?
Esta é a pergunta que os grãos petistas têm de fazer a si próprios, quando se torna cada mais evidente que a esfera legal hoje não passa de um terreno minado, do qual nada de bom se deve esperar.
O que importa mais para o PT, afinal? Preservar as teorias da conspiração com as quais têm fugido às suas responsabilidades pelos desastres recentes ou fazer o máximo que puder para salvar o Lula de um destino que se augura o pior possível?
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