segunda-feira, 16 de junho de 2014

SOBRE VAIAS, PALAVRÕES, CALCULISMOS E VACILOS

Vaias ela mereceria por mostrar-se ao mundo ao lado de um apologista da repressão ditatorial...
Vaiar os governantes é direito inalienável dos governados, mas nenhum(a) presidente(a) merece ouvir os palavrões que os torcedores dispararam contra Dilma Rousseff na abertura do Mundial. 

Só que os árbitros das partidas (*) também não, sendo, contudo, alvos frequentes da grosseria dos fanáticos, sem que isto cause tamanha comoção e desperte tanta solidariedade. 

Para não falarmos dos projéteis que às vezes lhes são atirados e do coro de "Vai morrer!" que, quando entoado por milhares de vozes, torna-se um bocado assustador.
...como já fizera na Copa das Confederações.

E, como ex-preso político, certifico e dou fé de que todos nós, homens e mulheres, escutávamos expressões ainda mais cabeludas nos porões da ditadura militar. No caso das companheiras, muitas vezes acompanhadas de ações (em português claro: estupros).

Então, francamente, vejo como exagerados os desagravos à Dilma que, tenho certeza, não ficou nem de longe traumatizada com o episódio. A vida a preparou para suportar isso e muito mais. 

Parece-me, isto sim, uma mera contraofensiva propagandística, usando o limão para fazer limonada, como bem disse a colunista Eliane Cantanhêde. Sugestão de marqueteiro, imediatamente acolhida e implementada pelas redes petistas.

Assim como deve ter sido por sugestão de marqueteiro que Dilma decidiu não discursar no Itaquerão.

Uma postura perfeitamente compreensível no caso de políticos profissionais, que detestariam ver a rejeição à sua arenga inundando o noticiário das tevês.

Mas, uma atitude inimaginável para revolucionários ou para quem já o foi. Plateias hostis jamais nos calaram. Jamais!

Tão difícil de engolirmos quanto a efusividade com o filhote da ditadura que exigiu uma devassa na TV Cultura (ponto de partida do assassinato de Vladimir Herzog) e endereçava os mais rasgados elogios ao delegado Sérgio Fleury (o tocaieiro de Carlos Marighella).

* e também jogadores adversários, como o goleiro sãopaulino Rogério Ceni, a quem torcedores corinthianos dirigiram no último clássico a mesmíssima ofensa urrada contra Dilma na semana passada.

7 comentários:

J.Eduardo R. de C disse...

O senhor, que é supostamente de esquerda, deve então estar muito feliz servindo vergonhosamente à extrema-direita. Se gente da sua laia não percebe isso, não fique surpreso se o pior acontecer. Fica o aviso!

celsolungaretti disse...

O que não sou e nunca fui é tolo que se deixa manipular. O PT deveria ganhar eleições em função de seus ideais e de suas posturas, não com chantagens emocionais pueris. Isto é coisa para fã de telenovela.

E, até como contemporâneo do Vladimir Herzog na ECA/USP, fico profundamente enojado ao ver a Dilma confraternizando com o Marin. Nenhum(a) presidente(a) precisa pagar tamanho mico. Tem o vice, tem o ministro dos Esportes, tem um bocado de aspones para desempenhar um papel desses.

antonio disse...

Puxa vida, não sobra ninguém da tua metralhadora giratória. Ah, não, sobre você, do alto do Olimpo, cheio de lugar comum e organizando o mundo à sua semelhança. Desce do muro, Lunga.

celsolungaretti disse...

Um homem que pensa pela própria cabeça, ao invés de seguir o rebanho, incomoda tanto assim?

Sou de uma esquerda (a de 1968) que estimulava o pensamento crítico e admitia a prática da divergência por parte dos que pertenciam a seu campo. Estes eram encarados como aliados a serem tratados respeitosamente.

Inimigos irreconciliáveis, a serem combatidos sem trégua, eram só os latifundiários, os capitalistas e a ditadura.

Gente como você quer uma regressão ao pensamento único stalinista. Não dá mais pé. O mundo mudou.

E a intolerância é a pior opção quando os revolucionários já somos tão poucos. Precisamos é ampliar nossas fileiras, praticando a tolerância, não tentar impor a todos os outros as próprias prioridades.

A dos petistas é a eleição. A minha é a revolução. Convergimos em alguns aspectos, divergimos em outros. Temos o direito de manter e defender nossas posições, sem pressões, intimidações e terrorismo.

antonio disse...

Você pensa com a própria cabeça, os outros seguem o rebanho...
Você é a esquerda de verdade, os outros...
"Gente como você quer uma regressão stalinista" , puxa, essa foi forte...nem me conhece...
Petista só quer eleição...já você...

E você se acha tolerante?

celsolungaretti disse...

Antônio, admito ter cometido o erro de me permitir um desabafo. Tais considerações não se dirigiam especificamente contra você, mas sim contra a intolerância que campeia nas redes sociais e é mesmo uma regressão ao pesadelo stalinista.

Aceite minhas desculpas.

antonio disse...

Desculpas aceitas. Demonstra grandeza. Antonio.

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