sexta-feira, 22 de abril de 2016

QUANDO FOR AFASTADA, DILMA BATALHARÁ PARA QUE O BRASIL SEJA SUSPENSO DO MERCOSUL.

A ainda presidente Dilma Rousseff, face à horrorosa repercussão do que jamais deveria ter cogitado e muito menos anunciado, recuou de sua intenção de fazer demagogia barata contra o impeachment numa reunião da ONU dedicada a desafios climáticos como o aquecimento global (e não à cabeça quente de algum participante).

Mas, não poderia retornar dos EUA sem  dar o habitual tiro no pé. E foi dos piores: falando à imprensa, ameaçou recorrer à cláusula democrática do Mercosul caso seja afastada do poder pelo Senado. Sua retórica foi ruim na forma e péssima no conteúdo:
"Eu alegarei a cláusula inexoravelmente... de fato (se houver) a partir de agora uma ruptura do que eu considero processo democrático".
Assim, a partir de agora, ele se arroga a condição de única juíza do que seja ou não democrático. Acima da Constituição, do STF e do Congresso Nacional. Durante a ditadura os militares pensavam com seus botões mais ou menos isso, mas nem mesmo um Médici teve a coragem de afirmá-lo em alto e bom som!

Se houver ruptura do que Dilma considera ser o processo democrático, ela vai fazer tudo ao seu alcance para atrair o dilúvio sobre nós. Depois de arrastar o Brasil à pior recessão da História, ela quer aprofundá-la erguendo obstáculos ao comércio internacional do País.

O último argumento que lhe resta, portanto, é este: "Ou vocês me engolem ou engolirão pedras, pois vou deixá-los na miséria!".

Mas, como nada do que ela pretende e tenta tem se tornado realidade, o melhor mesmo é pagarmos para ver. 

Eu que, pelo contrário, tenho acertado em quase tudo que prevejo, antecipo sem medo de errar: o Brasil NÃO será suspenso. O Mercosul também vai deixar a Dilma falando sozinha. 

10 comentários:

Anônimo disse...

nÃO SE TRATA DE PT OU NÃO PT..O QUE ESTÁ EM JOGO É A DEMOCRACIA, OU TEMOS QUE DESENHAR!!!!!!!!!

celsolungaretti disse...

Pelo contrário, anônimo, SÓ se trata de PT ou não PT. A democracia imperfeita do Brasil continuará exatamente a mesma se a Dilma for afastada mediante um processo que até agora tem seguido todo o passo-a-passo previsto na Constituição Federal, sob rigorosa supervisão do Supremo Tribunal Federal.

Pare de acreditar na propaganda enganosa da rede chapa branca. É gente que exagera e distorce porque perderá muito, materialmente, com o fim desse governo.

Mas, entre eles e os milhões de desempregados, temos é de defender os coitadezas, que estão sendo levados à penúria e ao desespero. Caso contrário, canso de alertar, este país explodirá. E não vai demorar muito.

Aí sim a democracia ficaria sob risco... de um GOLPE DE VERDADE!

SF disse...

Também acredito que o Mercosul não acatará as queixas da provável ex.
E tenho observado que vc é como se fosse um técnico desportivo que, lendo com acuidade o jogo, prevê os movimentos dos jogadores.
O quanto vale a experiência de uma vida dedicada ao bom combate!

A moda agora é falar mal da mulher, porém a favor da atual vidraça digo que ela baixou os juros a níveis nunca vistos (chegou a 8%aa).
Ela tentou mudar este país e foi derrotada!
Contrariou muitos interesses assim. E sim! Foi chamada de louca também naquela ocasião.
Tudo porque ela é como é. E aquilo que foi qualidade num momento, mostra-se um defeito agora.

Por ser voluntariosa e teimosa, não demonstra habilidade necessária no trato com questões políticas.

Acredito que, se tudo acontecer como previsto, pularemos do fogo para uma frigideira cheia de óleo rançoso e quente.

A única coisa boa será o salto.

Sinto-me feliz quando o adepto do partido único aprende que tem que respeitar as outras idéias e visões.
E conviver democraticamente com elas.
Deixa-se o poder e vai-se para a o oposição.
Que bom que se pode fazer oposição sem ir para o Gulag!

Eles deveriam ver o positivo do atual momento político.
Pois ninguém está dizendo para deixar a cena política.
O que está sendo dito é "pare, reflita, espere um pouco, ouça mais, faça amizade, torne-se mais sábio e depois volte".

De certa forma é infantil o apego aos cargos, mas quem obedece cegamente diretrizes partidárias o que é senão uma criança grande? Que desistiu de pensar por si mesma. De decidir o que é melhor para sí, mesmo contrariando o que se acham seus donos.

Ah! Como é assustadora a liberdade!
Principalmente a que vem da aparente derrota.

P.S. Lembrei aquelas senhoras que dizem "dinheiro é para gastar" ou "eu não consigo ficar parada". Dois comportamentos bem comuns e que atingem em grau superlativo a atual mandatária.

Marcílio disse...

Desculpe-me a crueza, CL, mas há rumores de que você ganharia uma sinecura num governo Marina Silva...verdade ou folclore?

Heloisa Helena disse...

"um processo que até agora tem seguido todo o passo-a-passo previsto na Constituição Federal, sob rigorosa supervisão do Supremo Tribunal Federal"- piada do dia, pelamor! Claro que vc não vai publicar, Celso. V. é um rancoroso incurável.

celsolungaretti disse...

Marcílio,

eu cheguei a procurar partido na década passada, mas depois desisti. Concluí que a política oficial não era a minha praia.

Quando o PSOL me procurou em 2012, propondo que eu me candidatasse a vereador de São Paulo, resolvi fazer uma última tentativa. Sabia que, mais do que qualquer outro candidato do partido, eu tinha condições de devassar as mazelas da administração municipal e fazer denúncias que repercutissem em escala mais ampla. Não me interessava o jogo podre da política, mas sim escancarar para a cidadania as maracutaias do município.

No entanto, o partido não cumpriu as promessas que me fez. Minha candidatura só seria viável se o PSOL me ajudasse a conquistar a cadeira em função do uso que a ela eu daria. Antigamente, era assim que o partidão agia: decidia quem tinha o perfil ideal para seus propósitos e indicava o nome à militância. Eram o Comitê Central, os comitês estaduais e os municipais que decidiam quem seria candidato a presidente, governador e senador, bem como quem se elegeria deputado e vereador. A democracia que contava era a partidária, não a burguesa.

Sair garimpando voto por aí nunca foi a minha vocação, embora, noblesse oblige, eu até tenha tentado. Fechadas as urnas, decidi nunca mais repetir a aventura nem me envolver de novo com a política oficial. É definitivo.

De resto, nunca tive contato nenhum com a Marina Silva e seu pessoal, jamais fui procurado por ninguém e detestei a experiência que tive com o Partido Verde há uns 10 anos. Sou militante revolucionário, não ecológico.

Via apenas na Marina a melhor opção que a esquerda tinha em 2014, pois estava careca de saber que o PT se vergaria à imposição do grande capital (que exigia o ajuste fiscal) e que se destruiria nesse processo, acarretando um dano terrível à esquerda como um todo.

Como você pode perceber, eu estava certo em gênero, número e grau.

celsolungaretti disse...

Quanto a quem se assina "Heloísa Helena", lamento que seja mais uma iludida pela propaganda enganosa da rede chapa branca.

Esse papo furado de "golpe" só serve para esconder o acachapante fracasso do PT. O partido sabe que a presidência da República já perdeu, mas quer evitar que depois haja um processo de crítica e autocrítica até as últimas consequências, caso contrário os dirigentes partidários responsáveis pela derrocada terão suas posições ameaçadas.

Recomendo-lhe uma boa leitura da Constituição Federal. É lá que você deveria encontrar algum motivo para alegar "golpe". Não há.

Marcos Lourenço disse...

Celso, como você já afirmou inúmeras vezes o país estaria melhor, menos dividido se Marina fosse a eleita, em 2014, para presidente.

O PT começou a dar tiros nos próprios pés com a repulsiva campanha contra a antiga companheira.

O PT estaria preservado [e continuando a enganar como falso partido de esquerda] com Marina no poder e com grandes chances de voltar em 2018.

Suas análises de que a Câmara de deputados federais aprovaria o início do processo de impeachment no dia 17.04 revelaram-se acertadas, o que mais acresce à sua credibilidade de crítico e analista político independente.

Entretanto, é deplorável ler um esquerdista histórico escrever que a votação foi democrática, que seguiu tudo conforme a constituição. Essas suas afirmações foram feitas dias antes da votação e continua depois.

Foram deploráveis estas suas afirmações. Não só suas. Ferreira Gulart faz as mesmas afirmações de legitimidade na Folha de hoje; de 24.04.

Declarações deploráveis porque, partindo de um esquerdista revolucionário, deram e dão respaldo, legitimidade, àquela votação feita pela bandidagem instalada no Congresso.

Dos 367 votantes pelo sim, seguramente metade são fazendeiros, pecuaristas, outros financiados por construtoras, bancos, frigoríficos e que tinham e têm por trás como objetivo trocar o governo de Dilma por um que arrase com os direitos sociais do trabalhador aumentando a exploração do nosso povo.

Em seus artigos você sempre ressaltou a forma legítima do processo e nunca criticou o seu conteúdo.

E como sabemos a votação ocorreu de uma forma viciada.

Comenta-se a compra do voto dos indecisos e interesses outros para que se instale um governo entreguista de nossas reservas petrolíferas e privatização das empresas públicas que sobraram da era desastrosa de Fernando Henrique como presidente.



celsolungaretti disse...

Marcos,

assim como no impeachment do Collor, houve mutretas e bandidagem dos dois lados; o Lula montou uma banca de compra de votos num hotel, os outros sei lá onde e era óbvio que prevaleceria quem tinha maior poder de fogo.

Eu não disse nada sobre "forma legítima do processo", mas sim que o rito constitucional do impeachment foi cumprido e a alegação de golpe não passa de desculpa de mau perdedor.

Trabalhei 3,5 anos na coordenadoria de imprensa de um governo estadual, sei tudo sobre esse ambiente imundo da política oficial. Se o tempo todo canto a bola corretamente é porque não tenho ilusões nenhuma quanto a toda essa corja, sem exceção. Desprezo todos e faço análises isentas, porque sempre lhes atribuo as motivações mais mesquinhas e amorais.

Os leitores pensam que um jornalista expõe seus desejos e preferências no texto, como a quase totalidade dos blogueiros (os de esquerda incluídos). Eu quero é colocar meus leitores a par do que realmente está acontecendo. Quando antecipo algo, não é torcida, é conclusão que tirei a partir de toda a minha experiência de vida e de imprensa.

Por que esse segundo governo da Dilma jamais daria certo?

1) Porque o PT perdeu a classe média e perdeu os Estados economicamente fortes, a primeira forma opinião e os segundos, os polos pujantes da economia, são os que determinam para onde vai o País, segundo Marx;
2) Porque o poder econômico exigia um ajuste fiscal, o PT jamais teria culhões para desobedecer tal ordem, mas partido de esquerda que tenta implantar política econômica de direita nunca consegue (é uma contradição em termos), detona a economia e destrói a si próprio.

Então, em 2014 eu já sabia que a coisa acabaria mais ou menos deste jeito que estamos vendo. Não só tentei fazer com que a candidatura da Marina não fosse destruída pelo jogo sujo do PT, como sempre favoreci a troca da Dilma pelo Lula como cabeça de chapa, porque antevia as dificuldades que o novo governo enfrentaria e tinha certeza absoluta de que a Dilma não estaria à altura do desafio.

Na reta de chegada, cansei de apontar que a única forma de evitar um governo Temer seria a Dilma renunciar e o PT imediatamente lançar a campanha por uma nova eleição.

Mas o Lula prefere apostar em que o mandato do Temer será caótico e aumentará suas chances de voltar ao poder na eleição de 2018. Aposta arriscada: sendo o Brasil pobre como é, a classe dominante pode facilmente injetar grana suficiente na economia para gerar uma prosperidade temporária; e, se o povo estiver com mais grana no bolso quando for às urnas, reelegerá a direita.

Quanto ao papo furado de golpe, é só uma forma de os dirigentes petistas manterem sua hegemonia no partido e o PT manter sua hegemonia na esquerda. Se a companheirada se compenetrar da verdade --o fiasco se deu em função dos terríveis erros cometidos e da sórdida conciliação com a burguesia--, o processo de crítica e autocrítica vai ferver, com velhos ídolos sendo derrubados, novas forças e novas lideranças surgindo.

É isto, e só isto, que eles tentam evitar. A presidência da República eles sabem muito bem que já jogaram no ralo.

Mas, a farsa pode virar tragédia, se aloprados acreditarem piamente nessa propaganda enganosa e começarem a botar fogo no circo. É o que mais temo. Qualquer confronto pela via da força, neste instante, acabará inevitavelmente em derrota. Então, se as coisas saírem de controle, poderemos, sim, pavimentar o caminho para uma nova ditadura de direita.

A esquerda se avacalhou e esfarelou. Precisamos desesperadamente de tempo para forjar uma nova. Se o processo de impeachment transcorrer tranquilamente, sem confrontos e radicalismos, será lucro. A batalha do presente já perdemos, não podemos comprometer também nossas chances de dar a volta por cima adiante.

Unknown disse...

Como recordar é viver, fui atrás de ouvir o que dizia o Paulo de Tarso Venceslau em 1995 na carta registrada que enviou a Lula, quando de sua expulsão do PT,contando detalhes a respeito do Caso Cepem na prefeitura de São Bernardo do Campo. O modus operandi é basicamente o mesmo. Só aumentou a escala.

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