quinta-feira, 22 de setembro de 2016

UMA REAL TRAGÉDIA HUMANA: A CRISE DO CAPITALISMO

"A forma-valor é uma lógica evolutiva não humana, 
em que a história é, em última instância, 
substituída por leis de natureza 
econômica." (Robert Kurz
filósofo e escritor alemão)
Quando ligamos a televisão e vemos os indicadores econômicos a nos informar que a crise econômica persiste após 133 dias de governo do Presidente Temerário e os governadores de vários estados estão a pedir dinheiro junto ao governo federal sem obtê-lo (ameaçam, inclusive, decretar estado de emergência), isto não é exagero do noticiário político ou algo que ocorre distante das nossas vidas: a miséria está mesmo batendo à nossa porta, sob a forma de fome e desespero.

Hoje, temos no Brasil:
– 12 milhões de desempregados; 
– inflação remitente que corrói os salários (de quem ainda os tem);  
– juros de 450% ao ano nos cartões de crédito e cheque especial (para quem ainda os tem); 
– bancos fechados por conta da greve dos bancários e de modo que não se pode obter dinheiro senão nos precários caixas eletrônicos, cujos estoques de dinheiro vão se exaurindo;
– aumento da inadimplência coletiva, causada por dificuldades de recebimentos de créditos para repor o que gastamos pagando nossas obrigações; 
– pensionistas sem receber as suas aposentadorias no Rio de Janeiro; 
– salários pagos parcialmente pelo governo gaúcho aos funcionários públicos;  
– lojas fechando as portas e indústrias encerrando atividades ou demitindo parte dos seus trabalhadores;  
– o número de pedidos de recuperações judiciais de empresas aumentando;  
– suicídio de um pai que assassinou o restante da família (mulher e dois filhos menores) por desespero e falta de perspectivas econômicas;  
– milhares de crianças nascendo com microcefalia por conta do vírus da Zica inoculado nas mães pelo mosquito aedis aegypti;
– pessoas morrendo nos corredores dos hospitais sem atendimento cirúrgico de urgência; 
– aumento da escalada da violência urbana e do crime organizado face à incapacidade do Estado de processar e prender;  
– escândalos de corrupção que atingem todas as esferas do Poder, envolvendo centenas de políticos e empresários; e por ai vai... ufa! 
UM CENÁRIO DE GUERRA

Constatamos que há no Brasil (e, de resto, em muitas partes do mundo) um cenário de guerra, que me faz lembrar os milhões de pessoas desesperadas vagando pelas estradas europeias ao término do conflito mundial de 1939/1945. Milhões delas morreram então de fome ou de doença por conta de destruição absurda de todos os meios de produção da evoluída civilização europeia, que era a mais adiantada do mundo. 

Como repetição trágica da história, hoje a Europa volta a padecer as agruras do desemprego de dois dígitos, com seus jovens cultos (imigrantes, filhos de imigrantes e nacionais) sem perspectivas de solução imediata, embora ainda tenha alguma gordura para queimar. 

Já os pobres países asiáticos e africanos, que somados perfazem 2/3 da população mundial, vivem um estágio de barbárie. 

Não podemos nos calar diante de tudo isso! 

É estéril e desfocada da realidade a discussão remanescente nas redes sociais sobre a legalidade ou ilegalidade do impeachment da presidente Dilma Rousseff; inócuo, o discurso político dos candidatos às eleições municipais de prefeitos e vereadores; ridículo, o grande teatro exposto pela grande mídia sobre as ações e manobras jurídicas no parlamento brasileiro. O buraco é muito mais embaixo. 

Diante da crise econômica decorrente da segunda revolução industrial do início do século XX, surgiram salvadores da pátria. Um deles, chamado Adolf Hitler, pediu ao povo alemão dez anos para transformar a Alemanha e esta foi a única promessa que ele cumpriu: destruiu o país e causou a morte de 60 a 70 milhões de pessoas. 

De quebra humilhou o povo alemão, que foi tido como indiferente ao genocídio bárbaro e cruel de 6 milhões de judeus e cerca de 18 milhões de prisioneiros de guerra, deficientes, ciganos, homossexuais, maçons, etc. Tudo por ter-se calado e tornado refém da fanfarronice patrioteira do discurso (capitalista) nazista. 

O iludido aplauso caloroso às mega-manifestações hitleristas, com suas abundantes bandeiras ostentando enormes suásticas, se transformaram no bombardeio de uma Berlim destruída testemunho histórico daquilo a que pode levar a inconsciência pública manipulada.   

Pois bem, estamos diante de um momento de grave crise econômica e não podemos nos calar diante do aprofundamento da miséria, sob pena de estarmos coniventes com a barbárie em curso. É hora de sairmos às ruas, não para clamarmos por heróis salvadores, mas para exigirmos vida. 

Vida plena, sem sufoco. 

Vida de prazer, na qual a subsistência mínima como comida, moradia, saúde, segurança e solidariedade não sejam quimeras inatingíveis ou de difícil consecução. 

E sem salvadores da pátria

A VIDA PEDE VIDA

A nós, coletivamente, cabe a solução dos nossos impasses sociais, com consciência, solidariedade para com os deserdados da sorte, sem egoísmos segregacionistas e confiantes de que o saber acumulado pela humanidade pode nos levar à realização dos nosso desejos de paz, fraternidade e vida abundante em todos os sentidos. 

Todos nós devemos:
– a cada medida de restrição de direitos, responder com a mais altiva rejeição;  
– a cada explicação das razões pelas quais devemos aceitar as penitências em nome da salvação do sistema produtor de mercadorias e sua política falida, temos de responder com soluções e propostas que superem as dificuldades, e fora da lógica que nos oprime;  
– a cada mesmice do processo eleitoral, devemos nos recusar a ratificar o seu eterno engodo; e  
Por Dalton Rosado
– a cada ação oportunista dos eternos corvos da miséria social (banqueiros, empresários monopolistas, políticos corruptos, etc.) devemos responder com o nosso mais veemente repúdio. 
A vida pede vida, e essa é a nossa reivindicação mais fundamental e genérica, da qual todas as outras são espécies derivadas e qualificadas.

2 comentários:

Mauro Julio disse...

Desta vez tenho que concordar com o articulista na maioria dos pontos que enumerou, embora num deles ele se esqueceu de citar outros salvadores da humanidade da mesma linha de Hitler, e da tal religião política conhecida como socialismo, como Lenin, Stalin, Mao, Fidel, Pol Pot e outros do tipo. Não acredito que esconde alguma simpatia por eles.Deve ser esquecimento mesmo.

Nada poderá ser resolvido da noite para o dia no nosso país, cuja principal deficiência, a qual o estado é o responsável, é a educação, essa nossa que conhecemos como das piores do mundo e que deve ser substituída por uma de verdade, que ensina aos alunos aquilo que tem correspondência com fatos concretos, ou seja mais ciências exatas e menos ciências humanas, que aqui servem mais para sentimentalizar e alienar os indefesos da real situação econômica e política do país e do mundo.


Quanto ao título, que associa tragédia humana à crise do capitalismo, eu não concordo. Já expus minha opinião sobre isso. Mas ainda posso dizer que a crise econômica que ocorre em países e que provoca tragédias vem de seus o sistemas legal, que deixa muita brecha para a corrupção como aqui no Brasil, por exemplo.

celsolungaretti disse...

RESPOSTA ENVIADA PELO DALTON:

Caro Mauro,

se você ler os meus artigos e comentários anteriores vai verificar que sempre fiz críticas a Stalin, Mao e Pol Pot. Citei Hitler porque ele foi o campeão mundial da promoção do genocídio contra a humanidade em todos os tempos.

Quanto ao Lenin cabe esclarecer que como condutor da revolução bolchevique de 1917 ele pôs fim à participação da Rússia na primeira guerra mundial e evitou muitas mortes. Contra Lenin tenho minhas críticas a ele por seus conceitos políticos e como promotor da NEP - Nova Política Econômica - na Rússia, cujos desfechos ele não pôde participar mais ativamente em razão de sua morte precoce em 1924.

Quanto ao Fidel ele não é nenhum genocida e não pode ser comparado com Hitler. A crítica que faço ao Fidel e à politica cubana (vide artigo nesse blogue) reside no fato de que lá estão presentes todas as categorias capitalistas (trabalho abstrato, dinheiro, mercadorias, mercado, extração de mais-valia, Estado centralizador, etc.) e não há nenhum questionamento a essas categorias em Cuba. Lá se vive um capitalismo de Estado fadado ao fracasso, embora os indicadores sociais de Cuba sejam melhores do que os de qualquer outro país da América Central e do Caribe. É graças a isso que é inevitável a reaproximação de Cuba com seus inimigos ferrenhos mais recentes, como os Estados Unidos.

Não se trata, obviamente, de esquecimento, mas de citação de um tirano que representa o exemplo histórico irrefutável e mais eloquente do que é capaz o nacionalismo capitalista xenófobo e racista.

A corrupção política com o dinheiro do Estado não é a causa principal da debacle capitalista mundial, mas apenas um subproduto da corrupção mor original que consiste na apropriação indébita do trabalho abstrato pela extração de mais-valia, única forma de acumulação do capital. A crise do capitalismo deriva da contradição em processo dos seus próprios fundamentos graças ao fato de que vivemos, por vários motivos (o principal deles é a obsolescência do trabalho vivo substituído pelo trabalho das máquinas, preponderantemente), o limite da capacidade de expansão capitalista que está colapsando a necessária reprodução aumentada da massa global de valor e de extração de mais valia.

Essa é a minha opinião que gostaria de ver contradita com argumentos técnicos (já que você gosta tanto das ciências exatas em detrimento das ciências sociais).

Um abraço e obrigado por expor as suas ideias e oportunizar as suas contraditas.

Dalton Rosado.

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