domingo, 18 de agosto de 2013

UM VÍDEO RARO DE LEONARD COHEN: "THE STRANGER SONG"

The stranger song foi um caso de amor à primeira audição: adorei quando a fiquei conhecendo, logo nos créditos iniciais da obra-prima de Robert Altman, McCabe & Mrs. Miller (1971). 

Trata-se de um western outonal, sobre jogador que decide trocar a vida errante pela posição de dono de bordel  numa rústica comunidade mineira. Por aqui recebeu títulos asnáticos tanto no cinema (Onde os homens são homens) quanto em vídeo e DVD (Jogos e trapaças). 

O Youtube agora me revelou que Cohen já a apresentara no Festival da Ilha de Wight de 1970 (os dois vídeos citados estão abaixo).

Curioso, garimpei a origem da canção e descobri que ela consta do álbum de 1967 do Cohen! 

Trata-se, portanto, de um caso raro de música que  casou  melhor com o filme do que se tivesse sido composta especialmente para ele.

Recomendo com entusiasmo.

A CANÇÃO DO ESTRANHO

É verdade que todos os homens que você conheceu eram jogadores
que diziam ter largado o jogo
cada vez que você lhes dava abrigo.
Eu conheço este tipo de homem,
é difícil segurar a mão de qualquer um
que a esteja erguendo ao céu para se render,
que a esteja erguendo ao céu para se render.

E então, varrendo os coringas que ele deixara para trás,
você descobre que ele não te deixou muito, nem mesmo uma risada.
Como todo jogador, ele estava esperando a carta
tão rara e oportuna
que ele jamais precisaria jogar outra partida.
Ele era apenas outro José procurando uma manjedoura,
Ele era apenas outro José procurando uma manjedoura.


E então, apoiando-se no peitoril da sua janela,
um dia ele dirá que sentiu-se tentado
a ficar com seu amor, calor e abrigo.
Mas, em seguida, tirando de sua carteira
um velho folheto de horários de trens, ele dirá:
quando cheguei, eu lhe avisei que era um errante,
quando cheguei, eu lhe avisei que era um errante.

Agora outro errante parece
querer que você ignore os seu fracassos,
como se fossem o fardo de algum outro.
Oh, você já viu este tipo de homem antes,
com braço hábil distribuindo as cartas,
mas que agora está enferrujado do cotovelo ao dedo.
E ele quer trocar o jogo que pratica por abrigo.
Sim, ele quer trocar o jogo que conhece por abrigo.

Ah, você odeia ver outro homem cansado
abaixar sua mão,
como se estivesse desistindo do sagrado jogo de pôquer.
E enquanto ele conta seus sonhos na hora de dormir,
você nota que há uma estrada
enrolando-se feito fumaça sobre o ombro dele,
enrolando-se feito fumaça sobre o ombro dele.

Você diz a ele para entrar e se sentar,
mas alguma coisa te faz virar,
a porta está aberta, você não consegue fechar seu abrigo.
Você tenta a maçaneta da rua,
ela se abre, não tenha medo.
É você, meu amor, você que é a estranha.
É você, meu amor, você que é a estranha.



Bem, eu estive esperando, eu tinha certeza
de que nos encontraríamos entre os trens que aguardávamos.
Acho que é hora de subir a bordo de outro,
por favor, entenda, eu nunca tive um mapa secreto
para chegar ao âmago deste
ou de qualquer outro assunto.
Quando ele conversa deste jeito,
você não sabe o que ele pretende.
Quando ele fala deste jeito,
você não sabe o que ele pretende.

Vamos nos encontrar amanhã, se preferir,
pela praia, embaixo da ponte
que estão construindo sobre algum rio infinito.
Então, ele salta da plataforma
para o vagão-leito que está quente.
Você percebe, ele só está atrás de outro abrigo.
E você percebe que ele nunca lhe foi estranho.
E você diz OK, na ponte ou em algum lugar mais tarde.

E então varrendo os coringas que ele deixara para trás...

E apoiando-se no peitoril da sua janela...

Quando cheguei, eu lhe avisei que era um errante.

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