Estou velho demais para me tornar religioso, então atribuirei os fatos abaixo a ironias do destino, não cedendo à tentação de ver neles uma confirmação do velho clichê de que Deus escreveria certo por linhas tortas:
O medalhão Palocci e o caseiro Francenildo: péssimo exemplo! |
— Antonio Palocci acaba de ser condenado pelo juiz Sérgio Moro a 12 anos, dois meses e 20 dias de prisão. Como não acredito nos podres Poderes da democracia burguesa e considero que combater a corrupção pela via policialesca equivale a enxugar gelo (enquanto não acabarmos com o capitalismo, haverá espertalhões encontrando atalhos ditos ilegais para concretizar o objetivo supremo da nossa sociedade de classes, o enriquecei! capitalista), não opinarei sobre a pertinência ou não da sentença.
Mas direi que, do ponto de vista dos valores revolucionários que um dia ele assumiu e depois arrastou na lama, Palocci merece tudo que existir de pior, por haver, qual um Robin Hood às avessas, mobilizado todo o poder do Estado para esmagar um coitadeza da vida (o caseiro Francenildo Costa). Se não agirmos de forma diametralmente oposta – protegendo os fracos e oprimidos dos abusos dos poderosos e, assim, irmos acumulando forças para um dia transformarmos a sociedade e acabarmos com a exploração do homem pelo homem –, para que, afinal, serviremos?!
João Santana, o Goebbels brasileiro. |
— João Santana e Mônica Moura foram, na mesma sentença, condenados a 7 anos e 6 meses de prisão. Pouco importa para mim se eles são ou não os corruptos alegados.
Mas, nada se constituiria em punição suficiente para o malefício que causaram à esquerda e ao povo brasileiro, ao serem os pais do pior estelionato eleitoral das eleições brasileiras em todos os tempos, jogando no lixo o compromisso da esquerda com a verdade e reelegendo Dilma Rousseff à custa de mentiras descaradas, como se fossem pupilos de Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda nazista.
Todas as desgraças posteriores – a desmoralização do PT quando Dilma deu carta branca para um ministro neoliberal tentar consertar as lambanças do seu primeiro mandato, o impeachment, a posse de um vice medíocre, o perigoso jacobinismo judiciário que pode desembocar num estado policial, etc. – tiveram como ponto de partida o conto do vigário que o casal aplicou nos eleitores brasileiros, principalmente ao prometer que, com a reeleição de Dilma, não haveria o satânico ajuste fiscal que os adversários tramavam.
A Justiça dos homens, infelizmente, não julga caracteres (nem pune os que são deles desprovidos).
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