O velho revolucionário que vos escreve considera extremamente grosseiro o tratamento dado por Reinaldo Azevedo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao referir-se a ele, em seu artigo semanal para a Folha de S. Paulo, como "velho reacionário". A inversão de valores me fez lembrar os golpistas de 1964 tentando colar naquela quartelada infame o rótulo de "revolução"...
Ao mesmo tempo em que rasgava seda para FHC, afirmando que ele "fala a um país nascente", "com discrição e sem pretensões de exercer alguma forma de liderança", a versão genérica do corvo Carlos Lacerda pintou Lula como um "chefão petista [que] vaga por aí como alma penada, sem se dar conta de que a sua militância já é coisa do passado"
Quem acompanha meu trabalho sabe muito bem que não me alinho automaticamente com as posições do Lula. Mas, quando RA o ataca por conclamar as bases do PT e a CUT a reagirem ao festival de neoliberalismo que assola o Palácio do Planalto, a coerência me coloca (como sempre, aliás) em posição diametralmente oposta à dele: para mim, ao rechaçar firmemente a capitulação total do Partido dos Trabalhadores à ortodoxia econômica do patronato, Lula vive o seu melhor momento desde que deixou o poder.
E, ao tentar salvar da mais completa descaracterização a agremiação que ele (e não a ex-pedetista Dilma Rousseff) criou, Lula está também evitando que o cidadão comum passe a encarar a esquerda como farinha do mesmo saco do amoralismo, oportunismo e fisiologismo que sempre caracterizaram a política brasileira.
RA está hor-ro-ri-za-do com o ressurgimento do Lula combativo de outrora:
"Agora ele anuncia uma cruzada para mobilizar as esquerdas e os movimentos sociais em defesa do PT. A agitação sindical que promove, e não alguma suposta conspiração de Eduardo Cunha, derrotou o governo na votação sobre o fator previdenciário".
Mas, o PT tem mesmo de ser defendido do desespero da presidenta Dilma, que tenta escapar do impeachment tornando-o desnecessário, ao fazer tudo que a direita faria se chegasse ao poder, e ainda mais.
A derrota do governo na votação sobre o fator previdenciário foi, isto sim, uma luz no fim do túnel, abrindo a perspectiva de que as medidas anti-sociais do pacote recessivo não sejam, no frigir dos ovos, aprovadas.
Pois, se aprovadas, farão a atual recessão evoluir para depressão, infligindo sofrimentos inimagináveis aos explorados. Não estamos na Europa, aqui os coitadezas morrem de fome!
E poderão deflagrar uma tempestade que leve de roldão nosso precário e imperfeito estado de Direito --que está longe de ser o ideal, mas será sempre preferível ao arbítrio e à tirania.
4 comentários:
Vários jornalistas independentes e imparciais comentam que Lula, devido o "radicalismo" de Fachin, não o indicou para ministro do Supremo e agora "aconselhou" Dilma a não indicá-lo.
Em outros momentos indicou Ayres Brito, Joaquim Barbosa e outros como Pelluzzo [o nosso Torquemada], Jobim e outros "iluminados pelo saber jurídico".
Nos oito anos de governo Lula o Supremo teve a pior composição de sua história.
Podia ter sido o contrário não fosse a tão cantada "genialidade" e pragmatismo de Lula.
Foi um dos seus grandes erros ao lado da desmobilização do povo por meio da burocratização das Centrais mais combativas.
O futuro não é nada promissor para o PT. O racha entro do partido é em quase todas a frentes.
A mais recente é o "enquadramento"n[pela cupula do partido] de três deputados estaduais em São Paulo por criticarem, não pactuarem, com o "trem da alegria" na Assembleia Legislativa.
São 14 deputados do PT na Assembleia e, na centena de cargos, a serem criados, sem concurso, os 11 restantes pegarão alguma carne de pescoço desse enorme filé. Um vergonha.
Depois que o Lula, Zé Dirceu, João Paulo e outros afundaram o PT no mensalão e, como numa sinfonia macabra, existia um terceiro movimento de corrupção em andamento,
que foi o caso Petrobras , a defesa PT tornou-se indefensável por seus militantes que passam por ridículos frente ao ataque da burguesia.
Pode ser que Lula capitaneando a resistência à terceirização, o maior ataque do capital nos últimos 50 anos, consiga barrá-la.
Pessoas autênticas como Celso Lungaretti, o professor Chico de Oliveira e muitos outros conclamam à união para defender os trabalhadores nesse momento tão crítico quanto aos seus direitos.
E, lamentavelmente, no momento,somente Lula poderá movimentar as massas de trabalhadores na defesa desse interesse específico [terceirização], depois dele ter dizimado, colocado no ostracismo, podado politicamente as lideranças nascentes do seu partido.
Desejo que até 2018 que no meio dos trabalhadores, com a crise que aumentará de força, apareça, nome, frentes que enterre de vez essa empulhação do PT como referência dos trabalhadores.
Vitório,
hoje a Dilma me parece ter sido escolhida pelo Lula na base do "Vocês me acham ruim? Esperem para ver quem me substituirá!"...
Defeitos o Lula sempre teve. Revolucionário, verdadeiramente, nunca foi. Apenas procura conciliar os interesses do capital e trabalho, de forma que os burgueses fiquem satisfeitos por continuarem obtendo o que sempre obtiveram e os explorados se alegrarem por receberem mais do que antes recebiam.
A Dilma inovou: face ao estouro das contas públicas, decidiu-se por um ajuste fiscal que massacra os trabalhadores e poupa os exploradores. Essa não ficou equilibrou a balança, jogou todo o peso do governo a favor de um lado só.
Levy é o mico que ela está pagando para não sofrer impeachment. Eu considero que, para a esquerda presente e futura (a desmoralização que a opção pelo neoliberalismo acarreta nos deixará sem credibilidade por muitos e muitos anos), melhor seria o impeachment do que o pacote do Levy.
Quanto ao Fachin, não vejo motivo para tanta tempestade em copo d'água. O STF nunca terá outro ministro tão fanático (no caso, por carolice medieval) como o Cezar Peluso, tão tendencioso como o Gilmar Mendes e tão incompetente como o Dias Toffoli.
Se esses três envergaram a toga, tudo é permitido...
em 64 NINGUÉM chamou de revolução, o idiota!!!!! CHAMARAM DE CONTRA-REVOLUÇÃO, que é justamente o contrário. Como vc é burro
Se você não viveu aquela fase, deveria se restringir a dar palpites sobre aquilo que conhece direito. Os milicos usaram, sim, o rótulo de "Revolução de 1964", tentando vender gato por lebre. Evidentemente, não colou.
Por que vc não pesquisou um pouco antes de colocar seu comentário? Eis um link que esclarece bem a questão: http://educacao.uol.com.br/noticias/2014/03/27/1964-golpe-ou-revolucao.htm
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