(continuação – clique aqui para acessar a parte 1)
O mercado é o altar da verdade capitalista. Nele se viabiliza o valor de troca capaz de fazer funcionar a máquina segregacionista da auto-reprodução acumulada de capitais, mas, paradoxalmente, é o lugar onde termina por se denunciar a ilogia de um modo de mediação social que, por suas próprias contradições, tende ao colapso.
O mercado e o capitalismo caminham para o momento épico no qual se fechará o seu ciclo histórico de nascimento, vida e morte.
Trump, ao mesmo tempo empresário e político, burguês poderoso e cidadão investido do poder estatal, experimenta a contradição trazida a lume entre sua função como chefe da nação e o interesse de sujeito automático da forma-valor, insensível a qualquer interferência que vise atingir a sua necessidade de reprodução contínua e crescente.
O nacionalismo capitalista de Trump contradiz a exigência capitalista da globalização e a outrora inquestionável defesa estadunidense do livre mercado, demonstrando a incoerência de um sistema que se tornou anacrônico e se perdeu a si mesmo. Quem defende agora o livre mercado é a china, dita comunista. A verdade de ambos se evidencia.
São posturas inconciliáveis que expõem a fragilidade própria à insustentabilidade de um sistema que faz água por todos os lados. O nacionalismo teve lugar na fase de ascensão regionalizada do capitalismo, mas agora se tornou inconveniente em muitos aspectos; tem como únicas justificativas atuais a garantia da força militar nacional e o controle monetário.
America first bate de frente com os povos do restante do mundo, que assim compreendem mais claramente que a cidadania não passa de um conceito econômico (só recebe facilmente o green card quem tem dinheiro, enquanto os imigrantes pobres não entram na civilizada União Europeia, a não ser clandestinamente, quando aportam às praias em embarcações precárias).
Trump não proíbe a entrada nos EUA de milionários de qualquer raça, pois até a sua perseguição étnica sucumbe aos ditames seletivos do capital.
O mundo dito civilizado e rico, ao se fechar nos nacionalismos conservadores e xenófobos (cada vez mais prestigiados pelos seus nacionais ao elegerem políticos outsiders com discursos racistas e protecionistas) esquece-se dos horrores das guerras mundiais. É perigosa esta amnésia histórica!
O mundo dito civilizado e rico, ao se fechar nos nacionalismos conservadores e xenófobos (cada vez mais prestigiados pelos seus nacionais ao elegerem políticos outsiders com discursos racistas e protecionistas) esquece-se dos horrores das guerras mundiais. É perigosa esta amnésia histórica!
Como disse Karl Marx, na sua crítica sobre o livro O sistema nacional da economia política, de Friedrich List :
"...a nacionalidade do operário não é francesa, nem inglesa, nem alemã; é o trabalho, a escravidão livre, o regateio de si mesmo. O governo do operário não é francês, nem inglês, nem alemão: é o capital. O ar pátrio do operário não é o ar francês, nem alemão, nem inglês: é o ar da fábrica. O solo que pertence ao operário não é solo francês, nem inglês, nem alemão: é um solo que fica alguns pés abaixo do chão...
...No plano interno a pátria do industrial é o dinheiro".É graças ao caráter nômade do dinheiro, que, tal como a água, procura estabilizar-se onde lhe seja possível acomodação (no caso, a possibilidade de crescimento, sem o qual definha e morre) que o obsoleto pensamento nacionalista xenófobo de hoje se contrapõe às exigências do capital em seu momento de limite interno absoluto de capacidade de expansão.
Assim, Trump nada mais é do que a perigosa expressão da força bruta irracional do capital moribundo.
A nós cabe a superação do mundo da mercadoria e a implantação do mundo da solidariedade emancipatória, no qual a espécie humana (como o diz o DNA dos seres humanos de todos os matizes), tenha como prioridade máxima a construção e sustentação solidária de um modo de ser social dignificante e capaz de prover a vida de modo sustentável, fraterno e cômodo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário