A legítima defesa a que ele se refere é a de um brutamontes que, supostamente ameaçado com canivete por um manifestante (o jovem Fabrício Chaves alega só tê-lo sacado depois de receber os disparos), efetivamente mandou bala no dito cujo, colocando-o em coma e causando-lhe a perda de um testículo. Até os colegas de farda consideraram um exagero... evitando, por coleguismo, utilizar a palavra covardia.
Eu, que não tenho papas na língua, afirmo com todas as letras: quem usa pistola .40 contra canivete, ou tem instinto assassino, ou é um grandessíssimo covarde. Para os que não estão familiarizados com o assunto, esclareço tratar-se de uma arma tão potente que seu impacto necessariamente provoca a queda da pessoa atingida, colocando-a à mercê do atirador.
Já canivete não passa de um brinquedinho para ginasiano exibir à namorada e se pavonear. Aos 13 anos eu já tinha um, com considerável atraso em relação aos meninos da favela do bairro, que ganhavam o primeiro lá pelos 8 anos.
Mesmo sendo sexagenário eu me defenderia facilmente de um atacante com canivete; a pontapés, já que minhas pernas teriam alcance muito maior que o braço do inimigo, impedindo sua aproximação. Afora o fato de que havia outros PMs por perto, para intervirem se necessário.
Fez-me lembrar a charge antológica de Ziraldo, no auge da guerra do Vietnã: vários super-heróis estadunidenses a fugirem em carreira desabalada, pânico estampado em seus rostos, de um minúsculo vietcong com sandálias e chapéu em forma de cone.
Olhando as fotos do RA, qualquer um percebe que ele não sabe nadinha da realidade das ruas. É um rato de biblioteca do pior tipo, pois só se alimenta de livros reaças.
E está sempre caindo no ridículo ao se manifestar sobre o que se passa fora de sua redoma -como quando, orgulhosamente, anunciou ter denunciado à Polícia o IP dos computadores de internautas que lhe estariam mandando mensagens ameaçadoras.
Ele ignora, ou finge ignorar, que todos os articulistas polêmicos as recebemos aos montes, sem jamais levarmos a sério esses trotes, cujos autores geralmente não passam de adolescentes metidos a bestas.
Ele ignora, ou finge ignorar, que todos os articulistas polêmicos as recebemos aos montes, sem jamais levarmos a sério esses trotes, cujos autores geralmente não passam de adolescentes metidos a bestas.
Também intrigou com as otoridade uma leitora que lhe enviou e-mail queixando-se de sua perseguição ao José Genoíno e conjeturando que o RA poderia sofrer retaliação "de alguém mais exaltado" caso o petista morresse na prisão. Isto nem ameaça é, salvo para quem passa a vida transtornado pela paúra.
Dá a impressão de que semana sim, outra também, ele vai depositar tais ninharias na mesa do delegado. Será como uma espécie de contrapartida ao seus protetores que ele os defende incondicionalmente, mesmo nos episódios em que sua atuação é indefensável?
Chega ao ponto de desqualificar todos os que criticam a truculência dos agentes do Estado, rotulando-os de integrantes de uma hipotética Frente Única de Difamação da Polícia.
Deveria intitulá-la, isto sim, de Frente Ampla, pois a péssima imagem das Polícias Militares não é apenas consensual entre os brasileiros civilizados; ela corre mundo, a ponto de até o Alto Comissariado de Direitos Humanos das Nações Unidas haver recomendado sua extinção.
Dentre outros motivos por serem useiras e vezeiras em maquilarem "execuções extrajudiciais", fazendo com que as mortes pareçam ter resultado de resistência à prisão.
Dentre outros motivos por serem useiras e vezeiras em maquilarem "execuções extrajudiciais", fazendo com que as mortes pareçam ter resultado de resistência à prisão.
10 comentários:
Perfeita a sua explanação.
O que Lacerda tinha de especial afinal?
Como jornalista de direita, seus textos têm pontos de contato com os do Reinaldo Azevedo, embora fossem muito superiores.
Mas, não se limitava a travar suas batalhas no teclado, o que é bem mais fácil.
Ia à luta, expunha-se, corria riscos. Foi baleado por um imbecil chamado Gregório Fortunato, que pensava estar fazendo um favor ao Getúlio Vargas, mas acabou, isto sim, causando sua morte.
E, cercado no Palácio Guanabara quando o golpe de 1964 foi desencadeado, o Lacerda não se acovardou. Ficou desafiando o almirante Aragão a ir enfrentá-lo a bala.
Do nosso lado, quem tinha tal destemor era o Leonel Brizola. Sua enorme coragem foi fundamental para abortar a primeira tentativa de golpe, em 1961.
Enfim, por mais desprezível que fosse em termos políticos e ideológicos, pelo menos o Lacerda tinha fibra. Não se esconderia embaixo da cama ao receber uma ameaça de morte por e-mail...
Ô, grande Brizola.
E grande Darcy Ribeiro também.
Um canivete é diferente de um estilete...e enfrentar um homem com arma branca sem poder atirar é muito perigoso, há um vídeo no youtube onde 10 policias são gravemente feridos por um homem armado de faca que só parou baleado!
só opinião...concordo com manifestação, mas policia mandou parar procura um lugar publico e pára!
Claro que canivete é diferente de estilete: o estilete chega a ser uma arma, canivete está longe disto. Serve para tirar a sujeira das unhas...
Na próxima acho que o policial deveria perguntar: O que é esse negócio pontudo em sua mão meu filho? E caso ele fosse ferido ganharia uma medalha por bravura, assim como o jovem inocente ganharia muita moral com seus amigos por ter ferido o cafajeste do PM, né? É assim que deve funcionar??? Só o PM está errado?
Quando dois bicudos pré-históricos brigam (Lungaretti e RA), é só isso que sai, exageros de todos os lados, a PM errou e muito mais errou o jovem, que abusou da sorte ao atacar alguém armado, portanto um objeto perfurante. O PM errou em serviço e o jovem na vida. É muito difícil pra vcs dois entenderem isso???
Olá Lungaretti. Eu também tenho mais de 60 anos, sou fortinho e bem preparado, mas mesmo assim não me aventuraria gratuitamente contra um rapaz empunhando um canivete. Alias, eu gostaria de ver o tal canivete, para saber se era tão inofensivo e fácil de defender como você está dizendo. Armas brancas, quando atingem a sua pele, podem ser mortais a curto e a longo prazo (contado em minutos), e se quem usa for rápido, a possibilidade de dano é real. Um corte certo na veia ou artéria certa e babau. Ademais, quem se dispõe a enfrentar um policial e brandir uma arma branca, contra ele, está disposto a ferir, e presumo eu arcar com as consequências. Caso contrário é um imbecil; hipótese muito provável; que não exime o policial de uma reação. O policial tem a arma para ser usada em casos que a situação assim requeira, e o fato de portar uma calibre 40, é para que 1- sirva de dissuasão real, e 2 em caso de necessidade, sirva para parar definitivamente o agressor. Todos têm o direito de se defender, e o policial mais ainda. Ele está lá para garantir a ordem, mesmo que tenha de usar a força para deter os agressores. A outra hipótese é ficar parado, e quem sabe receber um rojão na cabeça, atirado por um pobre adolescente que só quer defender seus pontos de vista políticos de uma forma democrática. Não é mesmo? Quanto à comparação entre o Lacerda e o Reinaldo Azevedo, eu francamente penso que você está misturando alhos com bugalhos. Lacerda era um político, com pretensões ao poder, que na época em que estava inserido, tinha mesmo que exercer um tipo de coragem que difere da coragem que podemos atribuir ao Reinaldo Azevedo. Ele tinha que estar no centro do furacão. Este, é um comentarista do seu tempo, ferrenho combatente contra as esquerdas assassinas e todo tipo de totalitarismo inclusive da revolução militar, cujas armas que domina são sua capacidade de escrever textos lúcidos, lógicos e contundentes baseados em fatos históricos. Não me parece que ele tenha que provar alguma coisa indo para as ruas brigar com esbirros das esquerdas para ser colocado na categoria dos homens valentes. Se você na sua época defendendo as esquerdas foi para as ruas e sofreu as consequências de seus atos, foi uma escolha sua que qualquer um pode execrar ou considerar como adequadas. Não faz de você ou do Lacerda mais ou menos corajosos. Apenas estavam usando as armas que consideravam mais adequadas às suas possibilidades. Quanto ao talento, Lacerda, Stanislaw, Paulo Francis, Mainardi, Reinaldo Azevedo e tantos outros estão acima da média, e não seria justo colocarmos suas posições ideológicas numa escala de competência como escribas. Todos deram e/ou dão seu recado com competência. Saudações.
Danir,
tive certeza de que era um brinquedinho pelo que os próprios colegas do PM deram a entender nas entrelinhas. Não iriam qualificá-lo explicitamente de covarde, mas foi o que sugeriram.
Faz todo sentido e bate com a minha experiência de vida. Cresci próximo de favela.
O Reinaldo Azevedo inspira-se, sim, no jornalista Lacerda, mas faz péssima figura na comparação com o homem Lacerda. É claro que, se ele discordar, pode responder ao que escrevi. Duvido que o faça, pois certamente tomou conhecimento da minha polêmica com o Olavo de Carvalho.
"Esquerdas assassinas"? Isto é o que dá levar o Reinaldo Azevedo a sério. Cá no Brasil, as esquerdas matam no varejo e a direita por atacado. Sempre foi assim.
Pô, que salada indigesta você fez! Paulo Francis e Sérgio Porto eram grandes intelectuais, o Lacerda tinha grandes momentos, o Mainardi sempre me pareceu um sujeito um pouco mais culto do que a média dos que exploram o filão do anticomunismo e o Reinaldo Azevedo, pelo contrário, é o anticomunista profissional por excelência.
É tedioso viver numa época sem intelectuais de direita da envergadura do Roberto Campos. Você deveria ler seus livros e seus textos jornalísticos. Aí perceberia bem a diferença em relação a pobres coitados como o Reinaldo Azevedo.
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