Recado do editor |
A coluna que reproduzo abaixo, do jornalista Bernardo Mello Franco, dá uma boa ideia de como e por que a Câmara Federal jogará no lixo a primeira denúncia da parceria Janot-Globo contra Michel Temer.
Não por causa do rosário de arbitrariedades e/ou impropriedades cometidas por Rodrigo Janot, nem porque o afastamento extemporâneo de Temer alongaria por, pelo menos, outro semestre a grave crise política que o Brasil enfrenta, adiando a saída do País da fase mais aguda da recessão econômica. Afinal, que importa aos deputados o sofrimento do povo? Sempre foi a última das preocupações em Brasília...
Não por ser muito barulho por nada, já que nem se escolheria pela via direta um substituto para cumprir o curto mandato-tampão, nem se anteciparia o pleito presidencial marcado para outubro de 2018.
Não pelo fato de nenhum dos possíveis candidatos ao posto haver empolgado os brasileiros, ficando a escolha limitada a manter Temer ou trocá-lo por um projeto piorado de Temer que leva o nome de Rodrigo Maia.
Mas pelos piores motivos, conforme Melo Franco expõe.
Suponho que isto não vá ser surpresa nenhuma para os leitores deste blogue. Para mim não foi. (CL)
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Por Bernardo Mello Franco |
VOZES DA EXPERIÊNCIA
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Daqui a cinco dias, a Câmara decidirá se autoriza ou não a abertura de processo contra Michel Temer. O presidente é rejeitado pela maioria dos brasileiros, mas deverá ter votos suficientes para se salvar. É o que preveem os deputados com mais mandatos na Casa.
Para o decano Miro Teixeira, o espírito de corpo dos congressistas tende a beneficiar Temer. "O plenário atuará como um júri, e muitos jurados também respondem a inquéritos por crime comum. Ninguém quer se condenar. É a solidariedade dos culpados", ironiza o deputado da Rede.
No 11º mandato, Miro apoiou o impeachment de Dilma Rousseff e votará pelo afastamento de Temer. No entanto, ele diz que a batalha será inglória. "Os dois cometeram crime de responsabilidade, mas agora as ruas estão vazias. A realidade é que não conseguiremos os 342 votos", prevê.
O deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB, diz que o presidente vai se safar com folga. "Não tenho dúvida. O Temer ganha com mais de 200 votos", projeta.
O deputado Bonifácio de Andrada, do PSDB, diz que o presidente vai se safar com folga. "Não tenho dúvida. O Temer ganha com mais de 200 votos", projeta.
Pergunta que não quer calar: que lucro a Globo esperava obter? |
No décimo mandato, ele reforça o discurso dos parlamentares contra a Lava Jato. "A Câmara é a representação do povo. Os deputados não são santos porque o povo também não é santo", teoriza.
O tucano diz que o recesso de julho não piorou a situação do presidente, ao contrário do que previa a oposição. "O povo não gosta do Temer, mas também não aporrinha os deputados para votarem contra ele."
Nesta quinta, uma nova pesquisa CNI-Ibope mostrou que a aprovação de Temer caiu a míseros 5%. É o pior desempenho de um presidente desde o fim da ditadura. Para o petebista Paes Landim, que exerce o oitavo mandato, os números não terão qualquer influência no plenário.
"Para nós, políticos, o Temer é bom porque dialoga com o Congresso", elogia. Ele defende o arquivamento da denúncia e não teme perder votos em 2018. "Se a economia melhorar, o pessoal esquece isso", aposta. "O eleitor tem memória muito fraca. Daqui a um ano, já esqueceu."
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