segunda-feira, 12 de maio de 2014

PERMITA-ME DISCORDAR, EX-PRESIDENTE LULA...

...desta sua afirmação de hoje (2ª feira, 12) à imprensa baiana:
"Eu, sinceramente, não acho que a Copa do Mundo tem (sic) influência para qualquer que seja o candidato, perca o Brasil ou ganhe o Brasil. Não é possível imaginar que o povo não tenha nenhuma inteligência e vá decidir o resultado em cima de um jogo de futebol. Eu acho que a Dilma vai ganhar as eleições porque é a candidata mais preparada, com as melhores propostas para o segundo mandato, e todo mundo sabe que ela tem uma experiência extraordinária em governar o Brasil".
Nem mesmo os críticos mais extremados do Mundial das maracutaias creem que o fracasso brasileiro vá definir, por si só, a eleição presidencial de 2014. Mas sim que a tendência é de um triunfo gerar uma onda de otimismo capaz de fazer o povo relevar  o mau momento da economia, a corrupção, os apagões, a violência,  etc., favorecendo o situacionismo. Lembrem-se dos píncaros de popularidade atingidos pelo carniceiro Médici graças à conjugação da conquista da Copa de 1970 com a bolha de recuperação econômica.

E que um vexame futebolístico em nossa casa, somado a todas as mazelas da vida nacional,  nos mergulhará em aguda depressão, bafejando candidatos oposicionistas, tanto em nível federal quanto estadual. 

É simples assim.

Quanto a uma eventual superioridade administrativa de Dilma em relação aos outros candidatos, acreditará o povo nela com os adversários explorando dia e noite o Petrobrasgate no horário eleitoral? Duvido.

E as tais propostas para o segundo mandato talvez seduzissem o eleitorado se este já não estivesse careca de saber que as promessas feitas pelos políticos para se elegerem não devem ser levadas a sério. Só para os totalmente simplórios ainda não caiu a ficha de que é quase tudo conversa pra boi dormir.

Então, Lula e petistas, eu vou cantar a bola: se Felipão conduzir o Titanic brasileiro ao naufrágio (lembrem-se, nenhum técnico conseguiu até hoje conquistar duas vezes o Mundial da Fifa, como sabem muito bem o Zagallo e o Parreira), ponham as barbas de molho. 

Não será com uma campanha light que Dilma ganhará eleição nenhuma. Mas sim fazendo o eleitorado se compenetrar de que Aécio Neves e Eduardo Campos trarão consigo uma terrível recessão, pois estão sinalizando claramente aos grandes empresários que vão curvar-se às suas exigências neste sentido.

Mas, apresentar-se como a alternativa ao ajuste recessivo significaria o PT guinar à esquerda, depois de três mandatos presidenciais de apaziguamento e múltiplas concessões aos interesses do  grande capital. Ousará?

Por último, com o forte empenho da burguesia em impor-nos mais uma recessão, estará o PT realmente acreditando numa vitória eleitoral e, mais do que isto, a desejando? Ou, seguindo a lógica do sistema que abdicou de revolucionar, seu estado-maior já considera inevitável tal iniquidade capitalista, e prefere que outros arquem com o ônus de imporem rigores, disseminando a penúria nos próximos anos?

A insistência na candidatura menos promissora para vencer a eleição mais difícil deste século me deixa com a pulga atrás da orelha. Parece-me que, se fosse mesmo para obter a vitória, o partido tiraria o craque do time do banco de reservas. 

Estará o Lula sendo poupado para um great come back em 2018, trazendo a promessa de bonança depois dos anos de vacas magras sob Aécio ou Campos? Cuidado! As lições da História são ricas em exemplos de cálculos maquiavélicos que a realidade levou de roldão, reduzindo-os a tiros pela culatra.

Considerando que, ao contrário do que acontece na Europa, por aqui recessões matam muita gente e impõem sacrifícios dantescos aos coitadezas, eu exorto os petistas a lutarem com unhas e dentes contra tal pesadelo, priorizando a vitória em 2014 e fazendo o necessário para a obter, mesmo que sejam obrigados a marcharem na contramão do poder econômico, o que não precisaram (nem quiseram) fazer em 2002, 2006 e 2010. 

Um comentário:

David Emanuel disse...

Acredito que, caso vencedor, o PT também imporá a recessão. O governo Dilma já vem sinalizando com isso, só não escancarou as coisas porque é ano eleitoral. Além disso, será preciso impor medidas para combater uma crise que cresce a cada dia. Certamente, não tomarão medidas à esquerda, então, restará o velho receituário.

Related Posts with Thumbnails