quarta-feira, 21 de março de 2018

O FILME ESTÁ DISPONIBILIZADO NO BLOG: CONHEÇA UM DOS PIORES LINCHAMENTOS LEGALIZADOS DE TODOS OS TEMPOS!

Ricardo Cucciola e Gian-Maria Volonté estão superlativos nos papéis...
Um dos piores linchamentos legalizados de todos os tempos foi o que a Justiça estadunidense impôs na década de 1920 a dois imigrantes italianos, o sapateiro Nicola Sacco e o peixeiro Bartolomeo Vanzetti: condenou-os à pena capital em julgamento marcado por tendenciosidade extrema, atribuindo-lhes um latrocínio ocorrido em abril de 1920.

A parcialidade do tribunal de Massachussetts causou enorme indignação –manifestações de protesto reuniram multidões por todo o mundo, um sem-número de celebridades e juristas deram declarações candentes e até o Papa tentou evitar que eles fossem executados. Tudo em vão.
...dos inocentes eletrocutados com fins de intimidação política

O fato de serem ambos anarquistas havia sido o fator determinante de sua condenação –os EUA viviam um período de histeria anticomunista após a revolução soviética de 1917– e a inevitável politização do caso acabou determinando a não aceitação, por parte do tribunal, de provas e de uma confissão que os inocentavam.

Ou seja, quando surgiram gritantes evidências de que os crimes haviam sido cometidos por bandidos comuns, as autoridades já tinham ido muito longe e preferiram perseverar no erro do que o admitir honestamente. Cometeram homicídio premeditado, portanto; elas sim mereciam a cadeira elétrica!

Em agosto de 1927, após mais de sete anos de tensão e sofrimento, foram eletrocutados. Meio século depois, o governador do Massachussets reconheceu-lhes oficialmente a inocência.

Esta saga foi levada às telas em 1971 pelo diretor e roteirista Giuliano Montaldo, um especialista em cinebiografias e dramas que têm acontecimentos históricos como pano de fundo (Giordano BrunoDeus está conoscoL'Agnese va a morireL'addio a Enrico Berlinguer, a mini-série Marco Polo, etc.).

Ele conseguiu apresentar uma síntese bem essencializada do caso, sem prejuízo da sua enorme carga emocional. E teve a felicidade de contar com uma dupla de atores magníficos, extremamente identificados com seus papéis (Gian-Maria Volonté e Riccardo Cucciola); e com mais uma trilha musical memorável do gênio Ennio Morricone, incluindo a fundamental escolha de Joan Baez para interpretar as três partes da Balada de Sacco e Vanzetti e o tema final, Here's to You.

Na minha opinião, o Caso Battisti foi um Caso Sacco e Vanzetti que acabou bem (nada indica que a atual insistência da Itália em reabri-lo vá levar a outro resultado que não a confirmação do que foi decidido em 2010/2011). A tendenciosidade dos dois relatores do processo no STF (primeiramente Cezar Peluso e depois Gilmar Mendes) foi, p. ex., idêntica à dos promotores estadunidenses. 

E o empenho de reacionários poderosos, no sentido de que o assassinato de ambos servisse como exemplo para intimidar os movimentos de inconformismo com as injustiças sociais que estavam pipocando nos EUA, também tem tudo a ver com o lobby que aqui atuou para impingir uma narrativa falsa e tentar impor o que seria uma decisão tão infame quanto a entrega de Olga Benário aos carrascos nazistas no século passado. 

Vejam e avaliem, não só por termos presenciado episódios semelhantes nestes tristes trópicos, convidando-nos à reflexão, como também pelo forte motivo de que é um filmaço!

As legendas estão em espanhol, mas dá para entendê-las perteitamente.

Um comentário:

Anônimo disse...

Celso, interessante, identificação com casos daqui. Abraços.

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