Uma leitura agradável de outrora eram os causos pitorescos de políticos que o Emanuel Neri contava diariamente na Folha de S. Paulo.
Um que nunca esqueci foi o de um coronelão nordestino assistindo a uma partida de futebol na qual, bem no finzinho, o juiz marcou um pênalti contra o time da sua cidade.
Os jogadores pediram sua ajuda e ele não se fez de rogado.
Os jogadores pediram sua ajuda e ele não se fez de rogado.
"Manda desmarcar!", ordenou o coronel (que não conhecia grande coisa de futebol).
Quando os puxa-sacos lhe explicaram que isto era impossível, ele deu outra decisão:
"Então manda cobrarem pro nosso lado!"
Lembrei do bom Emanuel (que está firme e forte, dono de uma pousada em São Miguel do Gostoso, RN, e com conta no Facebook) ao ver nos jornais de hoje que o Lula botou um cocar na cabeça durante suas andanças pelo Nordeste.
Lembrei de uma superstição relacionada a isto, que foi muito mencionada quando o helicóptero no qual viajava Ulysses Guimarães se acidentou, caiu no mar e o dele foi o único cadáver não encontrado. Tiveram de enterrar um caixão vazio.
Fui no Google esperando encontrar um texto do Emanuel Neri sobre o assunto. E encontrei! Este:
"O folclore político diz que dá azar por cocar na cabeça.
Segundo essa tradição, o azar não vem do cocar, mas das penas com que ele é feito. Se a ave que cedeu as penas tiver morrido, o azar é maior ainda.
Supersticioso, o ex-presidente José Sarney resistiu a várias investidas de líderes indígenas que queriam colocar cocar em sua cabeça.
Outros políticos cederam ao apelo do cocar. Juarez Távora, que disputou a Presidência em 1955, posou com um cocar ao visitar Goiás. Perdeu a eleição para Juscelino Kubitschek.
Na campanha presidencial de 1984, Mário Andreazza recebeu um cocar do cacique Crumari e perdeu a convenção de seu partido, o então PDS.
Tancredo Neves também foi vítima da maldição do cocar em 84. Ganhou a eleição, mas morreu sem assumir o mandato.
O último a desafiar a tradição foi Ulysses Guimarães, em 1988. Logo depois, entrou em depressão e teve que recorrer a medicamentos à base de lítio para superar a crise [o artigo foi escrito antes de sua morte; posteriormente, em 2008, dona Ruth Cardoso, esposa do FHC, também teria sido vítima da maldição do cocar]".
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