Os
que acompanham minha trajetória, provavelmente estranharão: por que
entrar na política oficial aos 61 anos, depois de uma jornada tão
atribulada? Não deveria estar curtindo esta fase tranquila da vida
familiar, dedicando-me às filhas e netos?
Parafraseando Brecht: eu não consigo agir assim.
Os
objetivos que, aos 16 anos, me motivaram a contestar uma ditadura
sanguinária ainda não foram atingidos. Nem considero este Brasil com
democracia tão imperfeita e desigualdade tão gritante, suficiente para
justificar a perda de 20 companheiros estimados e os terríveis
sofrimentos impostos a tantos outros.
Como
sobrevivente de uma luta que tragou alguns dos melhores cidadãos que
este país já produziu, assumi o compromisso de dedicar o resto dos
meus anos aos ideais pelos quais eles se sacrificaram.
Foi assim que em 1986, mesmo sem as facilidades da internet, consegui, com um golpe de sorte, evitar que a greve de fome dos quatro de Salvador terminasse em tragédia.
E o advento da web facilitou em muito as cruzadas em defesa dos direitos humanos, como a vitória épica que ajudei a conquistarmos no Caso Battisti, contra a perseguição inquisitorial e as pressões arrogantes de um país do 1º mundo, apoiado pelo que havia de pior na Justiça, na imprensa e na política brasileiras.
E o advento da web facilitou em muito as cruzadas em defesa dos direitos humanos, como a vitória épica que ajudei a conquistarmos no Caso Battisti, contra a perseguição inquisitorial e as pressões arrogantes de um país do 1º mundo, apoiado pelo que havia de pior na Justiça, na imprensa e na política brasileiras.
Mas,
a influência das redes sociais não é ilimitada e, em várias outras
lutas, tenho me chocado com o boicote da grande imprensa que, além de me
negar o direito de exercer a minha profissão de jornalista, esconde-me como personagem histórico e participante de embates políticos marcantes. Nem o direito de resposta ou de apresentar o outro lado
ela me concede, mesmo quando são incontestáveis à luz das boas
práticas jornalísticas e não há ninguém para os exercer além de mim.
Não
nego: é terrível a sensação de impotência que sinto por não estarmos
conseguindo obter a responsabilização dos culpados pela barbárie no
Pinheirinho nem o levantamento imediato da ocupação militar da USP,
dentre outros episódios inadmissíveis numa verdadeira democracia.
Os
balões de ensaio para testar a resistência dos brasileiros a uma
recaída totalitária não estão tendo resposta à altura; daí minha
ansiedade em buscar maior amplitude de atuação. E, como este novo
macartismo vigente no Brasil tenta me transformar num fantasma virtual,
quero mais é mostrar ao sistema que estou bem vivo, firme e forte.
Se
não me mataram nos porões nem conseguiram me destruir com a
estigmatização por eles ensejada, tampouco me farão recuar com ameaças,
pressões nem manipulações midiáticas.
Foi
um motivo a mais para eu ter aceitado de pronto o convite do
professor Carlos Giannazi, no sentido de somar forças com ele na
campanha municipal de 2012.
Ou
outros são a concordância básica que temos na maioria dos assuntos e o
fato de vê-lo como o único candidato da esquerda anticapitalista com
reais chances de derrotar a direita e os reformistas na cidade mais
importante do País.
Tenho
razões para crer que o PSOL não só tende a adquirir a influência que o
PT adquiriu, como pode obtê-la sem abandonar suas principais bandeiras
pelo caminho.
Até
porque o mundo começa a ser varrido por uma nova onda revolucionária,
potencializada pela depressão que o capitalismo está engendrando; e,
neste novo cenário, o PSOL tem-se alinhado decididamente com a
contestação nas ruas (o que é um antídoto ao deslumbramento com os
gabinetes do poder...).
Não
há nenhum fatalismo histórico a tanger os partidos de esquerda ao
comprometimento com o status quo como condição indispensável para
crescerem; a decisão que o PT tomou há uma década, de negociar com
banqueiros e grandes capitalistas a permissão para chegar ao poder e as concessões que teria de fazer em troca, não foi imposta pelos deuses, foi decidida por homens.
Agora,
é imperativo provarmos ao cidadão comum que a esquerda pode decidir
noutro sentido, mantendo a fidelidade a seus grandes ideais em
quaisquer circunstâncias; até porque disto depende o ressurgimento da
esperança na política. A minha parte eu farei.
Também
quero ajudar a manter vivos alguns valores dos revolucionários da
década de 1960, como o de que os vários agrupamentos da esquerda
anticapitalista devem ver a si próprios como integrantes de um campo, parceiros e aliados no bom combate, e não como adversários na disputa por migalhas de poder numa sociedade desumana.
O
de que mandatos legislativos e posições no Executivo só se justificam
no nosso caso quando colocados a serviço dos explorados e
injustiçados, e se nos permitirem acumular forças para a mudança maior
da sociedade. São meios, nunca fins em si. Nosso objetivo não é
ganharmos a eleição seguinte, é prepararmos o terreno para o reino da liberdade, para além da necessidade (Marx).
O de que honestidade pessoal e coerência para nós não são méritos, apenas obrigação.
E
o de que temos de honrar os mandatos, pois nossos ideais serão
julgados pelo desempenho visível. Vereador ou presidente da República,
cabe-nos dar o exemplo de como age um militante de esquerda, tanto em
termos de probidade, quanto de competência e coragem.
A
partir daqui os meus textos referentes à campanha separam-se das
comunicações costumeiras, a menos que os donos de cada espaço os
autorizarem. Peço a todos que passem a acompanhá-los no blogue Diário de Campanha do Lungaretti, cujo endereço é este aqui: http://quero50005.blogspot.com.br/
E
que, concordando com minhas propostas e conteúdos, ajudem-me a
torná-los conhecidas no Facebook, no Orkut e no twitter, bem como
seguindo e divulgando o novo blogue –no qual tentarei oferecer um
enfoque bem diferente de uma campanha eleitoral, mais reflexivo,
jornalístico e literário–, até porque é isto que os leitores habituais
esperam de mim. Sempre considerarei mais importante propagar os nossos
ideais do que convencer alguém a votar em mim. Manterei esta linha.
De
resto, inexperiente, sem mobilização na base e sem recursos, só terei
sucesso se os internautas alavancarem a minha campanha, que vai ser
bem do tipo tostão contra milhão. [Se receber doações,
produzirei folhetos caseiros e vou distribui-los pessoalmente; quem
quiser me dar uma força, por favor, escreva p/ lungaretti@gmail.com.]
E
peço antecipadamente desculpas pelos textos mais ligeiros que
produzirei, até o 7 de outubro, para os outros espaços e tribunas. De
qualquer forma, o compromisso há muito assumido de colocar todo dia algo
novo no blogue Náufrago da Utopia será respeitado.
A sorte está lançada.
8 comentários:
Boa sorte Celso Lungaretti.
A luta continua! Celso Lungaretti Vereador!
Lungaretti Vereador!!! Blogueira e ABC! apoiam e trabalham pelo Blogueiro Revolucionário! Felicidades e Grande Abraço!
Celso, a tempos, quando vc escrevia que não acreditava nas instituições (palavras minhas, certo?), alguns aqui - eu idem - diziamos isso: candidate-se! Eu acredito, sem saber da realidade, que o Lula fez uma coisa parecida: não dá para brigar com nossas armas, nossas verdades, por isso teremos que jogar no campo deles. Agora sim você terá voz e cara, mais pessoas te conhecerão, aqui na minha cidade votarei no PSOL, na figura do prf. Josemar (prefeito), mas apenas por falta de opção real (se vc conhecer o restante!!).
Celso, quem é aquele militar que aparece na foto de seu julgamento?
Ninguém em especial. Para julgar-nos nas auditorias militares escolhiam oficiais sem participação nas atividades repressivas.
E, como eu sou visto depondo, também não se trata de julgamento, mas da instrução do processo. No julgamento nós não éramos ouvidos.
Eu não tinha a mais remota lembrança desta ocasião, até que desencavaram o lote num jornal, incluindo aquela famosa da Dilma. Fomos ambos réus do processo contra a VAR-Palmares no RJ e, creio, depusemos no mesmo dia.
Parabéns, Celsão! não sei se você viu pelo Facebook, que desde a primeira vez que mencionou se candidatar eu venho divulgando sua luta, e a do ex-professor de meu curso de História da UNISA (infelizmente, não tive aulas com ele, mas alguns dos meus atuais professores são ex-alunos dele) Carlos Giannazi!
TRABALHADORES DA PERIFERIA PAULISTANA, UNÍ-VOS!
Fico contente, Willian. Se muitos companheiros derem uma força, eu posso chegar lá.
Seria uma experiência interessante travar lutas como vereador e blogueiro ao mesmo tempo, com um pé no sistema e outro nas redes sociais.
Se já incomodo um pouco os poderosos, creio que assim incomodaria muito mais.
Devemos sempre tentar de tudo.
Um forte abraço!
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