domingo, 10 de setembro de 2017

UMA VEZ NA VIDA O OTAVINHO ESTÁ CERTO: COMBATER A CORRUPÇÃO É COMO ENXUGAR GELO. SOB O CAPITALISMO JAMAIS ACABARÁ!

Este blogue há muito tenta arejar a mentalidade de uma esquerda simplista que, sem perceber, trata seus adversários políticos como hereges que pecaram contra o Deus único e verdadeiro

Nos tempos da (nada) Santa Inquisição era assim: quem se chocava com a autoridade religiosa passava a ser encarado como um leproso e os cidadãos comuns nada liam dele, nem mesmo receitas culinárias, por medo de serem contaminados.

Temos obrigação de ser melhores do que esses fanáticos do maniqueísmo. Então, aqui se reproduzem textos consistentes e originais, provenham de quem provierem. Até mesmo do Otávio Frias Filho, o diretor de redação da Folha de S. Paulo, quem não me lembro de haver alguma vez escrito algo favorável, pois o que o colocou em minha mira têm sido sempre episódios nos quais o seu jornal fez papel de vilão.

Neste domingo (10/09), contudo, um trecho de sua análise do filme sobre a Lava Jato veio ao encontro do que afirmo há décadas sobre a corrupção, inclusive algo que poucos ousam afirmar: erradicá-la é uma fantasia, pelo menos (acrescentaria eu) numa sociedade regida pelo enriquecei! capitalista.
Seria pedir demais ao Otavinho que ele, além disto,  fizesse coro comigo quanto ao fato de que a corrupção é intrínseca ao capitalismo e subsistirá enquanto não dermos um fim à exploração do homem pelo homem

Mas, tudo que ele colocou nos quatro parágrafos abaixo é verdadeiro e merece ser apresentado aos leitores do Náufrago:
"Uma parcela imensa, majoritária de pessoas acredita que a política brasileira é uma das mais corruptas do mundo, que a corrupção é nosso maior problema e que o dinheiro desviado bastaria para resolver a maioria de nossas mazelas. Muitos saltam à conclusão seguinte, a de que somente um demiurgo alheio à política seria capaz de reformá-la num passe de mágica.

Essas concepções são em parte simplistas, em parte mal fundamentadas. O elo nefasto entre política e dinheiro –na forma específica de empresas que prestam serviços ao governo e por isso financiam campanhas eleitorais de políticos em troca de vantagens contrárias ao interesse público quando eleitos– talvez seja o problema central das democracias modernas.

Embora a proporção dos desvios revelados pela Lava Jato seja de fato assombrosa, escândalos semelhantes irrompem mesmo nos países desenvolvidos, que dispõem de mecanismos mais capazes de conter a corrupção (erradicá-la é outra fantasia). 

É notório, também, que a sensibilidade à corrupção aumenta em crises econômicas, e que a profusão de crimes descobertos gera a sensação de que não eram praticados antes, quando na realidade eram apenas desconhecidos". 

5 comentários:

SF disse...

Pois então, Celso...

A reflexão que fiz sobre como melhorar a humanidade levou-me a reconhecer que só posso melhorar a mim mesmo.

Como axioma considero que o animal humano está no nível das feras: agressivo, egoísta, insensível, amoral e carnívoro, porém dotado de fina inteligência.

Pois bem, sua inteligência superior o levou ao dilema moral que nos encontramos atualmente: o egoísmo sobrepondo-se a generosidade implícita nos avanços da tecnologia.

Temos riqueza mas não sabemos usá-la para o bem comum, pois ainda somos dominados pela mesquinharia.

Aquilo que Dalton diz ser mercadoria, trabalho abstrato e dinheiro nada mais são do que sofisticadas formas de mesquinharia, completamente em desacordo com o progresso material já alcançado.

Em que pese a pressão que a sociedade corrupta exerce, o fato de que nos sentimos mal com a imoralidade nela existente já é sinal de algum progresso.

Não que sejamos perfeitos ou que passemos incólumes por ela, mas em boa medida podemos vencer a corrupção em nós mesmos.

E quanto mais formos assim mais difícil será a vida dos corruptos degenerados e imorais que insistem em querer que balizemos nossa ação e consciência pelos pervetidos princípios que propagandeam.

O Frias pode estar a serviço dos corruptos ao dizer que não há como derrotá-los.

Há sim! Pois quando um ser humano se eleva puxa outro tanto para cima e dificulta sobremaneira a vida dos corruptos e a expansão da sua mediocridade.

Afinal, apenas pessoas morais podem apreciar a elegância que existe na Justiça, Beleza e Bondade, ao mesmo tempo em que barram a breguice da corrupção, só por serem quem são.

celsolungaretti disse...

Na verdade, companheiro, neste artigo o único interesse do Frias é passar uma imagem de intelectual para depois ouvir muitos elogios dos puxa-sacos.

Revolução interior é coisa do Gandhi e que tais. Muito bonito, mas não há como competir com a influência avassaladora do consumismo e da indústria cultural.

O cidadão é impelido a buscar com todas as forças a grana, o status, o poder, o luxo, a diferenciação. É levado a não querer ser igual aos outros, mas sim melhor do que eles, em termos materiais. E, se não consegue enriquecer dentro da lei mas é alguém com iniciativa, vai buscar formas de burlar as leis.

É uma dificuldade a mais no combate à corrupção: geralmente quem a pratica tem mais iniciativa e engenhosidade do quem se conforma em respeitar a lei por medo de ser preso.

Então, a solução não são nem as cruzadas moralizadoras nem a revolução interior; temos mesmo é de superar o capitalismo e construir uma sociedade com prioridades bem diferentes: a realização do bem comum e a coexistência harmoniosa com a natureza e com os demais seres humanos.

Um forte abraço!

SF disse...

Celso,

Para ser predador, o animal precisa ser cruel e insensível.

É imperativo da natureza que a fera pegue, mate e coma!

Portanto, não pode existir bondade no mundo das feras.
Muito menos justiça e beleza.

O cenário comum às feras é composto de sangue, corpos dilacerados e gritos de dor, dominado pelo olhar sereno do predador satisfazendo-se alheio ao sofrimento reinante.

Está feliz e justificado, pois sua astúcia, crueldade e indiferença a dor lhe deram vantagens.

Este é o atual estágio moral da humanidade, agora em franca discordância com o progresso da sua inteligência.

E uma mudança desses estado de coisas só virá quando ela evoluir moralmente.

Todo e qualquer arranjo fora desse contexto resultará em estrondoso fracasso.

A fera tem que morrer para que o Humano possa nascer.

celsolungaretti disse...

Companheiro, você parece acreditar que temos muito tempo pela frente.

O que temos é, engatilhada, a pior depressão econômica da história do capitalismo. Tudo indica que ocorrerá na próxima década ou, o mais tardar, na seguinte. Disto não passa.

E a incógnita que são as alterações climáticas, cuja gravidade não se pode prever ainda, mas poderá inclusive extinguir a espécie humana. O timing é o mesmo: na próxima década ou na seguinte.

Temos a tendência de achar que tudo está bem e não queremos ver a tempestade se formando. Mas os indícios são claríssimos, na economia e no clima.

Então, a lenta evolução que você coloca está fora de cogitação. O homem teve milênios para superar a bestialidade que é parte de sua herança. Agora é tarde. Temos, do jeito que somos, de preparar-nos para enfrentar os tempos ruins que estão chegando, tentando sobreviver a eles e, talvez, reconstruir a nossa sociedade em outros moldes.

Abs.

SF disse...


Celso,

Todos os que querem o bem da humanidade nunca podem desacreditar dela.

Não é por causa de alguns pigmeus morais que devemos descrer que podemos evoluir no sentido do bem.

E continuemos, cada um na sua caminhada, fazendo o melhor que pudermos.

Forte abraço.

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