quinta-feira, 31 de março de 2016

CHATO MESMO É TER O MESMO FIM DO COLLOR...

Para quem usa os olhos, os ouvidos e o espírito crítico para captar e interpretar a realidade, ao invés de antolhos ideológicos e fanatismo, são extremamente descabidas e oportunistas as comparações que a presidente Dilma Rousseff faz de sua agonia com as João Goulart e também Getúlio Vargas). Ontem (30/03) mesmo (vide aqui) o observei:
"Quando um governo que está caindo de podre faz batota com a História para tentar igualar um golpe de estado clássico a uma destituição de presidente pelas vias constitucionais –o paralelo pertinente com o quadro atual é, isto sim, o defenestramento de Fernando Collor em 1992–, justifica-se plenamente a recapitulação do que realmente foi a usurpação do poder levada a cabo no dia da mentira de 1964...", etc.
Então, nada existe a estranhar que o competente jornalista Rogério Gentile tenha batido hoje (31/03) na mesmíssima tecla. Pois se trata, como diria Nelson Rodrigues, do óbvio ululante. Leiam e avaliem.

DILMA É PAR DE COLLOR
Por Rogério Gentile
Sob o risco de deixar Brasília pela porta dos fundos da história, Dilma se comparou a Jango ao dizer que é vítima de um golpe e pedir a reedição de uma nova campanha da legalidade. Mesmo sem desmerecer o sagrado direito de espernear da presidente, não há como não discordar da analogia. Collor é o seu verdadeiro par.

Assim como o predecessor, Dilma comanda uma gestão desmoralizada pela corrupção. O eleito em 1989 teve no irmão (Pedro Collor) o algoz que o delatou. A atual presidente foi alvejada pelo líder do seu governo. Se tudo o que Delcídio afirmou é verdade, a petista sabia que havia um esquema de superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena.

Dilma, da mesma forma que Collor, também perdeu o controle da base parlamentar na esteira da derrocada de sua popularidade. Cerca de um mês antes de sair do cargo, 68% dos brasileiros avaliavam Collor como "ruim ou péssimo" e 75% pediam impeachment. Dilma é "ruim ou péssima" para 69% e 68% defendem o impedimento. Vale notar que, naquela época, assim como agora, parcela importante da sociedade se dizia contra a medida: 18% declaravam não concordar e advogados conceituados diziam que não havia crime de responsabilidade. Hoje, 27% rejeitam o impeachment.

O então presidente, assim como Dilma, afirmava que o processo era um golpe que "feria regras básicas da democracia". Collor usava a expressão "sindicato do golpe" e comparava os adversários a "porcos". Dilma não chegou a tanto, ao menos em público, mas chama o movimento atual de "conjuração que ameaça a estabilidade democrática".

No caso Collor, a própria "cadeia da legalidade" foi invocada. Aliado do governo, Brizola disse que estavam tentando "garrotear" as instituições. Lula, na oposição, respondeu: "Quero é colocar a ilegalidade na cadeia". Os atores mudaram, alguns trocaram de papel. Mas a história é essencialmente a mesma. 

2 comentários:

Valmir disse...

par de Collor????? Collor e sua turma eram aprendizes de trombadinha perto desses aí..que tem uma estrutura partidária/delinquente que abrange todo o país em todas as esferas do poder publico..por isso não estou tão seguro que vão cair tão fácil assim.
Collor e seus poucos eram batedores de carteira dos arredores da rodoviária perto dessa turma do Al Capone...

celsolungaretti disse...

Valmir,

naquele tempo eu trabalhava na Coordenadoria de Imprensa do Palácio dos Bandeirantes. O jornalista mais velho da nossa equipe, Antonio Azem, comentou que o Collor só estava caindo por ter utilizado um tesoureiro que servia para Alagoas mas não os grandes centros de poder:

"Nem doido o Mané Português [que administrava o caixa 2 do governador paulista, Orestes Quércia] passaria recibo de pagamento por baixo do pano, fazendo-o com cheque. Sempre foi tudo em dinheiro vivo. O P. C. Farias era juvenil..."

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