O baixíssimo nível do debate político nas redes sociais me deixou tão desencantado que, de uns anos para cá, não tenho sentido vontade nenhuma de o acompanhar. As demonstrações gritantes de sectarismo e fanatismo só me fazem duvidar de que o pensamento crítico volte um dia a ser estimulado e cultivado em nossas fileiras como na primavera de 1968 –ou, sequer, relativamente praticado na web, como nos saudosos tempos iniciais do Orkut.
Vejo facebook, twitter, etc., como territórios minados para a reflexão sobre assuntos sérios, além de feiras da vaidade em que internautas ostentam pateticamente status, fotos e feitos, em verdadeiras overdoses de egolatria, como se fossem colunistas sociais de si próprios.
Vai daí que só agora há pouco fiquei sabendo que o jornalista Breno Altman, do site Opera Mundi, fez uma afirmação inqualificável, de extrema truculência, ao sugerir que Luciana Genro deveria ser assassinada como o grande Leon Trotsky, principal responsável pela tomada de poder em 1917 e pela sobrevivência da revolução soviética nos campos de batalha dos anos seguintes.
Aliás, venho percebendo isto claramente, trata-se de algo que muitos escrevinhadores chapa branca, desesperados com a iminente perda de suas boquinhas, gostariam de fazer com os expoentes da esquerda revolucionária, que mantêm posicionamento crítico com relação ao governo neoliberal de Dilma Rousseff.
Não sei se Altman merece ser colocado nessa vala comum. O fato de ter sido levado para depor na nova fase da Operação Lava-Jato indica apenas que sobre ele pesam suspeitas policiais. Deixemos as conclusões para se e quando ele for indiciado e processado. De qualquer forma, o que ele disse sobre Luciana Genro não projeta uma boa imagem. Se queria queimar mais ainda o próprio filme, conseguiu.
Não sei se Altman merece ser colocado nessa vala comum. O fato de ter sido levado para depor na nova fase da Operação Lava-Jato indica apenas que sobre ele pesam suspeitas policiais. Deixemos as conclusões para se e quando ele for indiciado e processado. De qualquer forma, o que ele disse sobre Luciana Genro não projeta uma boa imagem. Se queria queimar mais ainda o próprio filme, conseguiu.
Quanto ao mandante de assassinatos covardes e infames, Stalin não foi apenas o coveiro da revolução soviética. Com seu totalitarismo bestial, serviu como o grande exemplo negativo que a indústria cultural utilizou mundialmente para denegrir o socialismo e afastar os trabalhadores dos ideais revolucionários.
Graças ao carniceiro de Moscou, todas as tomadas de poder subsequentes se deram em países atrasados e periféricos, pois o proletariado das nações centrais –aquelas que, segundo Marx, seriam decisivas para a escalada da humanidade rumo ao socialismo– ficou horrorizado com a coletivização forçada da agricultura (causadora de milhões de óbitos), com as caças às bruxas e extermínio da velha guarda, com as invasões da Hungria e da Checoslováquia, etc.
Minha total e irrestrita solidariedade à guerreira Luciana Genro, uma mulher que não vendeu sua alma nem se lambuzou com o melado do poder.
Meu mais indignado repúdio a Breno Altman e a todos os que incitam a violência contra companheiros de outras tendências do campo socialista, como se tivéssemos voltado aos nefandos tempos do monolitismo e consequente esmagamento das posições divergentes.
5 comentários:
https://www.youtube.com/watch?v=fGE_W9FhzRY
ele é corente...
Celso: Altman fala em nome de um Stálin que ele imagina ter existido. Ele pensa que Stálin é um pelego ladrão de sindicato qualquer. Ele parece ter intimidade com esse tipo de coisa.
O episódio histórico do assassinato de Trotsky foi bem mais complexo. Houve até mesmo um crime passional envolvido.
COMPANHEIRO,
DESCONHEÇO O TAL CRIME PASSIONAL. SEI APENAS QUE O RAMON MERCADER SE TORNOU AMANTE DE UMA MOÇA QUE TINHA LIVRE ACESSO À CASA DO TROTSKY, PARA PODER ENTRAR LÁ E ACERCAR-SE DO SEU ALVO.
MAS, É-ME PROFUNDAMENTE REPULSIVO QUE ALGUÉM SUPOSTAMENTE DE ESQUERDA PAREÇA ALEGRAR-SE COM O ASSASSINATO COVARDE DE UM DOS MAIORES REVOLUCIONÁRIOS DA HISTÓRIA. O QUE PODEMOS ESPERAR DE ALGUÉM ASSIM?
ABS.
Jacson Monard Van der Dreisch (a hipótese de outra identidade, a de Ramon Mercader, só surgiu depois da II Guerra, pelo que consegui pesquisar) era um comerciante belga que envolveu-se com Silvia Ageloff, seguidora de Trotsky.
Jacson sempre sustentou que matou porque Trotsky proibiu-o de casar com Silvia, tendo ele, decepcionado com as propostas de Trotsky para ele. O filme de Losey omite isso, mas deixa bem claro que Monard não comportou-se como agente (ele sempre negou ser agente, mesmo sob tortura) ao aproximar-se primeiro dos coelhos do que de Trotsky, tendo ignorado esse grande revolucionário num primeiro contato, o que, convenhamos, em se tratando de alguém tão vaidoso, é no mínimo uma ação orginal para um agente que queria aproximar-se dele.
Abs do Lúcio Jr.
Nunca existiu Monard nenhum, foi só uma identidade falsa utilizada pelo Ramon Mercader --que, julgado no México, narrou pormenorizadamente como matou Trotsky.
Mas não revelou sua verdadeira identidade, que só ficou conhecida em 1953. Ou seja, evitava reconhecer que fora um assassino expedido por Stalin, mas, com a morte deste, deixou de existir motivo para ele manter a impostura. Talvez tenha alegado crime passional, como você diz, mas seria apenas outro despiste.
Quando o libertaram, depois de ficar 20 anos preso, foi acolhido por Fidel Castro e, no ano seguinte, voltou à pátria, recebendo então a medalha de Herói da União Soviética.
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