segunda-feira, 28 de março de 2016

DILMA, ESTA MÚSICA É SÓ O QUE EU AINDA TENHO PARA LHE OFERECER...

...depois de todas as garrafas que lancei no mar e ninguém fez chegar às suas mãos, ou, simplesmente, você preferiu ignorar: 
  • a advertência de que, para si, seria uma roubada a reeleição; 
  • a sugestão de mudar diametralmente a política econômica, que lhe dei um ano atrás, quando ainda era possível reverter o quadro potencialmente desastroso; 
  • a exortação no sentido de que renunciasse antes de o defenestramento tornar-se inevitável, para preservar sua dignidade; 
  • a dica de tentar obter uma vitória na derrota, dispondo-se a renunciar e pressionando o Temer a fazê-lo também, para forçar a realização de uma nova eleição.
Como eu temia, você nunca me escutou e seguiu errando até o mais amargo fim.

O único grande legado que poderia ter deixado —o lançamento de uma espécie de novas diretas-já, para que o Brasil fosse passado a limpo depois de tanta decepção e tanta lama—, você ficará devendo.

Amanhã (3ª feira, 29), quando o PMDB romper definitivamente com o seu governo, o ato final passará a ser apenas uma questão de tempo.

E eu não tenho sequer mais ideias para lhe oferecer. Estou pesaroso e exausto. 

Só esta música, para ajudá-la a compenetrar-se de sua situação atual e começar a aceitar o que, como diria o nosso Chico Barque, já não tem conserto, nem nunca terá.

4 comentários:

Anônimo disse...

qual sera o misterio,que nao deixa dilma fazer o obvio,para colocar o pais no prumo,sera que as amarras sao mais comprometedoras do que se imagina,vc que tem experiencia no mundo da grande politica,oque atrapalha o bom senso de uma equipe que governa um pais rico e subdesenvolvido

celsolungaretti disse...

Companheiro,

o assunto é longo, desculpe-me por dizer só o fundamental:

1) O PT poderia alinhar-se com os países que contestam a ortodoxia econômica capitalista no mundo inteiro, tentando contestá-la em bloco, ou submeter-se a ela;

2) Foi pelo segundo caminho, mas não conseguiu manter equilibradas as contas públicas, já que optou por garantir a governabilidade fazendo múltiplas e onerosas transferências de recursos (geralmente por meios escusos) aos partidos da chamada "base aliada";

3) Poderia cortar despesas, coibindo a roubalheira, deixando de fatiar o governo para atender a todos os apetites (o que permitiria reduzir o ministério a uma dezena de Pastas) e, enfim, rompendo com a velha política e tentando sustentar-se no poder com o apoio do povo;

4) Também não o fez. Preferiu continuar gastando o que não tinha e tentando alavancar a economia (para aumentar a receita) mediante a adoção econômicas heterodoxas;

5) Foi a que Dilma fez no seu 1º governo, exumando o velho nacional-desenvolvimentismo da década de 1950;

6) Como a cartada retrô previsivelmente fracassou, sua margem de manobra foi estreitando-se cada vez mais e ela, em desespero de causa, deu uma guinada de 180º, adotando o neoliberalismo em 2015;

7) Isto fracassou porque seria veneno eleitoral para o PT, o qual incumbiu-se de viabilizar a gestão de Joaquim Levy. Mas, o tempo foi correndo e a paralisia governamental criando um cenário econômico tão crítico que o grande capital acaba de decidir que jogará todo seu peso no sentido da destituição de Dilma (é o que a debandada do PMDB sinaliza).

Em suma, Lula governou num período muito favorável às commodities brasileiras e sobraram-lhe recursos para dar a parte do leão para o grande capital e algumas migalhas a mais para o povão. A festa acabou em 2010 e conciliação de classes se tornou impossível. Não dava mais para atender uma sem tirar da outra. Foi este o impasse que acabou explodindo na cara da Dilma e condenando-a à perda do mandato.

celsolungaretti disse...

Õps, errata: na primeira linha do item 7, o certo é: ...o qual incumbiu-se de INVIABILIZAR a gestão de Joaquim Levy.

Anônimo disse...

devido a todo mar de lama que parece nao haver nenhum inocente,oque ira acontecer com o lado esquerdo da politica nesses anos a seguir,sera que havera alguma maneira de se falar em avanços de programas sociais que nao soem de uma maneira escusa e populista

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