quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

'PEGA, MATA E COME!'

Lembrança inesquecível dos meus verdes anos é ter visto Maria Bethânia cantando "Carcará", com toda a contundência que a canção pedia. Aquele gritado "pega, mata e come!" impactava no âmago da nossa alma.

Era uma celebração da capacidade de resistência dos nordestinos, que aos trancos e barrancos iam sobrevivendo à miséria, à seca, à fome e à retirada forçada de sua terra natal para buscar esperança alhures.

Daí a citação que ela declamava no final da música:
"Em 1950 mais de dois milhões de nordestinos viviam fora dos seus estados natais. 10% da população do Ceará emigrou. 13% do Piauí! 15% da Bahia!! 17% de Alagoas!!!"
Hoje são outros os retirantes: os que deixam países periféricos, devastados pela penúria e pelas guerras, indo bater na porta de prósperas nações europeias, que cada vez mais as fecham na cara desses coitados.

Eis dados chocantes alinhavados pela Folha de S. Paulo:
  • o fluxo de refugiados e imigrantes na Europa é o maior desde a 2ª Guerra Mundial;
  • 1.005.504 pessoas chegaram ilegalmente à Europa entre 1º de janeiro e 21 de dezembro de 2015;
  • o crescimento em relação ao mesmo período de 2014 foi de 365%;
  • 3.692 pessoas morreram ou desapareceram no caminho até o continente europeu. 
Pega, mata e come! 

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