domingo, 5 de junho de 2016

ESTAMOS NO FUNDO DO POÇO: SEGUNDO DALTON ROSADO, ATÉ OS ESCROQUES DE OUTRORA ERAM MELHORES QUE OS ATUAIS!

Chatô, o bom chantagista.
ASSIS CHATEAUBRIAND,
 PELÉ E O BRASIL.
Houve um tempo em que os escroques brasileiros, ao invés de mandarem dinheiro para o exterior, traziam riquezas para o Brasil e malandro carioca, o mais que fazia, era vender o Cristo Redentor para um caipira endinheirado que, sob o fascínio do Rio de Janeiro, se revelasse um perfeito otário. 

Explico. O paraibano Assis Chateaubriand, dono do maior complexo jornalístico da metade do século XX no Brasil (o nosso William Randolph Hearst de então), percebendo a falência da Europa do pós-guerra, chantageou Deus e o mundo no Brasil para obter os recursos que lhe permitissem adquirir barato as mais importantes obras de arte que o mundo civilizado produzira. 

E conseguiu. Graças a ele, o corrupto empresário do jornalismo brasileiro, por muitos, considerado um adorável benfeitor (e o era, se comparado aos atuais congêneres alcaguetes), é que temos o Museu de Arte de São Paulo. 

Trata-se do mais completo museu da América Latina, e um dos mais importantes do mundo, com obras de artistas como Vincent Van Gogh, Henri Matisse, Claude Monet, Rembrandt Harmenszoon Von Rijn, Pierre-Auguste Renoir e Pablo Picasso, dentre outros grandes nomes das artes plásticas da história mundial. 

Coisa de fazer inveja aos europeus empedernidos! Eles acham que essas obras lhes pertencem e gostariam de tê-las em seus museus, lamentando tê-las perdido para o Brasil por conta da barbárie e destruição que promoveram por meio da genocida II guerra mundial.   
       
Os tempos são outros, e pioraram. Os corruptos atuais falam em bilhões de dólares enviados para o exterior, enquanto o malandro carioca já não existe, tendo em seu lugar entronizado-se o traficante de drogas e de armas que mata e ensina o menino pobre e sem perspectivas da favela a fazer uma parada e ganhar dinheiro fácil; trata-se do caminho mais curto para transformá-lo numa máquina de matar, imerso numa marginalidade bestial que afronta a dignidade humana. 
Mais um grande ídolo  no sufoco e tendo de virar-se sozinho!

Agora, vejo na televisão, espantado, que as relíquias de Pelé, o rei do futebol, o atleta do século (e aí cabe, no mínimo, uma menção honrosa para Muhammad Ali, ou Cassius Marcellus Clay Jr., pela dignidade con que defendeu os direitos civis dos negros estadunidenses e combateu a intervenção dos EUA No Vietnã), estão sendo ofertadas numa casa de leilão europeia a preços de banana. 

O que se pretende é arrecadar míseros R$ 25 milhões. Cabe perguntar: que valor é este, diante dos muitos bilhões de dólares que diariamente aparecem no noticiário da imprensa como tendo sido surrupiados dos cofres do erário público ou de empresas públicas e enviados para o exterior? Será que não seria o caso de, pelo menos, imitarem o Chateaubriand e conservarem essas relíquias num Museu do Futebol Brasileiro? 

Não, Pelé. A justificativa de que tais relíquias estariam melhormente colocadas nas mãos de europeus, mais aptos para divulgá-las, não convence. E mais triste ainda é saber que você, depois de tudo que fez pelo Brasil em matéria de futebol, precise vendê-las aos mercadores do velho mundo para poder cuidar direito dos seus problemas de saúde. 

Não se trata de nacionalismo piegas, mas de valorização do que o povo brasileiro foi capaz de fazer, apesar de todas as agruras a que é submetido. 
Relíquias do Pelé sendo exibidas num museu chileno  

E você, Pelé, é um prodígio nascido do seio desse povo; devemos agradecer-lhe por tudo de bom que você nos propiciou, ainda que não queira defender as causas do povo mais confrontadoras com a mesquinhez do sistema que sempre excluiu e exclui a maioria dos seus (e nossos) irmãos de raça. 

Mas não devemos crucificá-lo por seu não comprometimento, seria pedir algo além de suas capacidades, que já são extraordinárias do ponto de vista atlético, como gênio esportivo da raça que você é.   

Mas o que se esperar de um país dominado por uma casta política como a que nós temos? 

O que esperar de um país onde os banqueiros auferiam os maiores lucros da história do seu capitalismo no exato momento em que mergulhava na mais recessiva crise de sua história econômica? 

O que esperar de um país onde a concentração de riqueza nas mãos de uns poucos está entre as mais acentuadas do mundo, fazendo com que o cálculo da relação PIB/população (que define a renda per capita) se torne mera ilusão contábil. 
Policial exibe quadro comprado com grana do petrolâo

Ademais, uma ilusão perniciosa, pois maquila a realidade de que há uma imensa população de empobrecidos, vivendo em situação de miséria nas enormes favelas dos grandes centros urbanos, principalmente nas mecas do capitalismo como São Paulo, mendigando por educação nas grandes filas das escolas públicas ocupadas por alunos carentes de saber e com professores em greve; implorando por atendimento médico nos corredores dos hospitais públicos lotados, etc.

Os corruptos da Lava Jato e da Confederação Brasileira de Futebol, que compram quadros caríssimos como forma de ocultação de patrimônio e lavagem de dinheiro, bem que poderiam, agora, adquirirem as relíquias do Pelé (um patrimônio sentimental do nosso povo) e doá-las ao Museu do Futebol Brasileiro. 
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Ótimo filme! Ative as legendas no canto inferior direito.
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Tal gesto, ainda que não tivesse o condão de abater o tempo de suas penas criminais, seria mais simpático e proveitoso do que as repetidas delações premiadas nas quais todos se denunciam mutuamente, ansiando por serem parcialmente absolvidos. 

Mas, eles não são capazes de pensar no Brasil. 

Ah, que saudade dos tempos nos que os corruptos e marginais tinham, pelo menos, um caráter nacionalista! Como Chateaubriand e os malandros com lenço no pescoço e navalha no bolso, que cantavam sambas e eram apenas uma doce caricatura desses marginais de hoje que estupram e matam... (por Dalton Rosado)
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O samba que eternizou a mística do malandro carioca

2 comentários:

Vitorio Malatesta disse...

Não só os escroques de outrora eram melhores como a grande maioria dos diretores de cinema também. Tardiamente fui assistir o filme "Chatô - O Rei do Brasil de", do diretor Guilherme Fontes.

Digo tardiamente porque o assisti neste ano, em abril, numa retrospectiva do Cine Sesc sobre os melhores filmes de 2015. Os preços são módicos R$ 6,00 meia entrada, quando um trabalhador aposentado pode ir ao cinema.

Uma decepção; um bom material, mas com roteiro de filme pastelão. Faltou a torta. Mas esperar o quê de um ator global de novelas que se põe a diretor. Desperdiçou com recursos captados que as empresas descontam no IR. Poderia ter produzido um filem melhor, sério.

Assis Chateaubriand no turbilhão de sua vida sabia escolher parceiros para suas empreitadas. Exemplo é parceria com Pietro Maria Bardi que o assessorava nas negociações das obras de arte para o MASP. Samuel Wainer foi outro estreito colaborador de seus jornais.

Numa ocasião Chateaubriand convidou Agripino Grieco,o maior crítico literário que o Brasil já teve,obras esgotadas, para entrevistar os grandes industriais da época.

Agripino fez umas poucas e boas entrevistas com os circunspectos, arrogantes e muitas vezes grosseiros "capitães da indústria" e desistiu.

Perguntado por Chateaubriand o motivo da desistência, Agripino que angariava antipatia e inimigos, mas não perdia uma oportunidade de crítica, respondeu que "NÃO ERA LA FONTAINE PARA FAZER OS ANIMAIS FALAREM".

celsolungaretti disse...

Quem conhece um pouquinho de História encontra nas cinebiografias brasileiras mais furos do que numa peneira. Vide, p. ex., "Olga", uma visão totalmente água com açúcar da agente da Inteligência militar soviética que foi colocada junto de Luís Carlos Prestes para o espionar e mandar relatórios pormenorizados para a URSS.

Quanto à semelhança dos atores com os personagens reais, simplesmente não existe. Wm "Lamarca", p. ex., o Paulo Betti parecia um jovem frívolo qualquer, não o comandante guerrilheiro (este aparentava mais idade do que tinha e exalava a autoridade característica de oficial do Exército, características totalmente ausentes no Betti).

Pior ainda estava o Ernani Moraes como o delegado Fleury. Aí faltava até o physique du rôle: o Fleury era atarracado, o que lhe dava um aspecto ameaçador.

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