domingo, 5 de junho de 2016

IstoÉ PRATICAMENTE UM GOLPE DE MISERICÓRDIA...

Passei a vida aprendendo a projetar cenários futuros a partir das tendências presentes. Então, quando faço previsões, não são o habitual wishful thinking dos simplórios, mas sim o resultado de análises consistentes e muito conhecimento acumulado. Daí quase sempre acertar.

No meu artigo da última 6ª feira (3), p. ex., contrariei os que torcem pela volta de Dilma, explicando pormenorizadamente por que isto não acontecerá nem a pau, Juvenal! E, claro, recebi alguns insultos como troco. Tenho pena dos que os enviam, pois se evidenciam como pouco mais do que analfabetos funcionais: não conseguem compreender patavina do que leem. 

No texto em questão, afirmei cristalinamente que "a hipótese de uma nova eleição presidencial era mesmo a melhor opção possível para o Brasil". Tanto que a defendi insistentemente, enquanto ainda poderia ser viabilizada. 

O momento passou e agora são os próprios dilmistas que lançam tal proposta, face à inevitabilidade do afastamento definitivo. Então, se eu fosse golpista, eles o seriam também. Ocorre, contudo que a lógica mais comezinha passa longe dos cérebros bem lavados.

O que escrevi na manhã de 6ª feira foi confirmado quase instantaneamente pelos fatos. Isto:
"A direita é criteriosa no uso dos seus meios: prefere utilizá-los no instante propício. Muitas revelações acachapantes surgirão, muitos depoimentos vazarão, sabe-se lá quantas prisões ocorrerão e a mídia vai fazer o maior estardalhaço. O clima político será radicalmente outro no momento decisivo".
À noite já começava a circular a informação de que a matéria de capa da revista IstoÉ era uma bomba arrasa-quarteirão:
"Entre o primeiro e o segundo turno da eleição de 2014, o tesoureiro da campanha de Dilma, Edinho Silva, cobrou de Marcelo Odebrecht uma doação por fora no valor de R$ 12 milhões para serem repassados ao marqueteiro João Santana e ao PMDB. 
Marcelo se recusou a fazer o repasse, mas diante da insistência de Edinho disse que iria procurar Dilma.  Dias depois, em encontro pessoal, o empreiteiro e a presidente afastada mantiveram a conversa abaixo: 
– Presidente, resolvi procurar a sra. para saber o seguinte: é mesmo para efetuar o pagamento exigido pelo Edinho?, perguntou Odebrecht. 
– É para pagar, respondeu Dilma".
Pouco importa se a delação premiada do corruprenteiro será ou não incorporada oficialmente à acusação contra Dilma no Senado; ela certamente vai ter influência decisiva no julgamento. E, se não fosse isso, desencavariam outra coisa (além de ser bem provável que tenham mais cartas na manga).

Não conheço pessoa perspicaz nenhuma que, num papo informal, sustente ser possível a volta da Dilma. E isto não agora, mas desde o dia seguinte à aprovação da abertura do processo de impeachment pela Câmara, todos dando como favas contadas que o Senado repetiria a dose, para depois mandá-la para casa em definitivo. 

Eu, como nunca fui de poupar os emocionalmente imaturos das verdades desagradáveis da vida, informo-lhes francamente que é melhor tirarem o cavalo da chuva, passando a utilizar seu tempo e seus esforços de forma mais consequente.

Eles, contudo, preferem ser tratados como crianças, a quem se evita contrariar para não abrirem o maior berreiro. Paciência.

2 comentários:

axel_terceiro disse...

Celso, poderia, por favor, dizer o que acha desse texto aqui? http://novaes-c-politico.com.br/?p=2878

celsolungaretti disse...

Eis, de uma forma bem didática, os 5 requisitos para a convocação de uma nova eleição presidencial, conforme explicou a BBC (http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/03/160329_brasil_eleicoes_novas_fd):

1) Cassação da chapa presidencial de 2014 pelo TSE até o dia 31 de dezembro de 2016 - COM O GILMAR MENDES PRESIDINDO O TESE, EVIDENTEMENTE NÃO OCORRERÁ. MESMO QUE A CASSAÇÃO PASSE A INTERESSAR, ELE CERTAMENTE VAI AJEITAR A AGENDA PARA QUE ACONTEÇA SÓ EM 2017 E, ASSIM, SEJA O CONGRESSO QUE DEFINA O(A) NOVO(A) PRESIDENTE;

2) Se Temer e Dilma renunciarem - POR QUE TEMER O FARIA?

3) Se Temer fosse alvo de impeachment - MAS, ESTÁ NA CARA QUE TAL PROPOSTA NÃO SERIA APROVADA POR DOIS TERÇOS DOS DEPUTADOS.

4) Se Temer, depois de confirmado presidente, renunciar - NOVAMENTE, POR QUE O FARIA?

5) Por uma proposta de referendo revogatório (apelidado de 'recall'), que teria de ser subscrita por um terço dos deputados, aprovada por 50% mais um dos deputados, depois por 50% mais um dos senadores - SEM CHANCE, NA HÁ A MÍNIMA DISPOSIÇÃO DOS CONGRESSISTAS PARA FORNECEREM OS VOTOS NECESSÁRIOS.

Você lembra que, antes da abertura do processo de impeachment ser aprovada pela Câmara, eu cansei de exortar a Dilma a renunciar, para ser lançada uma campanha de todas as forças contrárias a Temer, no sentido de exigir que ele renunciasse também para dar ao povo a chance de escolher seu destino.

Se algo assim pegasse no breu, haveria uma chance até de o Congresso aprovar o 'recall'.

Agora, contudo, é tarde demais. Dilma já caiu, Temer já é o presidente e qualquer iniciativa desse tipo será barrada no Congresso, cuja maioria estará, isto sim, procurando garantir seus interesses no novo governo.

Que ninguém diga que não avisei: FUI O ÚNICO A ALERTAR, EM TEMPO HÁBIL, QUE QUALQUER POSSIBILIDADE DE NOVA ELEIÇÃO PASSAVA PELA RENÚNCIA PRÉVIA DA DILMA.

Agora é tarde, Inês é morta.

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