quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

SOLTARAM UM TRUMP NA LOJA DE CRISTAIS

Quando se junta esta imagem...
CLÓVIS ROSSI 
"AO RECONHECER JERUSALÉM COMO CAPITAL DE ISRAEL, TRUMP TOCA FOGO, PARA NADA"
Não há cidade no mundo que tenha tamanha carga de história e misticismo como Jerusalém. Mexer com Jerusalém é mexer com os fiéis das três grandes religiões monoteístas (católicos, muçulmanos e judeus).

E foi justamente com Jerusalém —cujos deuses dormitavam— que esse inacreditável Donald Trump resolveu mexer nesta 4ª feira (6), como se não houvesse no mundo assuntos muito mais urgentes a enfrentar.

É um piromaníaco, a incendiar uma região que já tem a sensibilidade à flor da pele.
...com esta outra...

Pior, tascou fogo para nada, a rigor. Claro que o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel tem tremenda carga simbólica —daí as unânimes previsões de que o líder estadunidense estava "jogando a região e o mundo em um fogo que não tem fim à vista", para citar o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, entre os muitos aliados de Washington que condenaram a decisão.

Mas o simbolismo se esgota em si mesmo porque efeitos práticos propriamente ditos não haverá, ao menos não imediatamente. É provável que haja, sim, uma sequência de manifestações, talvez violentas em todo o mundo muçulmano, mas tendem a não durar muito.

Primeiro, porque o anúncio não muda nada para os judeus do mundo todo: uma significativa maioria deles sempre achou que Jerusalém é a capital una e indivisível de Israel, digam o que disserem Trump e os demais governantes do planeta.
...o resultado só pode ser deste tipo...
Segundo, porque a comunidade internacional continuará a não reconhecer Jerusalém como capital indivisível de Israel. Deve haver alguma razão —que Trump não leva em conta— para que 86 embaixadas estejam instaladas em Tel Aviv e nenhuma em Jerusalém.

A razão do ponto de vista jurídico é clara: em 1980, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, o coração do sistema internacional, aprovou resolução que condena a anexação por Israel de Jerusalém Oriental (predominantemente palestina), na esteira da guerra de 1967, considerando-a uma violação da lei internacional.

Além disso, há uma aceitação praticamente universal de que o status de Jerusalém deve ser definido no marco de uma negociação de paz entre Israel e os palestinos.

Até os EUA participavam desse consenso, tanto que presidentes democratas e republicanos (Bill Clinton, Barack Obama, George W. Bush e mesmo Trump, até 4ª feira) sempre adiavam a decisão (aprovada pelo Congresso em 1995) de transferir a embaixada para Jerusalém.
...mas, e daí? A alegria do Trump é ver o circo pegar fogo.

Como a mudança da embaixada foi de novo adiada por decisão de Trump, no terreno não muda nada. Talvez apenas a previsão generalizada de que o presidente dinamitou de vez um processo de paz que, de qualquer forma, já estava comatoso.

O melhor balanço da história está no resumo da mídia em hebraico, feito para o Times of Israel por Joshua Davidovich: "Quase todo mundo em Israel concorda que Jerusalém é a capital de direito, mas muitos veem que os diferentes custos do reconhecimento superam qualquer benefício".

Muitos, menos Trump, piromaníaco que se acha o centro do mundo e não liga minimamente para o resto do planeta e para o bom senso. (por Clóvis Rossi)

Um comentário:

jpcosta disse...

é um aloprado.

Related Posts with Thumbnails