O mandato da presidenta Dilma Rousseff está por um fio porque ela conduziu o País à pior crise econômica desde a hiperinflação do Sarney, está tentando sair do sufoco mediante um receituário ortodoxo que prometera não adotar e, depois de trair a palavra empenhada e as pregações contra o neoliberalismo que o PT martelava há décadas, nem sequer vem obtendo sucesso. Até porque escolheu para executar o arrocho fiscal um economista insignificante e incompetente, o Chicago (office) boy Joaquim Levy.
Pelo contrário, vocifera que não largará o osso de jeito nenhum. Eu não vou cair! Não vou! Não vou!
O estilo diz tudo: Getúlio Vargas lançou um desafio altaneiro ("Só morto sairei do Catete"), Dilma mais parece criança manhosa.
O estilo diz tudo: Getúlio Vargas lançou um desafio altaneiro ("Só morto sairei do Catete"), Dilma mais parece criança manhosa.
E, sem ideia nenhuma de como sair do labirinto em que se meteu e voltar a ter o respaldo das ruas, seu pensamento fixo é evitar que o processo do impedimento seja instaurado contra si.
Já desistiu de desatar o nó, só não o quer em volta do seu pescoço. Sabe que, fragilizada e pessimamente avaliada como está, uma vez colocado nos trilhos o trem do impeachment, poucos parlamentares se disporão a frustrar o eleitorado, arriscando o próprio futuro político.
Já desistiu de desatar o nó, só não o quer em volta do seu pescoço. Sabe que, fragilizada e pessimamente avaliada como está, uma vez colocado nos trilhos o trem do impeachment, poucos parlamentares se disporão a frustrar o eleitorado, arriscando o próprio futuro político.
A obstinação cega de Dilma em permanecer no cargo a qualquer preço e dos oposicionistas em derrubá-la a qualquer preço vem produzindo um cenário político próximo da insanidade. A república está se esfarelando.
E, depois de comermos o pão que o diabo amassou para darmos um fim ao arbítrio, o aprendizado democrático que oferecemos às novas gerações é desalentador, bem do tipo cria cuervos. Nada de alvissareiro prenuncia.
E, depois de comermos o pão que o diabo amassou para darmos um fim ao arbítrio, o aprendizado democrático que oferecemos às novas gerações é desalentador, bem do tipo cria cuervos. Nada de alvissareiro prenuncia.
A arena em que os gladiadores se digladiam é a da investigação das roubalheiras. As duas facções exercem terríveis pressões de bastidores, uma para destruir Eduardo Cunha e Renan Calheiros, a outra para derrubar Dilma e Lula. É a política degradada a uma guerra de tortas de lama.
Como consequência, estamos diante da crise institucional mais grave desde que os caras-pintadas foram à rua para nos livrarem de Fernando Collor e da corrupção, mas só lograram o primeiro objetivo... e, ainda assim, momentaneamente.
Como consequência, estamos diante da crise institucional mais grave desde que os caras-pintadas foram à rua para nos livrarem de Fernando Collor e da corrupção, mas só lograram o primeiro objetivo... e, ainda assim, momentaneamente.
Enquanto os poderosos brigam, os coitadezas que se danem! Se a recessão atual evoluir para depressão, azar! O que importa é o poder, só o poder, nada mais que o poder.
É a versão brasileira da marcha da insensatez. E até agora não se vislumbra sequer uma réstia de luz no fim do túnel.
Entre a desmobilização das férias escolares de julho e a dos festejos natalinos, teremos quatro meses que se anteveem quentes e decisivos. O impasse atual precisa chegar a algum desfecho, para o Brasil não estagnar de vez, nem entrar numa espiral de turbulência. E, se continuar inexistindo um mínimo de grandeza política por parte das facções em conflito, tal desfecho não unirá o País.
O ideal seria não haver vencedores e derrotados, facilitando a reconstrução e não deixando engatilhadas novas disputas autofágicas. Mas, para isto precisaríamos de atores políticos de primeira grandeza. Não os temos, infelizmente.
2 comentários:
Serenamente, o jornalista Hélio Fernandes em artigo desta semana diz que desde 2011 e 2012 Lula foi o primeiro a perceber que errara totalmente ao indicar Dilma. No entanto, não deu força ao movimento "Volta Lula" para as eleições de 2014.
O certo é que os blogs chapa branca e milhares de petistas encastelados em sinecuras passaram quatro anos enaltecendo a gerentona de plantão e Lula não quis assumir sua irresponsabilidade, seu caudilhismo, sua vontade imperial de impor Dilma, causa primeira de desastre econômico que se aproximava. E também o risco de poder perder. Isto pesou.
Dilma era, foi, está sendo um "fracasso irrecuperável que jogou o país numa encruzilhada de desespero".
Pessoas competentes para concorrer a presidência o PT tinha, tirando os que já estavam atrás das grades [João Paulo, Genoino e Dirceu]e o descarte de Pallocci que dispensa comentários.
Mas a arrogância, o mandonismo adquirido como presidente de sindicato, muito bem dissimulado, aliado ao seu egocentrismo e o fato de poder manobrar a indicada tornou Dilma presidente. Lula, com aprovação que saiu do governo, elegeria qualquer um a seu sucessor.
É mesmo uma encruzilhada de desespero e agonia. Não acredito que os que propugnam o impeachment [Aécio, FHC, Aloisio, Mendes, Cunha, Renan et caterva] o queiram de fato, pois a crise advinda os engoliria também.
Com o agravamento da crise econômica, desemprego, fome, talvez o povo vá para a rua e a derrube e entremos numa crise política para valer onde aparecerão as novas lideranças de esquerda,autênticas, que já estão gestadas há muito.
Vitorio,
não vou julgar a Dilma que eu conheci no congresso de abril/1969 da VAR-Palmares porque os ânimos estavam à flor da pele e pertencíamos a facções antagônicas. Então, pode haver um tanto de subjetividade na imagem negativa que me ficou dela.
Mas, a Dilma que virou chefona da Casa Civil e, graças ao beijo do Lula, transformou-se de rã em presidenta, já não passava de uma tecnoburocrata, sem quase nada da ideologia de outrora.
Alguém descrente das massas e que apostava todas as suas fichas no Estado (esse Leviatã!) e em si mesma gerindo o Estado.
Lula lhe deu a chance de testar suas concepções estatizantes e sua competência como gestora. As primeiras se mostraram ultrapassadas e ela própria, uma autoritária tacanha e incompetente.
Cansei de alertar que um segundo mandato dela seria catastrófico. Está sendo pior ainda do que eu imaginava.
Se tivesse um mínimo de grandeza pessoal, renunciaria, exortando o Temer a também renunciar a fim de desimpedir o caminho para uma nova eleição. Ou seja, o colocaria numa sinuca de bico, deixando-o praticamente sem condições para governar.
Mas, claro, isto se poderia esperar de outro tipo de pessoa, não da Dilma.
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