PRODUÇÃO DE ENERGIA FÓSSIL: MAIS UMA PEDRA NO SAPATO CAPITALISTA.
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"O melhor negócio do mundo é
uma companhia de petróleo bem
administrada; o segundo melhor
negócio é uma companhia de
petróleo mal administrada."
(John D. Rockfeller, magnata do petróleo)
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Como sabemos, o que importa na vida mercantil é a geração de lucro; tudo que esteja fora desta lógica é perfumaria descartável. Tudo, portanto, é mensurado sob a ótica do interesse mercantil e dos custos de produção visando à vitória no mercado.
Produzir armas, que nada mais fazem senão matar (embora muitos defendam a absurda tese de que as armas salvam vidas), é um ramo industrial considerado como um importante fator econômico gerador de lucros, impostos e empregos.
Dentro do mesmo raciocínio irracional capitalista, a produção e consumo de energia fóssil, apesar de ser altamente poluente a partir da emissão na atmosfera do gás carbônico que causa o efeito estufa, cientificamente comprovado como fator do aquecimento global e desequilíbrio ecológico, é igualmente considerado como importante contributo econômico, vez que sua produção e distribuição proporciona lucros monopolistas com custos baixos em relação a outras fontes energéticas limpas, além de impostos.
Assim, a indústria petrolífera tem de continuar, independentemente dos danos que cause a todos. A existência do consumo de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) é exemplo flagrante da inconsciência social que submete todos à lógica fetichista do sistema produtor de mercadorias.
Mas, como não há mal que dure para sempre, eis que a ciência vem desenvolvendo tecnologias de produção de energia fotovoltaica, a partir do aproveitamento dos raios solares por meio de sensores, bem como energia eólica, usando os intermináveis e bem-vindos ventos, que são fontes inesgotáveis e limpas de energia.
Além da questão ecológica, que clama pela substituição da queima de combustíveis fósseis pelo uso de energias limpas (o desequilíbrio ecológico atinge a todos, ricos e pobres, e aí se torna objeto de questionamento dos alegres beneficiários do capitalismo), os custos de produção e, principalmente, distribuição das energias limpas, estão se aproximando das energias produzidas pelos combustíveis fósseis, e viabilizando sua produção e consumo no mundo mercantil. Ainda não é uma questão de preponderância da consciência social, mas algo imposto pela necessidade de equação do problema ecológico, juntamente com oportunismo de mercado.
As fontes de energia nada poluentes como a fotovoltaica e eólica há muito já deveriam ter largo uso, mas o forte lobby da indústria petrolífera mundial não permitia o seu avanço, Agora, contudo, a questão ecológica está a impor a substituição – a qual vem provocando uma reviravolta no capitalismo planetário, pois é mais um fator de desestabilização tal ordem econômica mundial.
Motivo: a energia solar e dos ventos é comum a todos os lugares e tem produção próxima do local de consumo, não necessitando de grandes redes de concentração e distribuição, o que favorece a quebra dos monopólios petrolíferos e de distribuição de energia.
Ainda que se considere a importância do uso do petróleo na fabricação de inúmeros produtos dele derivados, é na produção de energia que ele é mais largamente utilizado. A tendência, portanto, é que percam importância na economia mundial as grandes empresas petrolíferas, as chamadas seis irmãs, controladoras do monopólio do petróleo. São elas:
- Royal Dutch Shell, atualmente chamada simplesmente de Shell;
- Anglo/Persian Oil Company (Apoc), mais tarde, British Petroleum Amoco, ou BP Amoco, atualmente conhecida apenas pelas iniciais BP;
- Standard Oil of New Jersey (Esso), ou Exxon, que se fundiu com a Mobil, atualmente, Exxon/Mobil;
- Standard Oil of New York (Socony), mais tarde, Mobil, que se fundiu com a Exxon, formando a ExxonMobil;
- Texaco, que posteriormente fundiu-se com a Chevron, formando a Chevron/Texaco de 2001 até 2005, quando o nome da companhia voltou a ser apenas Texaco;
- Standard Oil of California (Socal), que posteriormente formou a Chevron, incorporou a Gulf Oil e depois se fundiu com a Texaco. A Gulf Oil foi absorvida pela Chevron, passando a se chamar Chevron/Texaco.
Assim, as tais seis irmãs, graças às fusões (fenômeno comum às grandes empresas monopolistas de mercado e dentro da tendência capitalista de concentração de riqueza), tornaram-se apenas quatro: ExxonMobil, Chevron/Texaco, Shell e BP. Mas, elas já não podem mandar no mundo como antigamente.
A gigante brasileira Petrobrás, também perde força em razão do declínio da commodity petróleo no mercado mundial, juntamente com os países que baseavam sua força econômica nesta fonte de energia (é uma das razões do declínio econômico do mundo árabe). O petróleo do pré-sal brasileiro, louvado e aclamado como descoberta redentora da nossa economia, deixa de sê-lo nessa conjuntura.
A energia nuclear é temerária, por causa da possibilidade de vazamento radioativo e deve ser descartada para o uso em larga escala; a energia hidráulica, embora cause problemas de desequilíbrios ambientais, pode ser monitorada e de modo a evitá-los; e a energia vegetal, mesmo provocando alguma poluição atmosférica (86% menor que a fóssil), pode também ter o seu uso administrado. Estas duas últimas, que têm a virtude de serem perenes ou renováveis, deverão ser usadas largamente no futuro.
A queda no preço mundial de commodities como o petróleo está desestabilizando não apenas o mundo capitalista liberal burguês, mas também o resíduo do mundo capitalista de estado, e exemplo flagrante disso é a ruína econômica da Venezuela (Cuba também sofre com o fenômeno da queda das commodities no mercado internacional, ou seja, o socialismo real não é tão anticapitalista como se pensava).
Resumo da opereta: o suicida monopólio capitalista da produção de energia fóssil está ameaçado e faz água, sendo este mais um fator de desestabilização da economia mundial capitalista, a apontar para a necessidade urgente de sua superação como alternativa de viabilização da vida planetária.
A emancipação social dos povos implica necessariamente a superação do modelo mercantil de socialização; e a questão da produção de energia por meio de fontes não poluentes é um dos pontos cruciais desta necessidade de transformação.
O interesse social numa sociedade consciente de si mesma (que não é caso das sociedades capitalistas, mercantis) tende a descartar o consumo de energias suicidas e desenvolver a produção e consumo de energias limpas, perenes e renováveis. (por Dalton Rosado)
Um comentário:
Tranquilo Dalton.
Se os caras fossem enxadristas já teriam abandonado a partida. A derrota deles é questão de poucos lances.
Dias melhorez virão.
A idade da pedra não acabou por falta de pedras.
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