Um patético zé mané armou seu picadeiro num hotel de Brasília. Tomou refém ameaçando-o com uma arma de brinquedo, fingiu portar explosivos, fez exigências estapafúrdias (a extradição de Cesare Battisti e o efetivo cumprimento da Lei da Ficha Limpa), acabando por entregar-se à polícia como um cordeirinho.
Conseguiu muito mais do que os 15 minutos de fama prometidos por Andy Warhol: 420 minutos. E agora mofará por um bom tempo no presídio ou no hospício, que é para deixar de ser besta.
O episódio me trouxe à lembrança um parágrafo antológico de Paulo Francis sobre o assassinato de John Lennon por parte de um energúmeno desses. Vale a pena reproduzi-lo aqui, pois disse tudo que havia para se dizer sobre os medíocres dispostos a tudo para sentirem-se momentaneamente menos insignificantes:
"A polícia chamada ao local apreendeu facilmente Chapman, (...) sorrindo, certo (e está certíssimo) que do anonimato se tornará, como Lennon, uma celebridade. Esse o motivo aparente do crime. O canibalismo de celebridades que é rotina neste país (e no Brasil e todo o mundo ocidental), graças a um sistema de comunicações que evita assuntos sérios, mas que fornece um 'circo' permanente, obsessivo, avassalador, sobre a vida dos bem-sucedidos e ricos, excitando sentimentos contraditórios, da adoração bocó dos fãs, à frustração homicida que às vezes se manifesta à la Chapman".
De quantas outras "Imagine" Chapman nos privou?
3 comentários:
Putzigrila, Putzigrila, três vezes Putzigrila!
Mudando de assunto, mas não muito, devo admitir que dediquei alguns longos minutos do meu tempo, uns vinte, a me inteirar daquela onda de fato engraçadíssima envolvendo o Bigodão Pintado, Levy Fidélix.
E o pessoal, por exemplo do movimento LGBT, incrivelmente ingênuo, ou burro mesmo, recusando-se terminantemente a entender que essa gritaria toda é exatamente o que um tipinho como o Fidélix quer: a verdade é que alguém como ele passa a vida buscando esse tipo de situação. É um tipo tão baixo, mas tão abaixo até mesmo do horizonte medíocre com que habitualmente nos deparamos, que se beneficia com qualquer márquetchim, desde que a sua cara de rato preá continue aparecendo aqui e ali. O que vier, é lucro.
Jornalista de oitava categoria (lembro-me das matérias dele, realmente péssimas, sobre informática); comunicador pobre de repertório, sem nenhum brilho intelectual e sem posição política mínima, lançou-se ao negócio tão lucrativo do partido político fisiológico, e se deu bem. Ao ponto de, em pleno 2014, sair o mais falado candidato à Presidência após um debate de televisão, explorando bastante bem o "estado de espírito das massas" para usar a expressão de Lênin, se é que o nosso povo ainda tem algum estado de espírito. E mais, este caso nos ensina que a paciência costuma ser mesmo recompensada. Não é toda hora que aparece uma Luciana Genro, saindo de uma lâmpada mágica, oferecendo a um Levy Fidélix os três desejos, ou apenas um, que valha por três.
E desse modo prossegue a festa em que vivemos. Com direito a palhaçada para todos os gostos e farta distribuição de tuitaços, abaixo-assinados, protestos por escrito e muita indignação por parte das "vítimas" do discurso tão ridículo proferido por Fidélix.
Podem impugnar-lhe a candidatura? Pois para ele é lucro, o bem-sucedido negócio consiste apenas em manter o partidinho de aluguel funcionando, e só, mas só mesmo, é simples assim. Postura mais inteligente seria ignorar esse sujeito com toda a solenidade, de modo equivalente a sua verdadeira insignificância, mas que graça isso teria? O barato é espernear, gritar, babar, abaixo-assinar, ainda que isto não signifique necessariamente alguma vontade de ir à luta.
Pelo menos, o nosso Carlos o Chacal aí do hotel de luxo foi mais autêntico, já que estamos nos referindo a mais esta semana de baboseiras do meu Brasil Brasileiro. Não fosse o caso tão lamentável do trabalhador que ficou sob a mira do revóver de brinquedo durante um dia inteiro, esse cara, o terrorista de novela das seis, estaria me matando de rir até agora, tou falando sério.
Eduardo,
uma das únicas bolas dentro do Collor foi sua atitude quando recebeu a incumbência de formular uma questão ao Enéas Carneiro num debate eleitoral. Ele olhou a patética figura, pensou um pouquinho e não achou nada para perguntar para o canastrão barbudo. Então, dirigiu-se ao mediador: "Diga pra ele falar qualquer coisa".
O Enéas fez um discurso contra o Collor. Na hora da réplica, ele fez um gesto de pouco caso e concluiu: "Diga pra ele continuar falando!".
Ou seja, os Enéas e Fidélix só merecem isto: não serem levados a sério.
Podes crer, eu me lembro dessa do Collor com o Enéas. Ele matou a pau, bicho esperto é outra coisa.
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