quinta-feira, 18 de maio de 2017

CERTEZAS, PROGNÓSTICOS E PALPITES SOBRE OS PRÓXIMOS E EMOCIONANTES CAPÍTULOS DA NOVELA DA CRISE

Uma certeza é a de que Michel Temer só vai cair se e quando o poder econômico (aquele que realmente manda e demanda no Brasil!) tiver decidido quem o substituirá e como.

Sem pacote pronto, neca. Profissionais agem assim. 

Menos mal que, desta vez, se trataria de uma morte política, e não física – como no caso de ditaduras que adiam a comunicação de que o tirano foi para o inferno até que haja consenso quanto ao nome do sucessor. Pelo menos o fedor do defunto não vai estar aumentando enquanto disputam seu espólio.

O se, no primeiro parágrafo, é quase uma figura de retórica, pois há 99% de chances de o Temer vazar. O 1% fica por conta, exatamente, da possibilidade de não encontrarem outro adequado para o papel de responsabilizar-se por medidas impopulares e as conseguir aprovar. Talvez seja esta última esperança que o tenha dissuadido de renunciar até agora.
Para muitos, morte de Costa e Silva foi anunciada com atraso. 

Mas, se os poderosos da economia resolverem dar-lhe mão forte, a indústria cultural conseguirá, sim, ressuscitá-lo, impingindo-o de novo. Nestes tristes trópicos ela faz e desfaz cabeças a bel-prazer. Somos o país dos videotas.

Os petistas que não exultem com os infortúnios de Temer e Aécio Neves, pois é tudo que faltava para o xeque-mate em Lula (o qual, por conta da chocante ingratidão da marqueteira delatora, poderá agora ter a companhia de Dilma, mas, tal ocorrendo, ela entraria apenas como contrapeso...). 

Guilhotinados um cacique do PMDB, um do PSDB e um do PT, seria fácil convencer a opinião pública de que teria havido havido imparcialidade. Então, docemente constrangidos, Moro e os promotores finalmente estariam com as mãos livres para fazerem o que sempre quiseram fazer.

Tão remota quanto a possibilidade de Temer dar a volta por cima é a de o sistema consentir com eleições diretas, tendo a boa desculpa de que, nesta situação concreta, contrariariam a Constituição. 
Quem será o próximo?
Então, com as principais lideranças políticas do País sendo despedaçadas pelo vazamento amplo, geral e irrestrito de delações que deveriam ser sigilosas, quem sobraria para ser eleito indiretamente pelo Congresso e juntar os cacos durante o mandato-tampão para o qual nos encaminhamos?

Ele mesmo, o sábio da República, que, aos 85 anos, não tem mais pique para um mandato completo, mas parece vigoroso o suficiente para aguentar o tranco por um ano e meio, tempo suficiente para restabelecer o prestígio dos tucanos após as penas do Aécio terem ido para o ventilador.

Se houver sido em benefício de Fernando Henrique Cardoso que O Globo fez o que fez com Michel Temer, estará explicado aquilo que tantos acharam pra lá de esquisito...
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Observação: já tinha colocado este post no ar quando captei indícios de que pode estar havendo uma contra-ofensiva para salvar o mandato de Temer. Depois de ele já parecer resignado a renunciar, algo o levou a, no pronunciamento que fez à tarde, negar veementemente tal possibilidade. E começaram a pipocar na mídia análises sobre ser inconclusiva a transcrição da conversa em que ele teria aconselhado a continuidade do pagamento de subornos ao encarcerado Eduardo Cunha.

Caso a óbvia armação contra Temer tenha partido dos tucanos, com o apoio de O Globo e dos muitos aliados de que as aves de mau agouro dispõem entre os togados (o PSDB há muito é o partido mais influente nas fileiras judiciais), quem poderia estar desamarrando tal pacote? Só mesmo os poderosos da economia, que contam com Temer para a aprovação das odiosas reformas por eles tidas como obrigatórias.

Mas, objetarão alguns, o Aécio também foi colocado na berlinda.  Como lealdade é palavra inexistente no dicionário da política oficial, talvez ele haja sido sacrificado por conveniência tática e porque estivesse disputando espaços com outro(s) cacique(s). 

Se estes palpites que estou dando forem corretos, a derrubada do Temer, no script dos puxadores do seu tapete, levaria à eleição indireta de um grão tucano para o mandato-tampão, com grande possibilidade de ser o FHC. Este, tendo a caneta presidencial na mão e fazendo uso da sua inegável capacidade estratégica, decerto montaria um sólido cenário para uma vitória tucana em 2018.

Então, estariam sendo muito ingênuos os esquerdistas entusiasticamente empenhados na destruição de um político de voos rasteiros. Caso isto desimpedir mesmo o caminho para outro que é o mais articulado dos nossos inimigos, aí a troca não será de seis por meio dúzia, mas sim de seis por seiscentos (contra nós!!!).   

Um comentário:

marcosomag disse...

O PSDB não quer "pegar a bucha" pois um candidato "tucano" não teria condições, mesmo com o maciço apoio da mídia corporativa, de encarar o eleitorado das periferia após lhes retirar cada direito trabalhista e previdenciário. E uma forte pressão popular pode sim, estabelecer eleição direta no país. Mesmo que não consiga, o chamado "campo popular" sairia fortalecido do epísódio pois forçaria os golpistas, provavelmente com a "limpinha", pois isenta de denúncia de corrupção, Carmen Lúcia, a apertar o torniquete da repressão com uma versão "cruela de vil" do governo Médici. Lula não é um líder revolucionário, mas Boulos parece ser o homem certo para comandar o "povão" no confronto final contra aqueles que querem fazer o Brasil voltar a antes da Revolução de 1930. Ainda mais agora, quando os marionetes dos EUA como MBL, Instituto Millenium e Vem pra Rua não conseguem mais aglutinar a classe média contra a esquerda pois ela, a classe média, também está sendo atingida pelo desemprego em massa e o fim de direitos trabalhistas e previdenciários.

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