segunda-feira, 2 de maio de 2016

DILMA BATE O MARTELO: VAI PROPOR NOVA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL. ENTÃO, POR QUE NÃO RENUNCIA DE UMA VEZ?!

A presidente Dilma Rousseff já tomou a decisão de, antes que o Senado a afaste do cargo na sessão do próximo dia 11, enviar ao Congresso uma proposta de emenda constitucional antecipando a eleição presidencial para 2 de outubro. É o que garante o site petista Brasil 247 (vide aqui).

A iniciativa teria o apoio dos ministros Jaques Wagner (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), bem como dos senadores Paulo Paim, Jorge Viana e Lindbergh Farias.

Paim declarou estar consciente de que, no momento, não haveria como conseguir 3/5 dos votos dos parlamentares, em duas votações na Câmara e outras duas no Senado, que é o necessário para a aprovação de uma PEC: "Só seria viável se houvesse um grande entendimento entre Executivo e Congresso".

A melhor opção para o Brasil e para os brasileiros é, indiscutivelmente, a de uma nova eleição presidencial, pois assim o povo escolheria quem realmente julgasse apto para conduzi-lo em circunstâncias tão dramáticas como os atuais (em termos formais é falso dizer que Temer não teve votos, pois os 54,5 milhões do 2º turno foram para ambos e não apenas para Dilma, mas todos sabemos que o eleitorado só presta atenção em quem encabeça a chapa).

Enfim, o tempo urge e, para que tal PEC vingue, será necessária uma mobilização imediata e irrestrita de todos que se opõem a um Governo Temer.

E é aí que a porca torce o rabo. Embora já admita a inexorabilidade do seu afastamento do cargo por até 180 dias, Dilma se mostra, contudo, disposta a arrastar sua agonia até o mais amargo fim, na esperança de uma (pra lá de improvável) salvação no Senado, quando este discutir a perda definitiva ou não do seu mandato, provavelmente no quarto trimestre.

Pretende, p. ex., passar meses no périplo chororô, percorrendo o mundo para tentar fazer passar por golpe um episódio igualzinho àquele que, em 1992, ficou corretamente conhecido pelo nome de impeachment.

Se o PT fizer, ao mesmo tempo, duas apostas que apontam em direções contrárias (1. salvar o mandato de Dilma; e/ou 2. forçar a realização de nova eleição presidencial), parecerá a todos que encara a reedição das diretas já apenas e tão somente como prêmio de consolação, então jamais conseguirá reunir apoios suficientes para alcançar qualquer um dos objetivos.

Vai daí que o dia 11 será o momento ideal para a última iniciativa capaz de ainda alterar o rumo dos acontecimentos: Dilma renunciar e exigir publicamente que Temer faça o mesmo, em nome dos interesses superiores do povo brasileiro, que está tendo de suportar nossa maior recessão de todos os tempos e um desemprego que já ultrapassou a casa de 11 milhões.

Aí, sim, a campanha pela nova diretas já poderá decolar e fazer a diferença. Caso contrário, a PEC de despedida, embora represente a melhor solução possível nas circunstâncias atuais, cairá inevitavelmente no vazio. 

3 comentários:

SF disse...

É Celso...
Parece que na teoria dos jogos há equações diferenciais nas quais John Forbes Nash demonstra a resolução dos eventos de caça.
Pelo que entendi ele aventa que quando a caça escapa quando avista o predador, até um certo limite de tempo, e é predada quando se apercebe do predador abaixo desse limite.
O cara era gênio e expressou isso matematicamente.

O que ocorre com os maravilhosos políticos natais é o mesmo dilema predador/caça.

Eles sempre foram muito astutos em perceber quando o predador estava perto e fugir.
Desta vez, porém, não perceberam a jogada.
Não viram, e nem foram informados, que os caras coligindo provas para ferrá-los.
Foram surpreendidos na ante-véspera com a notícia de que os inquéritos iriam para o procurador geral.

Atribuo o vacilo à inexperiência. Afinal, estavam apenas iniciando no mundo da roubalheira. Os ladrões centenários do erário público já tinham saido...

Também, pode ter sido o sentimento de invulnerabilidade, comum nos delírios de grandeza.

Mas, a maneira como e porque foram pegos já foi demonstrado pelo Nobel de Economia e os porquês são de somenos importância.

Entre os truques que aquela turma usava para livrar-se de investigações estão as "eleições diretas".
Foi assim que os políticos se livraram em 84. (E nem foram eleições diretas!)

Agora eles estão com o mesmo ardil (até a eleição indireta se repete), mas já foram laçados.
O procurador abre quase toda semana um novo inquérito no supremo. O nó vai apertando lentamente. E o alvo principal é um segredo de polichinelo.

Então me admiro de você dar eco a mais essa patranha dos políticos.
Ela teria razão de ser no momento e da maneira que você propôs.
Como uma saída honrosa para alguém digno.

Da maneira que é apresentada agora, parece uma vã tentativa de fuga da presa caçada.
Não resultará.

Os cenários decorrentes do fato de a justiça ter posto a mão em larápios graúdos são:
1 - Caos e instabilidade total do sistema político.
2 - Ordem, estabilidade, convergência e fortalecimento das instituições e da democracia.

Qual você prefere?

celsolungaretti disse...

Companheiro,

o último governo do PMDB foi um completo desastre. O Sarney deixou a economia em frangalhos, a inflação era de 90% AO MÊS no finzinho do seu desgoverno.

Então, eu preguei uma nova eleição presidencial para evitar a repetição desse pesadelo e para haver uma chance de termos um governo não-oligárquico, capaz de unir realmente o País.

Como o PT até isto arruinou, vamos continuar com essa guerra autofágica entre populistas e direitistas, com o povo pagando a conta dos estragos que causam.

E será difícil, nesse clima de Fla-Flu, forjarmos uma esquerda de verdade, capaz de recolocar a revolução como objetivo primordial da nossa atuação.

Temo que um dia lamentaremos tanto não havermos conseguido viabilizar as diretas-já de 2016 quanto as de 1984. Daquele fracasso decorreram os governos de Sarney, Collor e, indiretamente, os dois de FHC. Deste, decorrerá o de Temer e espero que o pesadelo acabe por aí.

Abs.

SF disse...

Sim Mestre,
Recordo o passado e o vejo repertir-se.

O momento é gravíssimo e fio-me na possibilidade de amenizarem a situação econômica, pelo menos no início do governo Temer(como nos 70s com os milicos ou no 1ºano do sarnento) para procurar amenizar ao máximo os efeitos da depressão que se instala.
Será necessário resiliência e expertise para atravessar esses tempos tenebrosos.

Si vis pacem, para bellum.

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