quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O QUE ESTÁ POR TRÁS DA PRISÃO ABERRANTE DO PROFESSOR BASCO?

Desde a última 6ª feira (18), encontra-se detido no Brasil o antigo militante do separatismo basco Joseba Gotzon, que desistiu da luta, veio para cá e passou os últimos 16 anos levando vidinha pacata e distanciada da política, como professor de espanhol no Rio de Janeiro.

Conforme esclareceu (vide aqui) o também professor Carlos Lungarzo, que há mais de três décadas atua como defensor dos direitos humanos, há DÚVIDAS quanto à participação de Gotzon num atentado sem vítimas fatais:
"A Espanha diz que ele é suspeito de ter participado de um ataque a bomba em 1991, no qual foi ferido um policial. Mas, o próprio estado espanhol não diz que isso esteja confirmado".
De resto, ainda que fosse provada sua participação, não há mais hipótese de ele ser punido: O CASO PRESCREVERÁ NA SEMANA QUE VEM! Foi o que autoridades espanholas admitiram ao jornalista Mauro Santayana (vide aqui), antigo correspondente da Folha de S. Paulo em Madri, que continua tendo ótimas fontes naquele país.

Lungarzo: contra Gotzon
existem apenas suspeitas
Então, os paralelos com o Caso Battisti existem, mas também há diferenças importantes:
  • o governo espanhol não parece nem de longe estar tão interessado na extradição de Gotzon como o de Silvio Berlusconi estava; e
  • tratando-se de crime menos grave do que o falsamente atribuído a Battisti (ferimento e não morte), sem uma sentença condenatória dos tribunais espanhóis e que estará prescrito em questão de dias, a possibilidade de o Conselho Nacional para os Refugiados recomendar a extradição, o ministro da Justiça ou o STF autorizá-la e a presidente Dilma Rousseff aprová-la é NENHUMA.
As grandes questões são: por que a Polícia Nacional da Espanha veio atrás do inofensivo e já esquecido Gotzon no Brasil e por que a Polícia Federal brasileira acumpliciou-se com tal iniciativa FLAGRANTEMENTE ARBITRÁRIA E INÚTIL.

A hipótese mais plausível é que policiais discordantes da política de pacificação que está possibilitando a reintegração dos antigos etarras (os militantes da  Euskadi Ta Askatasuna, ou seja, Pátria Basca e Liberdade) à vida política espanhola, estejam fazendo uma PROVOCAÇÃO, para reabrir velhas feridas e atrapalhar a distensão implementada pelo governo, criando-lhe um constrangimento.

Vale lembrarmos, p. ex., que os militares franceses chegaram a formar uma organização terrorista (a OAS) e a atentar muitas vezes contra a vida do então presidente Charles De Gaulle, por estarem inconformados com o fato de ele haver ordenado a saída das tropas e colonos da Argélia.
Santayana: agentes da PF
merecem ser punidos
E, por aqui, a decisão do ditador Ernesto Geisel de desativar o DOI-Codi foi respondida com atentados a várias entidades da sociedade civil, incêndio de bancas de jornais e até a prisão de Vladimir Herzog (os agentes da repressão acreditavam que, sendo o  Vlado  um professor muito querido na USP, o movimento estudantil sairia às ruas, dando-lhes um argumento para defenderem a manutenção do braço hediondo do regime).

Mais difícil de entendermos é a colaboração  risonha e franca  da PF --salvo se pensarmos numa afinidade de policiais recalcitrantes de dois continentes, incapazes de aceitar as decisões tomadas pelos governos democráticos a que deveriam estar fielmente servindo.

Está certíssimo, portanto, o Santayana:
"Se não há acordo formal, negociado pelos respectivos ministérios de Relações Exteriores, os policiais brasileiros envolvidos podem sofrer sanções disciplinares. Nesse caso, a Polícia Federal não deve prestar serviço a autoridades estrangeiras, nem a Policia Nacional da Espanha atuar no Brasil".
Neste momento, mais preocupante do que o caso em si (tende a desabar como castelo de cartas quando o Conare dele se ocupar) é a possível existência de um foco extremista dentro da PF --a qual, no mínimo, deve aos brasileiros uma explicação sobre os motivos de ter agido como agiu.

E nunca é demais lembrarmos que Gotzon JAMAIS DEVERIA ESTAR PRESO. Privam-no abusivamente da liberdade, repetindo o que os então ministros do STF Cezar Peluso e Gilmar Mendes fizeram com Cesare Battisti, ao mantê-lo encarcerado por mais cinco meses depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia dado o xeque-mate na questão.

NÃO PODEMOS PERMITIR QUE TAIS RETALIAÇÕES ILEGAIS E  VENDETTAS  MAQUILADAS VIREM MODA NO BRASIL!!!

Daí a necessidade de os defensores dos direitos humanos se manifestarem pela libertação imediata de Joseba Gotzon, firmando a petição on line que pode ser acessada aqui e formando correntes de solidariedade.

7 comentários:

Anônimo disse...

É a banda tucana da PF agindo de novo! O objetivo é constranger mais uma vez o governo federal como ocorreu na invasão do escritório da presidência da República. Sei disso através de amigos dentro da própria PF. Daí porque não posso me identificar...

Anônimo disse...

Só sei que qdo Batisti teve seu caso julgado o STF ainda tinha um pouco de isenção. Agora, depois de ter sido transformado em Tribunal de Exceção Midiático, é outro STF, farão o que bem entenderem, como disse o imperador Barbosa, "acima do STF não há nada", claro, não sendo de direita o réu...quem viver verá


spin

celsolungaretti disse...

Companheiro,

o Joaquim Barbosa votou sempre em nosso favor durante o Caso Battisti. Duas vezes voto vencido (4x5) e na terceira, vencedor (5x4).

O problema é que o caso do mensalão não foi visto por alguns ministros como um embate direita x esquerda, mas sim como uma batalha da luta contra a corrupção.

Então, tenho a certeza absoluta de que, numa eventual decisão sobre o Gotzon, o Marco Aurélio Mello, o Joaquim Barbosa e a Carmen Lúcia serão contra a extradição.

E o fanático medievalista Cezar Peluso já não está mais lá, o que ajuda muito. Este sempre foi o pior de todos, pois acredita mesmo no ideário da direita, ao contrário, p. ex., do Gilmar Mendes, que o encampa apenas porque é a postura mais favorável aos seus interesses.

Anônimo disse...

Repito, o certo é que o Barbosa "pós-mensalão" é outro, não sendo o réu de direita vale condenar com base no dominio de fato(sem provas)

spin

celsolungaretti disse...

Nas próximas decisões do Joaquim Barbosa é que saberemos se ele é outro ou continua o mesmo.

O certo é que o julgamento do mensalão não permite conclusões desse tipo, nem em relação ao Barbosa, nem ao Marco Aurélio Mello, nem à Carmen Lúcia. É perfeitamente plausível que os três se enxergassem como cruzados da luta contra a corrupção.

Da mesma forma, o Lewandowski não é nem jamais será de esquerda. Não tenho a mínima idéia do porquê da linha que ele adotou neste único caso, mas, assistindo às quatro sessões de julgamento do Caso Battisti de cabo a rabo, posso afirmar com certeza absoluta que ele está à direita, bem à direita, dos três acima citados.

As coisas em Brasília são muito mais complexas do que as visões panfletárias e simplórias que alguns companheiros deram.

Há muitos fatores que os desavisados não levam em conta, desde favores recebidos dos poderosos (com a obrigação de darem contrapartida) até o profundo ódio entre alguns ministros, que gostariam mesmo é de apunhalarem-se uns aos outros.

Anônimo disse...

Sou a favor de julgamentos justos, justiça boa é justiça justa, o que não foi o caso do julgamento do "mensalão" e seus ineditismos toscos visando simplesmente ferrar desafetos políticos, o próximo é LUla, o Gurgel só tá fazendo uns gatos para remeter o processo para o STF para que o Batbosa puxe a guilhotina

spin

celsolungaretti disse...

Deixe as teorias de conspiração e as panfletarices pra lá ou você nunca entenderá o que está realmente se passando.

O Gurgel já deixou bem claro que, se houver investigação sobre o Lula, caberá aos promotores de 1ª instância.

Trocando em miúdos: o Lula morrerá de velho antes de alguma condenação transitar em julgado.

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