sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O CARNAVAL BRASILEIRO EM 5 FILMES INESQUECÍVEIS

ALÔ, ALÔ, CARNAVAL (1936)
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Como falar de Carnaval e não mencionar a nossa pequena notável Carmen Miranda? Se a atriz e cantora nascida em Portugal e ícone de Hollywood foi responsável por criar um imaginário internacional da baiana requebrante cheia de frutas na cabeça, muito disso se deve a sua presença em diversos filmes que estrelou na tela grande. 

E destes, o único que contou com sua participação no início da carreira – ou seja, ainda no Brasil e antes de sua ida para os Estados Unidos – é esta divertida comédia musical dirigida pelo veterano Adhemar Gonzaga (fundador da Cinédia, o primeiro estúdio de cinema brasileiro). 

Neste verdadeiro clássico, Carmen e sua irmã, Aurora Miranda, aparecem como vedetes da Rádio Nacional – a canção “Cantoras do Rádio” foi interpretada aqui, pela primeira vez, com as duas juntas – cantando populares marchinhas que iam além dos estúdios e faziam a festa de foliões por todo o país em pleno carnaval. 

Contando ainda com nomes como Oscarito e Lamartine Babo, o filme teve tamanho impacto nas bilheterias que três anos depois estrearia a continuação Banana da Terra (1939), desta vez com a brazilian bombshell como estrela absoluta! (por Robledo Milani, no site Papo de Cinema)
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CARNAVAL ATLÂNTIDA (1952)
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A Atlântida dominou a produção cinematográfica brasileira por mais de duas décadas, realizando um grande número de chanchadas e musicais muitas vezes ligados ao universo carnavalesco. 

Um dos mais populares exemplos da fórmula de sucesso do estúdio foi esta comédia dirigida por José Carlos Burle e Carlos Manga, cuja trama acompanha o renomado produtor de cinema Cecílio B. de Milho (Renato Restier), que deseja realizar uma suntuosa adaptação do clássico Helena de Troia e para isto contrata o professor Xenofontes (Oscarito), especialista em mitologia grega, como consultor da produção. 

Enquanto tenta dar início ao projeto, o produtor se vê às voltas com diversos personagens peculiares, como sua sobrinha cubana Lolita (Maria Antonieta Pons), o Conde Verdura (José Lewgoy) e a dupla de malandros Miro (Grande Otelo) e Piro (Colé), que querem transformar o filme num musical de carnaval. 

Satirizando os épicos de Cecil B. DeMille, o filme apresenta cenas hilárias – o diálogo romântico entre Oscarito, como Helena de Troia, e Lewgoy, como o galã Paris, se tornou clássico – intercaladas com ótimos números musicais que utilizam famosas marchinhas (“Cachaça”, “Ninguém Me Ama”, “Quem Dá aos Pobres”) interpretadas por grandes artistas da época, como Dick Farney e Nora Ney. (por Leonardo Ribeiro, no site Papo de Cinema)
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ORFEU DO CARNAVAL (1959)
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vencedor da Palma de Ouro em Cannes, do Globo de Ouro e do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, este longa do francês Marcel Camus tornou-se um ícone da imagem idealizada da cultura brasileira exportada para o mundo através do cinema. 

Baseado na peça Orfeu da Conceição, de Vinícius de Moraes, por sua vez inspirada na mitologia grega, o longa é ambientado no Rio de Janeiro durante a época do carnaval, onde Orfeu (o ex-jogador de futebol Breno Mello), condutor de bonde e músico adorado por todos na favela em que vive, se apaixona pela inocente Eurídice (Marpessa Dawn), que deixou seu lar no interior para fugir da Morte (papel do bicampeão olímpico do salto triplo Adhemar Ferreira da Silva). 

Mesmo premiado, recebeu críticas dentro e fora do país por seu retrato caricatural do Brasil como um lugar onde as pessoas vivem dançando em um eterno desfile carnavalesco. Apesar disto, é difícil negar a beleza estética da trágica história de amor apresentada por Camus, que concebe momentos verdadeiramente poéticos e que também ajudou a propagar a Bossa Nova, presente na magistral trilha de Tom Jobim e Luís Bonfá. (por Leonardo Ribeiro, no site Papo de Cinema)
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QUANDO O CARNAVAL CHEGAR (1972)
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Quando o Carnaval Chegar é um encontro com alguns dos grandes cantores de sua época e um presente do diretor Cacá Diegues para sua mulher, Nara Leão, que o acompanhara no exílio. 

Mas o filme será eternamente identificado a Chico Buarque de Hollanda, que compôs as canções da trilha sonora, incluindo a célebre faixa-título, que se sobrepõe à própria película no imaginário do público (também se encontram no filme grandes composições de Lamartine Babo, Braguinha, Joubert de Carvalho, Assis Valente, Nássara, Tom e Vinícius, etc.). 

Nara, Chico e Maria Bethânia são Mimi, Paulo e Rosa, um trio com todos com menos de trinta anos, que fazem parte de uma trupe de cantores de rádio que se apresentam pelo Brasil afora num ônibus multicolorido e fazendo a festa onde quer que estejam.

Mas há paixões, intrigas, dúvidas, discussões, incertezas e ciúmes. Os personagens refletem os artistas que os interpretam. Paulo é o ídolo popular e estrela do grupo, a principal referência pela qual a trupe é conhecida. Rosa é a mais brincalhona e a que se diverte com tudo e todos. Mimi representa o contraponto à alegria expressa pelo filme, que joga toda sensação de desamparo para cima da personagem de Nara Leão.

Completam o grupo o empresário Lourival (Hugo Carvana), e o motorista Cuíca (Antonio Pitanga), tocador do instrumento nas rodas de samba no morro de origem, sempre a espera de uma oportunidade no show. 

Destaque ainda para a parte do elenco que compõem o que seria os vilões de Quando o Carnaval Chegar: Elke Maravilha, como uma espectadora francesa que se envolve e ilude o personagem de Antonio Pitanga, além de José Lewgoy, de grande poder no mundo dos espetáculos, e seu capanga interpretado por Wilson Grey ─ os dois últimos citados, monstros sagrados da chanchada, o que remete ainda mais aos áureos tempos das produções da Atlântida.

Trata-se de uma turma que batalha e sonha, sofre e se decepciona, sempre no aguardo de alguma grande chance (tanto no trabalho quanto no dia-a-dia e no amor), em meio as suas alegrias e canções, e à expectativa de quando o carnaval chegar. (trechos da crítica de Vlademir Lazo no site Revista Zingu)
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Ó, PAI, Ó (2007)
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Baseado na peça musical homônima levada aos palcos em 1992 pelo Bando Olodum, este filme dirigido por Monique Gardenberg oferece um curioso painel sobre o fervor carnavalesco em Salvador, cidade que é sinônimo de folia em todo o país. 

A trama não é única e formada por tipos diversos, representantes das diversas facções envolvidas na festa. Lázaro Ramos (talvez o mais à vontade) divide suas preocupações entre conquistar uma namorada e o desfile do bloco do Araketu. 

Stênio Garcia é o comerciante em busca de turistas, enquanto que Wagner Moura empresta seu talento a um tipo repugnante, o playboy racista e preconceituoso. Há ainda a beata dona de um cortiço, a mãe-de-santo, o taxista e a mulher especializada em abortos. 

Os conflitos entre estes tantos personagens vão se sucedendo, e o mais interessante não é o desenlace individual de cada um, mas o pulsante e colorido cenário que oferecem no todo. 

E no meio de tanta confusão, reflete com precisão o retrato de um Brasil que, mesmo diante das situações mais adversas, sempre encontra fôlego para jogar tudo para cima e dançar até cair. Ou ao menos até a 4ª feira de cinzas. (por Robledo Milani, no site Papo de Cinema)

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